domingo, 16 de novembro de 2025

Precificação do Carbono

A precificação do carbono envolve mais valia na poluição uma das ferramentas eficazes no combate as mudanças climáticas, segundo especialistas, pois incentiva escolhas mais limpas, impulsiona inovação gerando receitas reinvestidas à apoiar transição limpa, na UE por exemplo,os mercados de carbono colocam preço na poluição através do Sistema de Comércio de Emissões da UE, EU ETS, abrangendo setor de energia, indústria, transporte marítimo e emissões da aviação e, no futuro, a partir de 2027, emissões do transporte rodoviário e edifícios garantindo que mais setores da economia contribuam à transição verde. Fatos importam no funcionamento da precificação do carbono e, por que beneficia a todos reduzindo emissões e, ao mesmo tempo, impulsionando crescimento econômico, considerando que, desde o lançamento há 20 anos, o RCLE-UE buscou reduzir emissões da eletricidade, geração de calor e indústria, em 50%, só em 2024, as emissões do RCLE-UE caíram 5% comparada a 2023. O RCLE-UE, Regime Comunitário de Licenças de Emissão da UE, ou, Comércio Europeu de Licenças de Emissão,CELE,instrumento de Comércio internacional de emissões de gases efeito estufa regulado, reduzindo limite de emissões anuais de modo previsível, enviando sinal a longo prazo às empresas que existe argumento comercial à tecnologias limpas, auxiliando empresas planejar com antecedência e investir tecnologias de baixa emissão, sabendo que os investimentos permanecerão competitivos e compensarão ao longo do tempo, quer dizer, a precificação do carbono torna mais competitiva a UE impulsionando modernização industrial e desbloqueando investimento em tecnologias limpas. Desenvolve posição estável global em setores da energia eólica, eletrolisadores e implementação de bombas de calor, com exportações de tecnologia verde em 2024 em 90 bilhões de euros sendo que a precificação do carbono impulsiona competitividade e inovação dependendo de tecnologias limpas. A precificação do carbono define direção, ao mesmo tempo proporciona flexibilidade sobre como chegar lá, cada empresa personaliza seu caminho, estimula inovações em energia, dos materiais e transportes, por exemplo, o Fundo de Inovação e o Fundo de Modernização são financiados por receitas do RCLE-UE, sendo um dos maiores programas de financiamento à tecnologias limpas do mundo e,desde 2021, investiu 12 bilhões de euros em 200 projetos incluindo aço de baixo carbono e parques eólicos flutuantes. O sistema de precificação de carbono inclui medidas para garantir condições equitativas com países terceiros evitando substituição de atividades industriais e emissões relacionadas, bem como promoção da precificação de carbono no exterior em que Licenças gratuitas direcionadas e o Mecanismo de Ajuste de Carbono nas Fronteiras, CBAM, garantem que as emissões e atividades industriais relacionadas não sejam deslocadas à países fora da Europa onde as regras climáticas podem ser frágeis.  O CBAM auxiliou no avanço da diplomacia de precificação de carbono e o encorajamento de outros países em introduzir seus sistemas de precificação de carbono e, até 2030, mais de 1 milhão de novos empregos serão criados em indústrias limpas, eficiência energética e transporte verde apoiados pela reciclagem de receitas, programas de requalificação e investimento regional no âmbito do ETS. Em 2023, quase metade da eletricidade da UE é de origem renovável, incluindo a nuclear, quase 70% foi gerada a partir de fontes de emissão zero e os ETS tornam investimentos em energia limpa mais atraentes e incentivam consumidores usarem fontes de energia baratas e limpas, daí, precificação do carbono torna a economia e sociedade mais resiliente. O RCLE-UE baseia-se no princípio poluidor-pagador quem emite gás efeito estufa deve pagar comprando licenças pelas emissões, garantindo que o custo da poluição não seja transferido à sociedade ou às gerações futuras, mas, suportado pelos responsáveis, criando incentivo à redução das emissões. A precificação do carbono aplica-se igualmente na UE, Noruega, Islândia e Liechtenstein, quer dizer, as mesmas regras e condições de mercado garantem a equidade além-fronteiras e não visa países específicos, aplica-se uniformemente aos poluidores independente da localização. Por fim, o ETS, Sistema de Comércio de Emissões, da UE está vinculado ao mercado de carbono da Suíça e, em andamento, vinculá-lo ao sistema do Reino Unido e, já em vigor, na China, Coréia do Sul, Nova Zelândia, Canadá e vários estados dos EUA além de novos sistemas desenvolvidos no Brasil, Turquia, Japão e Índia, de acordo com o Banco Mundial, mais de 80 jurisdições possuem preço de carbono em vigor que cobre metade das emissões globais do setor energético.

A floresta boreal tem espessa camada orgânica, quantidade impressionante de carbono está armazenada na floresta, daí, a existência de camada orgânica no subsolo e por que não está liberando o carbono na atmosfera, sobrevém a resposta que está congelado como permafrost que contém mais que o dobro do carbono já liberado pelas fontes humanas, é base congelada sobre a qual a sociedade e civilização atuais são construídas, daí, a dependência do permafrost à armazenar carbono, todos na Terra dependem da floresta boreal para proteger o permafrost do degelo, por vezes chamado de bomba de carbono por causa do CO2 e metano que pode emitir ao descongelar, além da liberação de óxido nitroso, 250 vezes mais potente como gás efeito estufa. O Centro de Pesquisa Climática Woodwell foca outro tipo de permafrost com o qual comunidades indígenas se preocupam, ou, o yedoma, um tipo de permafrost rico em gelo e carbono com potencial de criar efeitos de aquecimento no planeta porque descongela como metano,em grande parte, em vez de carbono como outros permafrosts. Quando o permafrost descongela pode liberar gases efeito estufa e causar colapso do solo local um a dois metros de profundidade, enquanto o Yedoma pode atingir centenas de metros de profundidade com idade estimada entre 150-200 mil anos, quer dizer, desde eras glaciais e ciclos quentes. O detalhe, segundo especialistas, é que tais eventos não se incluem na modelagem das mudanças climáticas e, assim, a crise dos incêndios florestais na região circumpolar é considerada ecossistema estável por pesquisadores do clima em geral e o permafrost um sistema estável, sendo que planícies de Yukon são indicativas disso e o Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA tomou medidas para proteger o yedoma como valor em risco na região cujo degelo pode gerar mais emissões que países, ou mesmo, se todo o yedoma descongelar geraria mais emissões que todos os países. O impacto que os incêndios florestais no degelo do permafrost e, em particular, no yedoma, a camada de vegetação ameaça estoques de carbono considerando que 174 milhões de hectares queimaram na região boreal e equivale ao estado do Oregon em chamas,ou, da Califórnia, Nevada, Utah, Novo México e Arizona juntos. 

Moral da Nota: um único e-mail bastou a EPA para encerrar a pesquisa sobre como mudanças climáticas colocam as crianças em perigo, fato ocorrido com Jane Clougherty que passou anos estudando como o clima extremo afeta a saúde infantil. Faltava um último ano de pesquisa na bolsa federal plurianual,uma dos milhares de pesquisadores cujo trabalho foi afetado pelo cancelamento de bolsas de pesquisa pelo governo norte americano em agências como o Instituto Nacional de Saúde, EPA e Fundação Nacional de Ciências. Dedicou a maior parte da vida profissional pesquisando efeitos da poluição na saúde e, recentemente, do calor extremo, no entanto, em maio,recebeu e-mail da EPA, Agência de Proteção Ambiental, interrompendo seu trabalho, com a professora da Universidade Drexel tomando conhecimento que sua pesquisa havia sido cancelada com efeito imediato, dizendo que, "não houve discussão, aviso, apenas um e-mail que dizia: "Vocês terminaram, este projeto não está mais dentro do escopo da administração,cessem e desistam das atividades a partir de hoje". Vale dizer, que não ficou surpresa, durante meses, o atual governo dos EUA ataca qualquer trabalho relacionado à equidade, mudanças climáticas e justiça ambiental e considera que a pesquisa que analisou atendimentos de emergência no estado de Nova York para entender impactos do calor e poluição do ar na saúde infantil, concentrou-se diretamente nos itens acima. Um porta-voz da EPA declarou, "talvez o governo anterior não devesse ter imposto sua agenda radical de programas de DEI,Departamento de Educação, Inclusão e Igualdade, e 'justiça ambiental', priorizando a missão da EPA", este caso é um dos milhares de pesquisadores cujo trabalho foi afetado pelo cancelamento de bolsas de pesquisa em agências como o Instituto Nacional de Saúde, EPA e Fundação Nacional de Ciências. Entre as perdas estava uma bolsa para estudar como reduzir riscos à saúde causados ​​pela fumaça de incêndios florestais perto de escolas e outra que pesquisaria como ajudar crianças em áreas rurais que correm maior risco de exposição a pesticidas e poluição, questões que impactam desproporcionalmente comunidades negras de baixa renda. Por fim, o calor extremo é desgastante ao corpo das crianças, pois têm mais dificuldade em regular a temperatura corporal, pode amplificar a poluição do ar, retendo-a no local,  afetando crianças com asma ou outros problemas respiratórios, sendo que a Equipe de Saúde Ambiental Pediátrica do sistema de saúde Mount Sinai, em Nova York, afirmou em e-mail que também se baseia nesse trabalho para informar como desenvolve soluções e, para  concluir o trabalho, Clougherty precisa analisar financiadores e fundações privadas para recuperar os quase US$ 400 mil que perdeu e, segundo ela, "não é realista esperar que fundações ou financiadores privados assumam o grau de infraestrutura que está sendo destruída com a perda de financiamento federal agora". 

sábado, 15 de novembro de 2025

Emissões

Estudo do Instituto de Ciências Básicas da Coreia do Sul observa que oceanos polares compreendem 15% dos oceanos da Terra e o vento que se move no sentido horário na ausência de gelo marinho pode afetar o fluxo oceânico criando turbulência, daí, oceanos polares se tornarão mais turbulentos à medida que o planeta aquece. Utilizando modelos climáticos descobriu que o processo conhecido como "agitação horizontal em mesoescala", MHS, aumentará no Oceano Ártico e Antártico à medida que o gelo marinho desaparece esclarecendo que a MHS envolve estiramento e mistura horizontal da água do mar pelos ventos e correntes oceânicas, à medida que o gelo marinho recua, a entrada de energia e mudanças de densidade intensificam agitação que influencia o modo como calor, larvas de peixes, nutrientes e poluentes se movem pelo oceano. Descobriram que a perda de gelo marinho no ártico significa que os ventos não encontram mais camada sólida de gelo, em vez disso, a superfície do oceano fica livre permitindo fluxos mais fortes, com o autor principal, Yi Gyuseok, dizendo que o "contraste entre Oceano Ártico, cercado por continentes, e Antártico, onde o fato do continente ser cercado pelo oceano cria diferentes condições físicas à agitação oceânica, semelhante sob o aquecimento global".  O estudo coreano se concentra nos oceanos polares com constatação semelhante a relatório que o Oceano Índico caminha à ondas de calor marinhas "quase permanentes" impactando comunidades costeiras e pesca, quer dizer, correntes oceânicas ocultas estão mudando e  podem se propagar pelos ecossistemas, litorais e pesca na Índia e em outros locais. Decorrente tal conclusão, pesquisadores enfatizam necessidade de melhores modelos para facilitar estudos sobre como o aquecimento global afeta os oceanos, com o coautor Axel Timmermann dizendo que "isso aprofundará a compreensão de como ecossistemas polares respondem ao aquecimento global", quer dizer, a vida marinha que depende do transporte por correntes pode ser levada à locais onde não consegue prosperar, ou, em alguns casos, onde não consegue sobreviver com poluentes e microplásticos espalhados de forma diversa com consequências incertas.

Médicos e cientistas serão necessários na responsabilização de poluidores, não apenas como testemunhas, mas como colaboradores vitais conduzindo pesquisas que apoiam argumentos legais, testemunhando em tribunais e fornecendo evidências independentes à medida que mudanças climáticas agravam riscos à saúde global, as evidências médicas e científicas tornam-se força crucial em responsabilizar governos e poluidores. Na, BMJ, British Medical Journal, especialistas afirmaram que embora existam poucos estudos até o momento que relacionem diretamente impactos na saúde às mudanças climáticas, o campo cresce rapidamente e, à medida que os métodos tornam-se mais padronizados e aceitos, esclarecem, a ciência desempenha papel fundamental para garantir responsabilização climática. Estas conclusões decorrem de pesquisa de Gaia Lisi e Rupert Stuart-Smith, da Universidade de Oxford, destacando casos judiciais em que dados médicos influenciaram decisões, no Reino Unido, a morte de menina de 9 anos residente em Londres próxima de  rua movimentada, tornou-se caso histórico depois que inquérito concluiu que a poluição do ar contribuiu à sua morte. Na Itália, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, TEDH, utilizou evidências revisadas por pares para determinar “risco real e iminente” à vida humana causado pela poluição, na França, registros médicos ajudaram tribunais associar picos de curto prazo na poluição do ar ao agravamento de sintomas respiratórios em crianças, medida que estabelece precedentes legais à responsabilização com base na saúde. Cada vez mais significativas pós pareceres de órgãos judiciais globais, como Corte Interamericana de Direitos Humanos, CIDH, e Corte Internacional de Justiça, CIJ, que reconhem que os Estados têm dever de proteger a saúde dos cidadãos dos efeitos das mudanças climáticas. Afirmam que profissionais da saúde não são apenas testemunhas, mas colaboradores vitais conduzindo pesquisas que apoiam argumentos legais, testemunhando em tribunais e fornecendo evidências independentes e, escrevem, “a melhor compreensão das consequências das mudanças climáticas à saúde pode esclarecer quão bem os Estados cumprem suas obrigações legais de proteger saúde e abrir caminhos à justiça climática onde falham”. Laura Clarke, da ClientEarth, e Hugh Montgomery, do University College London, comentam que decisões judiciais significam que os emissores não podem fingir ignorância sobre danos causados ​​por suas emissões, acrescentam que, “à medida que a ciência da atribuição se fortalece, esperamos ações coletivas e pedidos de indenização movidos por comunidades afetadas pelo clima que muda modelos de negócios dos grandes emissores”. Observam que profissionais de saúde podem desempenhar papel fundamental na identificação de como ondas de calor, poluição do ar e demais impactos climáticos contribuem à doenças como problemas cardíacos e renais, argumentando que os médicos devem apoiar ações judiciais quando poluidores se mostrarem indiferentes ou não responderem, concluindo, “se quisermos avançar na questão das emissões, será necessário responsabilizar grandes poluidores através dos tribunais, os profissionais de saúde em todos os lugares devem desempenhar seu papel nesse processo”.

Moral da Nota: a imprensa francesa em relação a COP30 disse que 'há sinais de otimismo' na mitigação da crise climática, com apelos à esforços diante avanço do negacionismo e, apesar da ausência dos EUA, 2º maior emissor de gases efeito estufa, há sinais de otimismo. O Le Parisien demonstra otimismo afirmando que a situação climática não é tão sombria 10 anos pós Acordo de Paris e, na abertura da conferência anual sobre o clima da ONU enumera motivos para ter esperança, com a França reduzindo pegada de carbono, China prometendo grande esforço até 2035, aumento das renováveis e maior conscientização global e, graças ao Acordo de Paris, indica que o aquecimento do planeta pode ser menor que o esperado no final do século. O Le Figaro ouviu comunidades indígenas da Amazônia, cuja presença contrasta com as 3 últimas edições da Conferência do Clima da ONU quando eram quase invisíveis, afirma que indígenas estão divididos entre esperança e resignação além do desmatamento e aquecimento global, a floresta informa o jornal, é ameaçada pelo tráfico e garimpo. O La Croix, jornal católico entrevistou Maria Netto, diretora do Instituto Clima e Sociedade do Rio de Janeiro e,segundo ela, a COP30 pode representar  virada ao Brasil e o país se transformar em laboratório da transição energética ao apostar principalmente na agricultura regenerativa.