quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Produção de Polímeros

Em 2019, a UNEA , órgão da ONU, adotou resolução, iniciada pela Índia, sobre poluição causada por plásticos de uso único,SUP, em 2021, novamente os indianos impuseram proibição aos SUP, a partir de 1º de julho de 2022, e, em fevereiro de 2022, notificou Regras de Responsabilidade Estendida do Produtor, impondo aos produtores, importadores e proprietários de marcas de produtos que contêm plástico a obrigação de coletar e reciclar resíduos plásticos resultantes, em 2021, Ruanda e Peru, posteriormente Japão, iniciaram projetos-piloto de resoluções solicitando proibição da produção de plásticos. Em março de 2022, em Nairobi, foi decidida a criação do INC, Conselho  de Infraestrutura nos princípios da Conferência do Rio  demonstrando papel desempenhado pela Índia, insistindo nas Responsabilidades Comuns, Diferenciadas e Capacidades Respectivas, CBDR-RC, pedra angular da resolução.

De lá pra cá, muita água passou e a presença de microplásticos, MPs, em suspensão no ar em diferentes ambientes internos, suscita preocupações sobre o grau que inalamos as partículas e o potencial impacto na saúde humana, cujos estudos mais antigos  focaram na faixa de tamanho de 20–200 µm com menor probabilidade de penetrar nos pulmões. Pesquisas de microplásticos suspensos no ar na faixa inalável de 1–10 µm, MP1–10 µm, em residências e cabines de automóveis, com espectroscopia Raman, demonstra que a concentração mediana foi de 528 MPs/m3 no ambiente residencial e  2.238 MPs/m3 no automóvel, ambiente de cabine, com predominância do polietileno,PE, como polímero predominante no ambiente residencial e, a poliamida, PA, no ambiente da cabine do automóvel, daí, fragmentos foram o meio à 97% das micropartículas analisadas, e 94% tinham tamanho inferior a 10 µm, MP1–10 µm, e, seguindo a lei de distribuição de tamanho exponencial, foram combinadas observações de MP1–10 µm com dados publicados sobre MPs em ambientes internos, demonstrando que as estimativas de exposição a MP1–10 µm são 100 vezes maiores que estimativas extrapoladas de tamanhos maiores de MP sugerindo impactos mais significativos na saúde. O estudo, liderado pela pesquisadora Nadiia Yakovenko e equipe da Universidade de Toulouse, conclui que o ar nas casas continha 528 partículas de microplástico por metro cúbico enquanto o ar nos carros tinha 2.238 partículas por metro cúbico, significando que, a cada respiração que damos em ambientes fechados inalamos plástico e 94% são partículas de 10 micrômetros de tamanho que podem penetrar profundamente nos pulmões ou entrar na corrente sanguínea. A combinação dos resultados levam à que um adulto médio pode inalar 3.200 partículas de microplástico/dia, tamanho médio, 10 a 300 micrômetros, e 68 mil partículas de plástico pequenas, 1 a 10 micrômetros, e, diariamente, 100 vezes mais do que os cientistas acreditavam que estávamos inalando, sendo que este novo estudo destaca que as menores partículas de plástico provavelmente representam problema maior.

Moral da Nota: as partículas não são apenas poeira inofensiva, carregam substâncias químicas tóxicas usadas na fabricação do plástico como corantes, conservantes ou plastificantes e, uma vez no corpo, causam inflamação, danificam pulmões, afetam o sistema imunológico, prejudicam digestão e a microbiota intestinal, além de poderem contribuir à doenças crônicas como doenças cardíacas, distúrbios hormonais ou mesmo câncer. Indivíduos com problemas respiratórios podem estar em maior risco, já que seus corpos são mais sensíveis a partículas nocivas no ar, daí, a sugestão de tirar o pó e aspirar regularmente para reduzir o acúmulo de microplásticos em ambientes internos, evitar materiais sintéticos como estofados, carpetes e roupas à base de plástico, limitar uso de embalagens plásticas e optar por materiais naturais ou reutilizáveis, além de manter o veículo ventilado evitando aromatizadores ou sprays de plástico. Em conclusão, o estudo demonstra que a poluição plástica não está apenas nos oceanos ou alimentos e, sim, no próprio ar que respiramos e estamos inalando mais plástico que imaginávamos.