Estudo sobre lagos mostra que os níveis de água caem encontrando a impressão digital do aquecimento global, quer dizer, o armazenamento de água nos maiores lagos do mundo diminuiu nos últimos 30 anos à queda acumulada de 21,5 gigatoneladas/ano, quantidade igual ao consumo anual de água dos EUA. Cientistas ao publicar a pesquisa na Science analisaram dados de satélite de 1.980 lagos e reservatórios entre 1992 e 2020, além de informar que a perda de água em lagos naturais pode “ser atribuída ao aquecimento climático” ao combinarem imagens de satélite e dados climáticos inseridos em modelos hidrológicos encontraram “quedas de armazenamento” em mais da metade dos corpos de água. A combinação de informações permitiu determinar se os declínios se relacionam a fatores climáticos como aumento da evaporação e redução do fluxo dos rios, ou, outros impactos, incluindo desvios de água à agricultura ou cidades, com o detalhe, que um quarto da população mundial vive em bacias onde lagos estão secando. O desaparecimento de lagos causou fome, deslocamento e aumento do potencial de conflito na África, onde o Lago Chade seca, bem como na América do Sul, onde o Lago Poopó, do tamanho de Rhode Island, na Bolívia caminha ao fim, sendo que o sudoeste dos EUA, segundo o estudo, é área problemática, confirmando desafios na diminuição do abastecimento de água nos 2 maiores reservatórios do país, Lake Powell e Lake Meade rio Colorado, Avalia que a perda de armazenamento de água no lago prevaleceu nas regiões globais, incluindo interior da Ásia e Oriente Médio, nordeste da Europa, Oceania, América do Norte e Sul e sul da África, no total de 457 lagos naturais com perdas de água de 38 gigatoneladas/ano, enquanto 234 lagos apresentaram ganhos de armazenamento de água e 360, cerca de um terço dos lagos estudados, não mostraram mudanças significativas.
Já, estudo liderado pela University College London, publicado na Nature Ecology & Evolution, adverte que a mudança climática pode empurrar as espécies para além de limites críticos, à medida que ocorram temperaturas imprevistas em seus habitats geográficos, situação, que ressalta a urgência de reduzir emissões de carbono e conservar biodiversidade, prevendo a linha do tempo e locais onde espécies no mundo estão sujeitas a mudanças de temperatura potencialmente perigosas decorrente às mudanças climáticas. A equipe de pesquisa da UCL, da Universidade da Cidade do Cabo, da Universidade de Connecticut e da Universidade de Buffalo analisaram dados de mais de 35 mil espécies animais incluindo mamíferos, anfíbios, répteis, pássaros, corais, peixes, cefalópodes, plâncton e ervas marinhas dos continentes e bacias oceânicas, com projeções climáticas até 2100. Investigaram quando as áreas na distribuição geográfica de cada espécie cruzariam limiar de exposição térmica, definido como os primeiros 5 anos consecutivos que as temperaturas excederam a temperatura mensal mais extrema experimentada por uma espécie em sua distribuição geográfica ao longo da história recente, ou,1850-2014. Ultrapassado o limiar de exposição térmica, o animal não necessariamente vai morrer, mas não há evidências que consiga sobreviver às temperaturas mais altas, ou seja, as pesquisas projetam que para muitas espécies pode haver perda abrupta de habitat devido a mudanças climáticas futuras. Descobriram tendência consistente que, para muitos animais, o limiar de exposição térmica será ultrapassado em grande parte de sua distribuição geográfica na mesma década, daí, que a extensão do aquecimento global faz diferença: se o planeta esquentar 1,5°C, 15% das espécies que estudaram correm risco de experimentar temperaturas desconhecidas em pelo menos 30% de sua distribuição geográfica existente em uma década, dobrando para 30% das espécies a 2,5°C de aquecimento. Os pesquisadores esperam que o estudo direcione esforços de conservação, pois os dados fornecem sistema de alerta precoce que mostra quando e onde determinados animais provavelmente estarão em risco. Um estudo anterior dos mesmos autores descobriu que, mesmo se pararmos a mudança climática para que as temperaturas globais atinjam o pico e comecem a diminuir, os riscos à biodiversidade podem persistir por décadas e, em outra análise descobriram que espécies que enfrentam temperaturas desconhecidas viverão ao lado de animais que sofrem choques de temperatura semelhantes, representando graves riscos ao funcionamento do ecossistema local.
Moral da Nota: cientistas da Universidade Chinesa de Hong Kong explicam que o El Niño e mudanças climáticas se combinarão para quebrar recordes este ano e que o padrão pode exacerbar mais ondas de calor em algumas regiões. As ondas de calor que deixaram muitos países sufocados desde o início de abril continuarão elevar as temperaturas a níveis recordes pelo resto do ano, já que o aquecimento decorrente o aumento das emissões de gases efeito estufa coincidem com o início do fenômeno cíclico El Niño. É difícil decifrar, segundo cientistas, quanto do impacto pode ser atribuído ao El Nino que historicamente exacerba ondas de calor extremas na terra e nos oceanos, versus efeitos das mudanças climáticas. O presidente designado da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, COP28, divulgou um plano de 4 pilares com “transição acelerada” como sua principal prioridade antes da conferência anual em Dubai em novembro. A semana até 9 de julho foi a mais quente que o mundo viu desde o início dos registros, conforme dados coletados por satélites, estações terrestres e navios e analisados pela OMM, seguindo ao junho mais quente de todos os tempos. O El Nino é padrão climático no Oceano Pacífico que traz temperaturas mais altas da superfície do mar, muitas vezes levando a ondas de calor, secas e inundações no mundo, ocorre em média a cada 2 a 7 anos, com episódios que duram de 9/12 meses, de acordo com a NOAA, Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA.