sábado, 12 de novembro de 2022

Impactos na saúde

Relatório The Lancet avisa que mudanças climáticas amplificam impactos na saúde de várias crises. A ficha informativa sobre  impactos específicos na Índia usando dados do relatório, indica que mudanças climáticas afetam quase todos os pilares da segurança alimentar. Antes da COP27,  um novo relatório fala que a dependência contínua de combustíveis fósseis agrava os impactos na saúde das múltiplas crises que o mundo enfrenta,  incluindo consequências da pandemia, guerra na Ucrânia, crise do custo de vida e mudanças climáticas. A diretora executiva da Lancet Countdown University College London explica que “o relatório revela que estamos em momento crítico. Vemos como as mudanças climáticas causam graves impactos à saúde no mundo,  enquanto a persistente dependência de combustíveis fósseis agrava esses danos à saúde em meio a crises globais, mantendo famílias vulneráveis ​​a mercados voláteis de combustíveis fósseis, expostos à pobreza energética e níveis perigosos de poluição do ar” Alerta que “novas descobertas apresentadas no 7º relatório global anual Lancet Countdown on Health and Climate Change, revelam que governos e empresas continuam seguir estratégias que ameaçam cada vez mais a saúde e a sobrevivência das pessoas, hoje e gerações futuras”. O relatório representa o trabalho de 99 especialistas de 51 instituições, incluindo OMS e OMM, Organização Meteorológica Mundial.

A ficha informativa sobre impactos específicos na Índia relata que a duração da estação de crescimento do milho diminuiu 2% comparada com a linha de base 1981-2010, enquanto arroz e trigo de inverno diminuíram 1%. De 2012 a 2021, crianças menores de um ano experimentaram média de 72 dias a mais de ondas de calor/ano,  comparada com 1985-2005 e, no mesmo período, adultos com mais de 65 anos tiveram 301 dias a mais. significando, em média, de 2012 a 2021, cada bebê experimentou 0,9 dias adicionais de ondas de calor/ano, enquanto os adultos com mais de 65 anos sofreram 3,7 dias adicionais/pessoa, comparado com 1986-2021. De 2000-2004 a 2017-2021, as mortes relacionadas ao calor na Índia aumentaram 55% e, em 2021, os indianos perderam 167,2 bilhões de horas de trabalho potenciais devido à exposição ao calor com perdas de renda equivalentes a 5,4% do PIB nacional e, considerando de 1951-1960 a 2012-2021, o número de meses aptos à transmissão da dengue pelo Aedes aegypti aumentou 1,69%, chegando a 5,6 meses/ano.  Equipe internacional de especialistas avaliando estratégia energética da humanidade, explica que à medida que os sistemas de saúde lidam com as consequências da pandemia, a grande maioria dos países  aloca bilhões de dólares em subsídios a combustíveis fósseis, muitas vezes  somas comparáveis ​​ou maiores que seus orçamentos de saúde. O Lancet sobre Saúde e Mudanças Climáticas descobriu que o calor extremo pelo aquecimento global causado pelas emissões de combustíveis fósseis, deixa quase 100 milhões de pessoas adicionais em grave insegurança alimentar, comparado ao período de 2010-1981. Mudanças climáticas estão afetando a propagação e período de tempo à transmissão da malária aumentando um terço, 32,1%, nas Américas e 14% na África na última década, comparadas com 1951-1960. Avalia que governos contribuem com crises de saúde na forma de subsídios aos combustíveis fósseis, com 69 dos 86 analisados ​​subsidiaram a produção e  consumo de combustíveis fósseis no total líquido de US$ 400 bilhões em 2019, momento, que as empresas de combustíveis fósseis registram lucros recordes e os consumidores lutam com contas de energia crescentes, sendo que o relatório da Lancet disse que os planos das 15 maiores empresas de petróleo e gás eram incompatíveis com níveis seguros de aquecimento global, produzindo mais que 2 vezes participação nas emissões de gases efeito estufa compatíveis com 1,5 º C  até 2040. 

Moral da Nota:  relatório compilado por coalizão de ONGs chamada The Big Shift Global, avisa que o Banco Mundial injetou US$ 14,8 bilhões em projetos de combustíveis fósseis globalmente após o acordo climático de Paris, credor multilateral, prometeu em 2018 acabar com o financiamento de petróleo e gás upstream e o financiamento direto não incluiu financiamento indireto. Um dos modos que o Banco continuou financiando combustíveis fósseis foi explorando a "grande brecha" ao emprestar a intermediários como, bancos ou instituições financeiras, agindo como fiador caso um país não cumprisse suas obrigações.  O Investing in Climate Disaster: World Bank Finance for Fossil Fuels, lista o Oleoduto Transanatólio no Azerbaijão como o maior projeto financiado em 2018 no valor de US$ 1,1 bilhão, com o banco atuando como fiador. O Grupo Banco Mundial afirma que o projeto "esperava ter impactos sociais e ambientais adversos potencialmente significativos" dando sinal verde. Outro projeto foi a construção de duas usinas a carvão na Indonésia, Java 9 e 10, onde o Banco forneceu US$ 65 milhões em fundos indiretos, apesar da rede Java e Bali estar com 40% de excesso na oferta de eletricidade. O Banco Mundial em comunicado "contesta as conclusões do relatório dizendo que faz suposições imprecisas sobre empréstimos do Grupo Banco Mundial" e continua  “no ano fiscal de 2022, o Grupo Banco Mundial entregou US$ 31,7 bilhões em investimentos relacionados ao clima, para ajudar comunidades no mundo responder à crise climática e construir futuro mais seguro e limpo”.