O declínio agrícola mais acentuado em regiões quentes como África, 30%, América Latina e Caribe, 25,9%, desacelerou a produtividade agrícola global em 20,8% entre 1961 e 2020 equivalente a perda de 7 anos no crescimento como resultado da mudança climática induzida pelo homem. Eestabelecido em estudo realizado por cientistas das universidades de Cornell, Maryland e Stanford e publicado na Nature Climate Change, alerta que agricultura se tornou mais vulnerável às mudanças climáticas não significando que produzimos menos que em 1961, na verdade, produzimos mais ano a ano. O estudo diz que a produtividade agrícola global é quase 21% menor do que poderia ter sido em um mundo sem mudanças climáticas, segundo o professor de economia aplicada da Universidade à SciDev.Net.Cornell e autor principal do estudo. Os pesquisadores analisaram registros anuais de produtividade agrícola de 172 países e parâmetros climáticos mostrando quanto a produtividade agrícola aumentou ou diminuiu em um determinado país, se determinado ano foi mais quente, mais frio, mais úmido ou mais seco do que o normal. A relação estatística, conhecida como modelo econométrico, funciona em duas dimensões, o mundo real em que vivemos e um mundo paralelo onde não existe mudança climática antropogênica.
A chamada Zona de Convergência Intertropical impacta a segurança alimentar e hídrica de 1 bilhão de pessoas ao redor do planeta, 11% da população do Brasil concentrada no Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão, estados com clima semiárido e metade da precipitação anual ocorre em dois meses do ano ou março e abril. As chuvas fazem parte do cinturão tropical de precipitação quando atinge sua posição mais ao sul sobre o norte do Nordeste brasileiro, no restante do ano, o cinturão desloca-se ao norte se responsabilizando pelo pico de precipitação na região costeira da Venezuela entre julho e agosto. O comportamento futuro das chuvas em regiões semiáridas é fundamental para se antecipar possíveis modificações nos padrões de precipitação, em função da mudança climática em curso. Artigo no Paleoceanography and Paleoclimatology referente a estudo da USP, mostrou que a precipitação sobre o norte do Nordeste do Brasil diminuiu nos últimos 5 mil anos, contradizendo o paradigma da paleoclimatologia compondo cenário realista sobre o que poderá ocorrer no futuro. Até o fim deste século, modelos climáticos sugerem contração do intervalo latitudinal de oscilação do cinturão tropical de precipitação, diminuindo chuvas na porção norte do Nordeste do Brasil com consequências socioambientais potencialmente severas.
Moral da Nota: comparar dois mundos, levou a descoberta que mudanças climáticas significaram 7 anos de estagnação da produtividade agrícola, sendo que o nível alcançado em 2020 equivale à produtividade que poderia ser alcançada desde 2013 em um mundo sem mudanças climáticas. Apesar das melhorias na agricultura, a desaceleração da produtividade piorou nas últimas décadas sugerindo que o trabalho científico e o desenvolvimento tecnológico no setor agrícola não refletem uma maior resiliência às mudanças climáticas. O investimento é insuficiente ou não se enquadra no cenário em que vivemos, ou porque o apoio não foi direcionado aos lugares que mais precisam como África ou América Latina. A pesquisa não considera agricultura de pequena escala persistente em diferentes partes do mundo como África e América Latina, provavelmente porque sua produção não costuma constar dos registros oficiais, daí, necessidade de pesquisas futuras levarem em consideração pequenos agricultores, guardiões da diversidade de sementes, técnicas e culturas que ajudam enfrentar melhor a crise climática.