quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Ciência

O governo colombiano lançou em fevereiro de 2025 o BioNube, iniciativa buscando consolidar a soberania digital, prevendo a instalação de 3 data centers em Santa Marta, em parceria com os EAU, Emirados Árabes Unidos, tendo capacidade energética de 30 MW e conectividade de alto nível com objetivo de centralizar informações do estado em infraestrutura própria, otimizada à utilização IA e segurança cibernética, reduzindo dependência de serviços estrangeiros.  A Prensa Latina informa que uma das iniciativas mais ambiciosas no campo IA soberano na América Latina é o Latam GPT,  primeiro modelo de linguagem em larga escala desenvolvido na região, coordenado pelo Cenia, Centro Nacional de Inteligência Artificial, do Chile, com apoio do Ministério da Ciência e 30 instituições de 12 países, na busca por construir sistema IA treinado com expressões locais, referências históricas regionais e línguas indígenas, com a primeira versão experimental, de código aberto, lançada em agosto de 2025 disponível às universidades, governos e organizações sem fins lucrativos, sem taxas de licenciamento comercial. Diferente dos modelos generativos dominados das corporações, o GPT Latam se propõe como ferramenta soberana, culturalmente  representativa e inclusiva  e, dentre os objetivos, estão a preservação das línguas indígenas com progressos em Rapa Nui e Mapudungun, além da possibilidade de desenvolver assistentes virtuais públicos, tradutores e aplicativos educacionais adaptados às realidades locais, sendo que o  projeto conta com parcerias na Argentina, Brasil, Colômbia, México, Uruguai e outros países, buscando incorporar nações caribenhas à medida que as lacunas de infraestrutura digital forem superadas. Apesar dos avanços, a América Latina carece de política regional coordenada garantindo soberania digital diante concentração tecnológica global, com desafios urgentes em estabelecer padrões que exijam armazenamento local de dados, fortalecimento de capacidades técnicas estatais, criação de infraestrutura  própria limitando legalmente captura de dados por atores externos, quer dizer, em cenário dominado por corporações transnacionais e potências extrarregionais, o controle sobre dados e plataformas que os processam é componente incontornável da autonomia política e econômica.

A ONU acusa a Microsoft e outras corporações ocidentais de colaborarem com crimes de guerra e violações de direitos humanos de Israel que utiliza tecnologias da Corporação para vigilância em massa de palestinos em Gaza, em que milhões de chamadas telefônicas são armazenadas em servidores na Europa e usadas às operações israelenses. O estado de Israel empreendeu projeto para armazenar acervo de chamadas telefônicas de palestinos nos servidores da Microsoft na Europa, com o presidente-executivo, Satya Nadella, em 2021 se encontrando com o comandante da agência de vigilância militar de Israel, a Unidade 8200, visando discutir agenda de mover vastas quantidades de material de inteligência ultrassecreto à nuvem da empresa americana. Na sede da Microsoft perto de Seattle, em antiga granja avícola transformada em campus de alta tecnologia, Yossi Sariel, obteve  apoio de Nadella ao plano que concederia à Unidade 8200 acesso a área personalizada e segregada na plataforma de nuvem Azure da Microsoft, munida da capacidade de armazenamento quase ilimitada do Azure, a Unidade 8200 construiu ferramenta de vigilância em massa, ou, sistema abrangente e intrusivo que coleta e armazena gravações de milhões de chamadas telefônicas palestinos em Gaza e Cisjordânia. A revelação decorre de investigação do Guardian com a +972 Magazine e o Local Call, informando que o sistema em nuvem  entrou em operação em 2022, sendo que a Microsoft alega que Nadella não sabia que tipo de dados a Unidade 8200 planejava armazenar no Azure, no entanto, documentos da Microsoft e entrevistas com fontes da empresa e da inteligência militar israelense revelam como o Azure foi usado pela Unidade 8200 para armazenar o arquivo de comunicações cotidianas palestinas, com fontes da Unidade 8200 avisando que a plataforma de armazenamento em nuvem facilitou a preparação de ataques aéreos mortais e moldou operações militares em Gaza e Cisjordânia, permitindo que agentes de inteligência reproduzissem conteúdo de chamadas de celular de palestinos, capturando conversas de um grupo muito maior de civis comuns. A liderança da Unidade 8200 recorreu à Microsoft após concluir que não tinha espaço de armazenamento ou poder de computação suficiente nos servidores militares para suportar o peso das chamadas telefônicas de uma população inteira, sendo que a unidade israelense é comparável à NSA, Agência de Segurança Nacional dos EUA, em  capacidades de vigilância, um projeto de captação de "um milhão de chamadas por hora", no entanto, arquivos vazados da Microsoft sugerem que dados confidenciais da unidade pode agora estar nos data centers da empresa na Holanda e Irlanda. A relação entre Microsoft e inteligência israelense suscitou reação dos funcionários da empresa quando em maio de 2025 um funcionário interrompeu discurso de Nadella em ato de protesto, gritando "que tal você mostrar como os crimes de guerra israelenses são alimentados pelo Azure?", após a divulgação do Guardian a Microsoft encomendou revisão externa do relacionamento dizendo que "não encontrou evidência até o momento"  que o Azure ou seus produtos IA foram "usados para atingir ou prejudicar pessoas" no território, quer dizer, todo mundo acreditou.  A relatora especial da ONU sobre direitos humanos no território palestino ocupado, Francesca Albanese, emitiu relatório mapeando corporações que auxiliam Israel na ocupação e guerra em Gaza, observou que a Microsoft que opera em Israel desde 1991 construiu seu maior centro fora dos EUA em Israel e integrou suas tecnologias nas forças armadas, polícia, prisões, escolas e assentamentos do país e, desde 2003, aprofundou laços com a defesa israelense adquirindo startups de vigilância e segurança cibernética e incorporando seus sistemas em operações militares.  Em 2024, um coronel israelense chamou tecnologias de nuvem como as oferecidas pela Microsoft de "uma arma em todos os sentidos" com o The Guardian relatando que registros da Microsoft mostram que Nadella ofereceu suporte ao objetivo de Yossi Sariel de mover grandes volumes de inteligência militar à nuvem com o porta voz da Microsoft esclarecendo que  "não é preciso" dizer que ele forneceu seu apoio pessoal ao projeto, valendo dizer que, engenheiros da Microsoft posteriormente trabalharam em colaboração com a inteligência israelense para incorporar recursos de segurança no Azure permitindo transferência de até 70% dos dados confidenciais da Unidade 8200 à plataforma. Fontes da Unidade 8200 disseram que o sistema coleta comunicações indiscriminadamente, frequentemente usadas para deter ou chantagear palestinos e "quando  precisam prender alguém e não há motivo bom o suficiente, é aí que encontram a desculpa",  alegando que os dados armazenados foram usados para justificar detenções e assassinatos, detalhe, ferramenta baseada em IA supostamente atribui pontuações de risco a mensagens de texto com base em palavras-chave, incluindo discussões sobre armas ou martírio. Por fim, Yossi Sariel, renunciou em 2024 pós fracasso da inteligência israelense em 7 de outubro de 2023, enquanto a guerra de Israel em Gaza continua com mais de 61.250 palestinos mortos, 18 mil crianças, o programa de vigilância permanece ativo, com  fontes esclarecendo que os dados existentes, combinados com ferramentas IA, continuam sendo usados em operações militares, devendo acrescentar que, vários meses antes de conhecer o CEO da Microsoft, Nadella, em 2021, Yossi Sariel publicou um livro sobre IA com pseudônimo revelado pelo Guardian como sendo o do chefe da espionagem no qual instava militares e agências de inteligência “migrarem à nuvem”. Conhecido na inteligência israelense como evangelista de tecnologia, valorizava o que caracterizava aos colegas como relacionamento amigável com Nadella, conforme fonte de inteligência, “Yossi se gabava muito, sobre sua conexão com Satya”,  sendo que porta-voz das Forças de Defesa de Israel esclarece que o trabalho com empresas como a Microsoft se baseava em “acordos legalmente supervisionados”, para conclusão, a Microsoft viu a parceria como oportunidade comercial lucrativa com  executivos prevendo milhões de dólares em receita e “um momento de marca incrivelmente poderoso” ao Azure, conforme os arquivos, quer dizer, a Microsoft deveria assumir sua parcela de derrota na ciberguerra contra o Irã.

Moral da Nota:  o secretário de Saúde dos EUA, Robert F. Kennedy Jr., conhecido por posições antivacina, segundo ele, dados científicos analisados indicam que os imunizantes de mRNA “não protegem de forma eficaz contra infecções das vias respiratórias superiores, como Covid-19 e  gripe”,  questionou a segurança da tecnologia e afirmou que os recursos serão redirecionados à “plataformas vacinais mais seguras e amplas, eficazes, mesmo diante de mutações virais”. A decisão de cancelar US$ 500 milhões em investimentos em vacinas RNA mensageiro, mRNA, gerou indignação entre especialistas em saúde pública e pesquisadores, com destaque que a tecnologia foi essencial ao rápido desenvolvimento de vacinas na pandemia de Covid-19, salvando milhões de vidas. A imunologista Dr. Lisa Nguyen, da Queen's University, que participou de estudos clínicos com vacinas de mRNA, afirmou à Radio Canadá “uma decisão política que ignora evidências científicas robustas”, o Prêmio Nobel de Medicina 2023, concedido a Katalin Karikó e Drew Weissman pelas descobertas sobre RNA mensageiro, foi lembrado por cientistas como prova do valor da tecnologia, com o  virologista Dr. Anthony Brooks, da Universidade Johns Hopkins dizendo que “negar a eficácia do mRNA é negar um dos maiores avanços da medicina moderna”. Escolhido por Donald Trump à pasta de Saúde, Robert Kennedy Jr. é signatário da medida que implica suspensão de 22 projetos de desenvolvimento de vacinas mRNA, sob responsabilidade da Biomedical Advanced Research and Development Authority, BARDA, agência federal que teve papel crucial na pandemia sendo que as empresas Moderna, Pfizer, Sanofi, CSL Seqirus e Gritstone estavam entre as beneficiárias dos fundos agora suspensos. Filho do senador assassinado Robert F. Kennedy, o atual secretário de Saúde norte americano tem promovido revisão da política vacinal americana, alinhada à postura crítica em relação às vacinas, a decisão ocorre na onda de desinformação e ceticismo científico nos EUA impactando confiança pública em imunizações, apesar das críticas, o Departamento de Saúde dos EUA afirma que continuará financiando pesquisas através de outras agências não afetadas pela medida.