sexta-feira, 3 de maio de 2024

Telehealth

Estudo do TELE-ACS do Imperial College London apresentado na reunião do American College of Cardiology, mostrou que após 6 meses, pacientes com síndrome coronariana aguda, SCA, que tiveram infarto do miocárdio ou angina instável e submetidos à ICP, intervenção coronária percutânea, tiveram taxa 76% menor de readmissão hospitalar caso tenham participado de protocolo de monitoramento remoto, comparado com pacientes que tiveram cuidados pós-alta padrão. Apresentaram taxas mais baixas de visitas a emergência pós-alta, revascularizações coronárias não planejadas e sintomas cardiovasculares, como dor no peito, falta de ar e tontura, no entanto, taxas de MACE, eventos cardiovasculares adversos maiores, foram semelhantes nos 2 grupos sendo que o protocolo incluiu consulta com  cardiologista que revisou os dados do monitoramento domiciliar. Os resultados publicados online no Journal of the American College of Cardiology mostraram que, de janeiro de 2022 a abril de 2023,  337 pacientes selecioandos à telemedicina ou cuidados padrão de alta pós ICP com pelo menos um fator de risco cardiovascular, cujo protocolo de telemedicina consistia em cinto de eletrocardiograma de 12 derivações, monitor automático de pressão arterial e oxímetro de pulso e, com os pacientes da telemedicina iniciando o protocolo de monitoramento remoto se achassem que apresentavam sintomas cardíacos e, a  maioria, 86%, eram homens  que o estudo descreveu como de “alta preponderância de fatores de risco cardiovascular” e idade média de 58,1 anos. Se um paciente de telemedicina iniciasse o protocolo, um cardiologista avaliava remotamente os sintomas do paciente e o encaminhava ao atendimento apropriado, seja tranquilizando  ou encaminhando-o à médico de atenção primária ou pronto-socorro, ou para ligar à serviços de emergência e os que não receberam ligação do cardiologista em 15 minutos foram orientados procurar atendimento clínico padrão. Os pacientes de telemedicina receberam treinamento e pacote de telemonitoramento e 3 ligações de controle de qualidade para garantir uso correto do equipamento e o mantiveram  por 8 meses, no entanto, foram acompanhados por 9 meses enquanto 6 paciente desistiram e um retirou-se do estudo. Os resultados mostraram que, aos 6 meses, pacientes de telemedicina tiveram taxas  mais baixas de visitas emergência pós-alta, 25% vs. 37%, revascularizações coronárias não planejadas, 3% vs. 9%  e sintomas cardiovasculares como dor no peito, falta de ar e tontura, diferença de 13% a 18% à cada sintoma e, aos 9 meses, 3 pós término do protocolo, 20 pacientes de telemedicina e 50 pacientes de atendimento padrão foram readmitidos no hospital enquanto 52 e 73, respectivamente, foram ao pronto-socorro sendo que os pacientes de telemedicina tiveram internações hospitalares mais curtas, média de 0,5 e 1,2 dias aos 6 e 9 meses, versus 1,5 e 1,8 dias. Pesquisadores notaram que 86% dos participantes eram homens e que a intervenção só foi oferecida a pessoas que possuíam smartphones, ao passo que  “o alto nível de apoio ao grupo de telemedicina, com respostas imediatas da cardiologia, pode ser difícil de replicar fora de um ambiente de ensaio, exigindo investimento e treinamento significativos”. Outros estudos mostram utilidade da telemedicina à baixar hospitalizações desnecessárias, este, foi passo além,  pois “foi único o pacote que montaram” de “combinação de telessaúde e poder falar com alguém quando se tem preocupações com dados objetivos do eletrocardiograma, manguito de pressão arterial e avaliação do nível de oxigênio, abordagem interessante tendo esses dados efetivos com elemento subjetivo ."

Por outro lado, estudo foi publicado na The Lancet Public Health mostrou que a prevalência de demência entre sem-abrigo é 2 vezes superior à das populações alojadas em Ontário, Canadá, sugerindo que ocorre mais cedo em indivíduos sem-abrigo, e que estes pacientes poderiam beneficiar de exames proativos e intervenções habitacionais. Utilizaram dados de saúde de Ontário para comparar prevalência de demência entre pessoas sem-abrigo com indivíduos alojados na população em geral que vivem em bairros de baixos rendimentos, incluindo indivíduos com 45 anos ou mais que visitaram atendimento ambulatorial hospitalar, hospitalizados, ou, visitaram centro de saúde comunitário em 2019, sendo identificadas pessoas como sem-teto se tivessem um ou mais registros de saúde com indicação de situação de rua ou moradia precária cuja prevalência de demência foi apurada em 31 de dezembro de 2019. A análise comparativa transversal de base populacional mostrou 12.863 pessoas em situação de rua, 475.544 no grupo de baixa renda e 2.273.068 no grupo da população em geral sendo que a prevalência de demência foi de 68,7 por mil indivíduos na população em situação de rua, 62,6 por mil no grupo de baixa renda e 51,0 por mil no grupo da população em geral e, após ajustes à idade, sexo, localização geográfica de residência e condições de saúde associadas à demência, a razão de prevalência de demência entre pessoas em situação de rua foi de 1.71, comparada com o grupo de baixa renda e de 1.90,  com o grupo geral. A demência foi detectada na faixa etária de 45 a 55 anos entre moradores de rua, idade anterior à que os médicos começam rastrear declínio cognitivo dos pacientes, 65 anos, sendo que “o estudo não foi projetado para definir causalidade considerando que a probabilidade se tornar sem-teto aumenta definitivamente e vice-versa, sem-teto sofrendo traumas ambientais e físicos significativos por viver nas ruas envelhece mais rápido e experimenta sintomas geriátricos, como demência, mais cedo na trajetória de vida". O estudo subestima a magnitude do problema porque serem diagnosticados com demência, os pacientes necessitam de contato com profissionais de saúde que fazem o diagnóstico, muitas vezes, pessoas em situação de rua não têm contato extenso com o sistema de saúde e, portanto, sua condição pode não ser diagnosticada", no entanto, especialista em medicina interna que prestou cuidados de saúde a pessoas sem-abrigo e a investigação que centra-se nos sem-abrigo, na habitação e saúde, disse que as conclusões do estudo canadense são aplicáveis aos EUA e a retirada forçada de moradores de rua e, a colocação em acampamentos, discutido na Flórida por exemplo, provavelmente não resolve o problema.

Moral da Nota:  um outro estudo relacionado ao programa de aprovação acelerada da Food and Drug Administration dos EUA que busca dar acesso antecipado a pacientes de medicamentos promissores, publicado no Journal of the American Medical Association e discutido na reunião da Associação Americana para Pesquisa do Câncer, coloca sob questão a frequência com que os medicamentos melhoram ou prolongam a vida, levando a conclusão que muitos contra o câncer não funcionam 5 anos pós aprovação acelerada, sendo que o oncologista e bioeticista da Universidade da Pensilvânia que não participou da pesquisa, informa que “milhares de pessoas recebem esses medicamentos parecendo erro não sabermos se funcionam ou não.” Criado em 1992 para acelerar acesso a medicamentos ao HIV, o programa hoje, mostra que 85% das aprovações aceleradas são para medicamentos anticâncer e permite que a FDA conceda aprovação antecipada aos  que apresentem resultados iniciais promissores no combate a doenças debilitantes ou fatais, em troca, espera-se que realizem testes rigorosos e apresentem evidências antes de obterem aprovação total, no entanto, a desvantagem é que alguns deles não funcionam cabendo ao FDA ou à empresa farmacêutica retirar os que não funcionam e, às vezes, a agência decide que evidências menos definitivas são suficientes para receber aprovação total, sendo que o novo estudo descobriu que, entre 2013 e 2017, 46 medicamentos contra o câncer receberam aprovação acelerada, destes, 63% passaram à aprovação normal e 43% demonstraram proporcionar benefícios clínicos em testes de confirmação. O Congresso dos EUA atualizou o programa para dar maior autoridade à FDA e acelerar o processo de remoção de medicamentos quando as empresas farmacêuticas não cumprem compromissos e que as mudanças permitem que a agência “retire  rapidamente a aprovação de um medicamento aprovado de modo acelerado, quando apropriado”, podendo exigir que um ensaio clínico confirmatório esteja em andamento no momento em que a aprovação preliminar for concedida, acelerando o processo de verificação se um medicamento realmente funciona.