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segunda-feira, 22 de abril de 2024

Nova legislação

Fabricantes de cigarros na Espanha devem pagar pela limpeza das bitucas, além de serem responsáveis por informar e educar o público para não jogar  em espaços públicos, pagando pela limpeza das descartadas por fumantes a cada ano, inserida em regulamentação ambiental emitida pelo Ministério da Transição Ecológica e Desafio Demográfico. O regulamento, já em vigor, é parte da Lei dos Resíduos e Solos Contaminantes, pacote de medidas destinada reduzir resíduos e aumentar reciclagem, aprovado em 2023 cuja regra inclui proibição de talheres e pratos de plástico de uso único,  copos de isopor, cotonetes e canudos plásticos, além da redução de embalagens de alimentos desse tipo. A determinação às empresas de tabaco, decorre ao fato que milhões de pontas de cigarro são jogadas nas ruas e praias espanholas anualmente ao lado dos novos regulamentos sobre utilização de talheres descartáveis e canudos de plástico de uso único, sendo que as decisões são parte da campanha na UE para reduzir desperdício e promover reciclagem. Por outro lado, as novas regulamentações ambientais da Espanha determinaram que empresas de tabaco devem pagar as contas para remover cigarros descartados das ruas e, segundo o Guardian, a medida já está em vigor, além de alertar consumidores não jogarem bitucas em locais públicos, no entanto, o custo do cumprimento da lei não foi estabelecido sendo que estudo catalão da "sociedade do lixo zero" Rezero estima custo entre € 12 e € 21 por cidadão por ano inserido em  total de até € 1 bilhão. A probabilidade das empresas de cigarros transferirem custo ao consumidor é alta consequente aumento ao consumidor final,  que pode funcionar como incentivo à parar de fumar já que pontas de cigarro descartadas nas ruas a cada ano são um dos tipos mais comuns de lixo levando 10 anos para se decompor e liberar substâncias tóxicas como chumbo e arsênico no processo. Vale ainda dizer que bitucas de cigarro são o tipo mais comum de poluição marinha, acima de garrafas e sacolas plásticas, conforme a Ocean Conservancy, organização sem fins lucrativos, sendo que pontas de cigarro são transformadas em repelente de mosquitos e enchimento para peluches em fábrica indiana, considerando que 5 bilhões de cigarros são jogados no oceano anualmente e a substância nociva que emitem na decomposição, letal,  às criaturas marinhas. A atualização de legislação ambiental, está em linha com conferências promovidas pela ONU, já que Espanha e França proíbem talheres descartáveis de plástico de uso único visando combater resíduos nocivos e aumentar a reciclagem.

Por conta de descobertas, desde o início dos anos 1900 a Terra aqueceu  1,1 ºC à medida que mudanças climáticas tornam-se fator desestabilizador no mundo, sendo que a mais recente avaliação da Nasa revela como o planeta perde frescor à medida que os anos tornam-se mais quentes. Nova visualização aponta amostragem que nos últimos 2 séculos o mundo foi atingido pelo aquecimento global que, aumentou drasticamente nos últimos anos do século 20 e continuou inabalável no século 21, com a  NASA recentemente anunciando que 2022 foi o 5º mais quente já registrado e, apesar do La Nina, resfriamento do Pacífico equatorial que reduz temperaturas médias globais, a NOOA, Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA, calcula que a temperatura média global de 2022 foi de 14,76 ºC, classificando-se como a 6ª mais quente registrada excluindo regiões polares. A Berkeley Earth, grupo sem fins lucrativos de cientistas independentes, esclarece que foi o 5º mais quente registrado e, para 28 países foi o ano mais quente já rvisto, incluindo China, Reino Unido, Espanha, França, Alemanha e Nova Zelândia, sendo que os últimos 9 anos foram mais quentes desde que registros apontam desde 1880 significando que a Terra em 2022 estava 1,11 ºC mais quente que a média do final do século XIX. A região do Ártico, experimenta tendências de aquecimento mais fortes, quase 4 vezes a média global, conforme pesquisa do GISS apresentada na reunião anual de 2022 da União Geofísica Americana, em estudo separado,  pesquisadores mostram preocupação que com a provável dissipação La Nina e possível El Nino aumentando aquecimento em 2023 considera que 1976 foi o último ano que a Terra foi mais fria que a média do século 20, isto, de acordo com a  NOAA. Esclarece que temperaturas médias não são o que realmente afeta as pessoas e sim ondas de calor, inundações, secas e tempestades, piores ou mais frequentes, ou, ambos, ao passo que 2022 viu os piores eventos climáticos extremos da história recente, com incêndios florestais, secas, chuvas incessantes, tempestades de neve e nevascas atingindo países com pesquisadores sustentando que a razão à tendência de aquecimento é que as atividades humanas continuam lançando gases efeito estufa na atmosfera e os impactos de longo prazo continuam.

Moral da Nota: vale dizer que a PepsiCo Portugal investe 7,5 milhões de euros em biodigestor para transformar resíduos orgânicos da fábrica do Carregado em biogás, o primeiro da empresa no sul da Europa referindo que o investimento "reflete compromisso da empresa com sustentabilidade e redução de emissões de carbono na fábrica de 'snacks' ". Explica que "é processo utilizado como fonte de energia renovável, onde biogás é utilizado como combustível nas várias fases da produção, assim como higienização das linhas de produção e aquecimento das águas sanitárias dos balneários e refeitório" mostrando que "além de conseguir redução de 30% nas emissões de carbono da unidade, o biodigestor contribui para reduzir o consumo de gás permitindo utilizar biogás produzido no processo de digestão anaeróbia, ausência de oxigênio, através da ação de bactérias orgânicas específicas, decomposto em produtos gasosos ou 'biogás. O biodigestor utiliza lamas produzidas na estação de tratamento de águas residuais da fábrica e cascas de batata, assim como resíduos alimentares impróprios ao consumo, pré-tratados e convertidos em composto orgânico limpo que posteriormente é transformado em biogás através de processo anaeróbico, sendo que o biogás é previamente pré-tratado em estação de purificação que o converte em biometano. O 'country manager' da PepsiCo em Portugal explicou que  "este projeto pioneiro no sul da Europa é grande passo no processo de transformação rumo a cadeia de valor positiva e, com o biodigestor, opera de modo mais eficiente com o planeta através da criação de soluções de energia alternativa". O comunicado salienta que tal permitirá a unidade de negócio "continue ser 'case study' de boas práticas de sustentabilidade na PepsiCo Europa, exemplo de circularidade e reconversão a nível local, uma vez que o projeto prevê utilização de resíduos de origem externa à fábrica" considerando que desde 2012 Carregado tem sistema de produção de biogás que permite redução de 50% no consumo de eletricidade na ETAR, Estação de Tratamento de Águas Residuais, implementado em projeto de reutilização de calor nos fornos utilizados na produção dos Doritos que permite recuperação de energia desperdiçada da chaminé e produção de vapor, traduzindo em redução no consumo de gás na fábrica na ordem dos 5%. A iniciativa é parte da 'PepsiCo Positive', pep+,  estratégia "centrada na sustentabilidade e pessoas" em que a empresa "acelera transformação à promover impacto positivo no planeta e nas pessoas".

Em tempo: ocorre entre 23 e 29 de abril em Otawa a 4ª e penúltima fase das negociações sobre desafios dos plásticos, buscando acordo vinculativo em novembro na Coréia. Resultado dos 7 bilhões de toneladas de material gerado no mundo desde 1950, sendo 98%  produzido a partir de combustíveis fósseis em vez de materiais reciclados. A OCDE estima em 3,4 % das emissões poluentes e, caso não sejam tomadas medidas, um quinto do orçamento mundial de CO2 será absorvido pela produção e utilização de plásticos até 2040. Inquérito realizado em 28 países mostra que 75 % querem proibição dos plásticos descartáveis e apoia tratado para combater a poluição causada.



quarta-feira, 17 de abril de 2024

Monitoramento empresarial

O impacto no setor logístico do desenvolvimento tecnológico reconfigura o mercado e oferta de serviços, nesse contexto, destacam-se ferramentas de TI na Central de Monitoramento da empresa no controle automático de temperatura remoto, rastreamento em tempo real e armazéns de dados eletrônicos que otimizam tarefas essenciais de monitoramento, controle e análise de embarques permitindo atender demandas do mercado. A partir da implementação de sistemas de monitoramento de dados que medem valores de temperatura e umidade de armazéns, câmaras frigoríficas e freezers de modo automatizado, em tempo real e remotamente, controla-se a correta conservação dos insumos que requerem determinada cadeia de abastecimento e, resfriado, como vacinas ou remédios, de qualquer lugar do mundo, operando com sistema de última geração permanentemente ativo e permitindo controle direto da temperatura dos armazéns distribuídos em 11 países. A partir desta ferramenta detecta-se variações e estados de conservação de insumos e materiais biológicos acionando contingências para cada caso e, na ocorrência de desvio de temperatura, um sistema de alarme local conectado ao painel de controle e um protocolo é acionado para evitar possíveis contratempos, tratando-se de ferramenta que permite acessar indicadores de informações e condições de temperatura dos armazéns, diferencial valorizado à indústria biofarmacêutica e de alimentos frios e congelados. Em 2022, segundo a CACE, Câmara Argentina de Comércio Eletrônico, o comércio eletrônico no país cresceu 87% em relação a 2021 sendo a entrega em domicílio opção mais escolhida à logística de entrega, nesse contexto,  central de monitoramento permite rastreamento em tempo real é ferramenta de informações sobre indicadores de gestão, rastreabilidade ponta a ponta e cumprimento de entregas em tempo hábil e, para responder e acompanhar mercado em crescimento, necessite trabalhar no desenvolvimento de plataforma de localização por satélite, de viaturas e mercadorias com acesso em tempo real a dados da operação, tecnologia que permite monitorizar desvios, excesso de velocidade ou lentidão e avaliar rotas alternativas em caso de anomalia de percurso, acelerando prazos de entrega e processando mais de um milhão de encomendas por mês. A geração massiva de dados e a necessidade de armazená-los em ambiente eletrônico centralizando disponibilizando informações em data warehouses, permite contar com dados históricos e atuais otimizando gerenciamento de recursos, integrada em Data Warehouse próprio, em ecossistema de informação ao serviço da análise de tendências e padrões à previsões futuras. A aplicação da ciência e tecnologia na logística auxilia melhorar e acelerar processos, aumenta níveis de produtividade e reduz custos sendo que a central de monitoramento com abrangência global é um dos mais importantes desenvolvimentos em termos de inovação.

Neste ambiente, a tokenização permite democratizar investimentos em energia solar oferecendo liquidez e flexibilidade, remodelando mercados de capitais e, consulta da Grand View Research, avalia que o segmento de energia solar crescerá 24% na América Latina. O especialista em Blockchain de NAVA Technology for Business diz que um dos usos da tokenização é na energia solar implicando converter direitos de propriedade ou contas para cobrar de projeto em tokens digitais que se podem comprar, vender ou trocar em plataformas blockchain, cuja principal vantagem é democratizar acesso aos recursos para que pequenos investidores participem em projetos de grande escala. Aos consumidores, a tokenização faz com que a energia solar seja acessível e disponível especialmente em áreas remotas ou em desenvolvimento, permitindo modelos de propriedade compartilhada de sistemas inovadores, promovendo sustentabilidade e empoderamento econômico dos proprietários de tokens, criando fonte de ingressos passivos, sendo que a tokenização proporciona flexibilidade e potencial atrativo de ingressos em que investidores ajustam exposição ao setor e participam da inovação financeira na vanguarda de financiamento e investimento que remodelam mercados de capital no futuro. Existem desafios regulamentares relacionados a licença do projeto e complexidades legais em casos de disputas, especialmente se envolver jurisdições, no Brasil, isso pode ser mitigado com a regulamentação do Drex com licenças e permissões específicas, difíceis, devido à possível falta de familiaridade das autoridades com blockchain e, para superar, é essencial buscar orientação jurídica especializada, colaborar com reguladores e desenvolver marco regulatório claro que apoie a inovação e proteja investidores e público. A tokenização da energia solar pode ser caminho interessante para aumentar transparência, eficiência e acessibilidade do financiamento de projetos e, como resultado, espera-se maior integração com tecnologias como IoT otimizando produção e consumo de energia.

Moral da Nota: estudo publicado no IJSTL, International Journal of Shipping and Transport Logistics, apresenta abordagem de aprendizado de máquina conhecida como MGGP para classificar e priorizar critérios de desempenho avaliando desempenho logístico de um país usando Índice de Desempenho Logístico, LPI, do Banco Mundial, sendo que o LPI mede e classifica o desempenho da logística internacional através de componentes como alfândega, infraestrutura, facilidade de organização de remessas, qualidade dos serviços logísticos, rastreamento e rastreamento e pontualidade. Pesquisadores da Turquia usaram seleção de conjuntos de dados LPI de 2010 a 2018 em 790 registros para treinar e testar modelos de previsão lineares ou não lineares mostrando que a abordagem MGGP supera outros métodos na previsão da pontuação LPI e revela quais componentes são mais importantes. Em relação à alfândega foram consideradas eficiência do desembaraço fronteiriço e infraestrutura ao desembaraço aduaneiro e movimentação de mercadorias, em relação à facilidade de organizar embarques, avaliou-se simplicidade de organizar embarques a preços competitivos em relação à qualidade do serviço logístico, avaliou-se capacidade dos prestadores de serviços logísticos em atender requisitos dos clientes e em relação ao tracking and tracing foi avaliada capacidade de garantir bom fluxo da mercadoria da origem ao destino e, por fim, em termos de pontualidade avaliou-se medida do cronograma e tempo de entrega. A abordagem MGGP pode ser ferramenta inestimável à formuladores de políticas e pesquisadores logísticos encarregados de desenvolver planos logísticos mais eficazes, portanto, pode ter implicações no comércio mundial e desenvolvimento econômico, permitindo tomada de decisão mais bem informada na política e planejamento logístico de aplicações em campos relacionados à tomada de decisão como gerenciamento da cadeia de suprimentos, transporte e planejamento urbano, por exemplo, pode ser usado por empresas que buscam melhor eficiência das operações logísticas bem como por autoridades locais que buscam melhorar infraestrutura de transporte de uma cidade.

Rodapé: a Assembleia Nacional francesa analisa projeto de lei para proibir os chamados ‘poluentes eternos’, substâncias sintéticas utilizadas pela indústria e encontradas nos objetos cotidiano como utensílios de cozinha, embalagens ou roupas, sendo que os "Pfas",  “per e polifluoralquiladas”, se dissipam no ambiente e levam séculos para desaparecer. Manchete do Le Parisien e Libération ressaltando riscos ao sistema hídrico em especial cidades próximas de usinas como a fabricante de panelas Tefal, que utiliza Pfas no revestimento antiaderente dos produtos em teflon e uma das maiores fábricas da marca na cidade de Rumilly, nos Alpes franceses, onde o tema virou “assunto delicado”, enquanto o Le Parisien explica que os Pfas são formados por “cadeias de carbono-flúor uma das combinações químicas mais resistentes que dificilmente se degradam, persistindo por séculos ou milênios no ambiente” enquanto pesquisas científicas alertam que esses químicos favorecem problemas de saúde como cânceres e danos aos sistemas reprodutivo e imunitário. Análises da água nas torneiras de Rumilly apontam que o índice desse poluente é 60% superior ao limite de perigo sanitário estabelecido pela Agência Nacional de Saúde da França, sendo que o projeto de lei visa proibir a partir de 2026 o uso de Pfas nos produtos considerados mais arriscados à saúde humana e meio ambiente como utensílios de cozinha, cosméticos, têxteis e equipamentos de esqui devido à poluição da neve que, depois de derretida, corre aos rios do país. O jornal indica que para tentar atrasar este passo, o grupo SEB, dono da Tefal, quer bancar a manutenção de uma estação de tratamento de água na cidade alpina construída depois da revelação de números preocupantes sobre qualidade da água, ressaltando que nos EUA, escândalos semelhantes levaram há mais de 10 anos aos tribunais, marcas como a 3M.


terça-feira, 18 de abril de 2023

Aprovação por consenso

Mais de 4,9 milhões de toneladas de plástico ou 171 trilhões de fragmentos   flutuam nos oceanos, conforme estimativa, anúncio que ocorreu após a assinatura do tratado de Alto Mar da ONU, na busca por salvaguardar os oceanos. Pesquisadores analisaram dado de poluição plástica oceânica de 1979 a 2019 com 11.777 estações em 6 regiões marinhas, Atlântico Norte, Sul, Pacífico Norte, Sul, Índico e Mediterrâneo, estimando contagens médias e massa de plásticos na camada superficial do oceano, considerando fatores que incluem vento, local e vieses por subamostragem. Notaram aumento na abundância de plástico oceânico desde 2005,  aceleração, observada nas densidades de plástico e relatada em praias ao redor do mundo exigindo intervenções políticas em nível internacional.  A crise global do plástico mostra que o número de partículas de plástico nos oceanos experimentou aumento sem precedentes desde 2005 e, neste rítmo, a taxa com que os plásticos entram em nas águas aumentará 2,6 vezes até 2040.

No verão de 1972 pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Diego,  em expedição pesquisando condições climáticas, combinação de clima quente, céu claro e mar calmo permitiu observação de lixo flutuando no oceano, a 1.100 km da ilha habitada mais próxima e  fora das rotas marítimas habituais. A descoberta seria a primeira observação da grande ilha de plástico publicada na Nature no início de 1973, há 50 anos, sendo que a curiosidade científica permitiu avanços no conhecimento de sua natureza mudando a perspectiva nas últimas cinco décadas.  Esses resíduos tendem  fragmentar-se com rapidez e, por outro lado, levou mais tempo até serem descobertas as partículas microplásticas que representam 94% das partículas de lixo da grande mancha, embora apenas 8% em peso, a grande mancha de lixo é maior que se estimava em 1973, hoje, com extensão de 1,6 milhão de kms², mais que o triplo da Espanha com quase 2 trilhões de partículas de plástico e peso de 80 mil toneladas.  A maior parte do plástico oceânico está dispersa na água, 70% cai no fundo do mar e menos de 15% permanece na superfície, daí, a Grande Mancha do Pacífico representar, em peso,  0,6% de todo o plástico oceânico, apenas a ponta do iceberg. O consumo anual de plástico no mundo ultrapassou 320 milhões de toneladas e, nos últimos 15 anos, foi produzido mais plástico que em todo o século XX, com parte exibindo vida útil curta, com alguns países dispondo de sistemas de reciclagem eficiente, outros incineram com impacto ambiental na forma de poluição do ar e, outros, depositam em aterros sanitários ou cursos de rio, sendo que quase 1 milhão de toneladas de plástico são despejadas todos os anos no oceano. A ilha do lixo ou do plástico, a grande mancha de lixo, o continente do plástico, a ilha da poluição,  se localiza no norte do Oceano Pacífico como lembrança do grande impacto que a atividade humana pode ter sobre o meio ambiente. A razão pela qual a ilha do Pacífico Norte é a maior não é acidental, das quase 1 milhão de toneladas de plástico despejadas nos oceanos, 800 mil vêm da Ásia, sendo as Filipinas o maior representante com cerca de 356 mil toneladas/ano no Pacífico, mais de um terço do plástico recebido pelos oceanos, seguem Índia, com 126 mil toneladas; Malásia e China, com  70 mil toneladas cada e Indonésia com 56 mil toneladas e, na África, a Nigéria, com 18 mil toneladas é o maior emissor. No continente americano, o Brasil lidera com 28 mil toneladas e outros países americanos são Guatemala, mais de 7 mil, Haiti, República Dominicana, mais de 6 mil cada, Venezuela ou Panamá, mais de 5 mil toneladas e na América do Norte o México emite 3.500 toneladas de plástico por ano no oceano, enquanto o Canadá despeja dez vezes menos que os EUA e a Europa menos de 6 mil toneladas, com a Espanha, 235 toneladas/ano, na mesma gama de descargas do Canadá, França, Croácia ou Grécia e acima da Alemanha, 135 toneladas, Portugal, 76 toneladas ou Bélgica, 34 toneladas.

Moral da Nota:  a UE concordou o fim dos automóveis com motor de combustão interna a partir de 2035, um dos pilares das ambições do bloco em matéria ambiental,  com carros novos deixando de emitir CO2 eliminando na prática motores que funcionam com combustíveis fósseis. O texto foi aprovado pelo Parlamento Europeu impondo motorização 100% elétrica para carros novos vendidos a partir de 2035, com o setor automobilístico europeu adiantando planos de conversão fabril oferecendo modelos elétricos, no entanto, a Alemanha ao mudar de posição e passou exigir proposta da Comissão Europeia para abrir caminho à veículos movidos a combustíveis sintéticos, questionados por ONGs ambientalistas que os consideram caros, grandes consumidores de energia elétrica para sua produção e poluentes, por não eliminarem as emissões de óxido de nitrogênio. Outro evento relevante foi a Assembleia Geral da ONU aprovar por consenso resolução "histórica" ​​solicitando parecer da justiça internacional sobre  "obrigações" dos Estados na luta contra o aquecimento global, assim, a Corte de Justiça, CIJ, terá que se pronunciar sobre “obrigações que incumbem aos Estados” na proteção do sistema climático “às gerações presentes e futuras”. A iniciativa lançada em 2021 por Vanuatu,  cujos estudantes da universidade de Fiji fizeram campanha para salvar suas ilhas, na linha da frente do impacto do aquecimento global. Embora opiniões da CIJ não sejam obrigatórias, carregam peso legal e moral significativo frequentemente levado em consideração pelos tribunais nacionais.

quinta-feira, 6 de abril de 2023

Justiça climática

Aplicações de herbicidas à base de glifosato aumentaram 100 vezes desde que a Monsanto introduziu o produto em 1974, sendo que a  Bayer observou em seu Relatório Anual de 2022 que as vendas em sua divisão de herbicidas “à base de glifosato aumentam ano a ano." Produtores pulverizaram mais de 12 milhões de libras de glifosato, 6 vezes mais que o produto químico pulverizado no 2º maior volume em 5,5 milhões de acres na Califórnia em 2020, o ano mais recente de relatórios completos. O crescimento do mercado de glifosato avaliado em US$ 9 bilhões foi impulsionado pela ampla adoção de culturas “Roundup Ready” projetadas para sobreviver às aplicações do herbicida. 

Crianças expostas ao glifosato, tidas como “mais seguras”, enfrentam maior risco de doenças encontradas em adultos como câncer, diabetes e doenças cardiovasculares. Estudo do Centro de Avaliação de Saúde de Mães e Filhos de Salinas,  CHAMACOS, gíria espanhola para “crianças pequenas”, rastreou pares de mães e filhos por mais de 20 anos.  Coletou amostras de sangue, urina e saliva com registros de exposição e saúde produzindo informações sobre efeitos dos riscos ambientais em crianças que vivem no vale de Salinas na Califórnia, chamada de “tigela de salada do mundo”. Condições metabólicas e hepáticas que os pesquisadores encontraram em jovens de 18 anos nas comunidades rurais de Salinas já foram doenças encontradas em adultos, no entanto,  a prevalência nacional de síndrome metabólica infantil e obesidade aumentou entre as populações de cor. A equipe mediu níveis de glifosato e o produto de decomposição, ácido aminometilfosfônico, AMPA, em urina de mães na gravidez e filhos aos 5, 14 e 18 anos de idade além de analisar registros de uso de glifosato próximo as casas partícipes   do estudo. Crianças que comiam mais cereais, frutas, legumes e pão tinham maiores concentrações de glifosato e AMPA na urina, sugerindo que a dieta é a fonte de suas exposições. O estudo prova que o glifosato causa essas condições, mas sinaliza associação que merece investigação aprofundada,  por haver inflamação do fígado e síndrome metabólica tão cedo na vida em geral,  “significando que estamos nos preparando à algo catastrófico na população à medida que envelhece”. A toxicidade do glifosato é objeto de debate, por preocupações na década de 1990,  com plantações de soja, cereais, milho e culturas modificadas para sobreviver a produto químico projetado para matar quase todas as plantas. Se aprofundaram depois que especialistas em câncer da OMS classificaram em 2015 o glifosato como provável carcinógeno humano e reguladores de saúde da Califórnia citaram essa decisão ao adicionar o glifosato à lista estadual de substâncias conhecidas por causar câncer em 2017, medida que a Monsanto desafiou sem sucesso. A Bayer, comprou a Monsanto em 2018, resolveu mais de 100 mil ações judiciais no valor de bilhões de dólares, disse em seu último relatório anual, que planeja substituir herbicidas à base de glifosato no mercado residencial por ingredientes alternativos para reduzir “risco de litígio futuro”.

Moral da Nota: um dos motivos que especialistas em câncer da EPA e OMS chegaram a conclusões opostas, segundo estudo da Environmental Sciences Europe de 2019, foi que a EPA se baseou em estudos regulatórios não publicados encomendados pelo fabricante com 99% dos quais não encontrando nenhum efeito.  Especialistas em câncer da OMS basearam-se em estudos publicados em revistas revisadas por pares, conduzida por cientistas que não trabalham em nome de fabricantes de pesticidas, 70% dos quais encontraram evidências de danos. Mais de 80 artigos publicados desde 2016 “fornecem evidências claras e convincentes” que tanto o glifosato quanto produtos à base de glifosato são tóxicos ao DNA, causando danos que podem levar ao câncer, revisão atualizada do artigo de 2019, publicado no revista Agrochemicals. Cientistas argumentam que agências governamentais não devem confiar em dados não publicados e não revisados por pares gerados pelos fabricantes, em vez disso, deveriam investigar de modo “independente” sobre a toxicidade dos herbicidas à base de glifosato com esforços para monitorar níveis do herbicida nas pessoas ou em suprimento de alimentos e “nenhum dos quais está ocorrendo hoje”.


terça-feira, 4 de abril de 2023

O Ártico

Estudos suecos alertam que o Oceano Ártico aquece mais rápido que o previsto por modelos climáticos da ONU, acelerando derretimento do gelo marinho. Estudos da Universidade de Gotemburgo publicados no Journal of Climate, explicam que correntes quentes do Ártico profundo são mais quentes e mais próximas da superfície entrando em contato direto com o bloco de gelo e acelerando o derretimento do inverno. Compararam as observações com cálculos de 14 modelos considerados pelo IPCC, Painel Intergovernamental de Especialistas em Mudanças Climáticas da ONU, que elabora os principais relatórios sobre o clima, sendo que a influência das águas profundas que circulam no Ártico a partir do Atlântico é subestimada. Um dos estudos avalia que a superfície do bloco de gelo diminuiu em média 9% no inverno e 48% no verão desde as primeiras fotografias de satélite em 1979, daí, a espessura diminuir 66% e, em 2022, enquanto outro estudo revelou que a atmosfera no Ártico aqueceu 4 vezes mais rápido que em qualquer outro lugar nos últimos 40 anos, o dobro da taxa fornecida pelos modelos do IPCC.

Neste quadro, o presidente Biden prometeu não permitir novas perfurações de petróleo e gás em terras federais, reforçando compromisso com o Acordo Climático de Paris, daí,  a decisão de seu governo de aprovar o projeto de petróleo Willow no Alasca é considerada contraditória porque afeta o habitat de comunidades nativas e contrárias ao projeto. O projeto de petróleo Willow é a maior extensão de terra pública não perturbada dos EUA, portanto, a decisão de aprovar um projeto de petróleo no Alasca, localizado em área conhecida como Reserva Nacional de Petróleo em terras do estado pode afetar comunidades indígenas que se opõem ao projeto. Os legisladores do Alasca e patrocinadores do projeto dizem que Willow cria empregos e contribui à independência energética dos EUA esperando-se produção máxima de 180 mil barris de petróleo/dia, no entanto, organizações ambientais e comunitárias nativas se opõem e,se concretizado, será administrado pela ConocoPhillips, multinacional norte-americana de extração, transporte e processamento de petróleo, prevendo 3 áreas de perfuração das 5 solicitadas pela empresa, com aproximadamente 219 poços. A meta é produzir 576 milhões de barris de petróleo em 30 anos, estimativas do Bureau of Land Management, BLM, e a emissão de 9,2 milhões de toneladas de CO2/ano, que representa 0,1% das emissões de gases efeito estufa nos EUA em 2019. Aprovado no governo de Trump, o projeto de petróleo Willow foi interrompido por um juiz em 2021 e nova revisão do governo Biden o reanimou pretendendo proibir perfuração de grande área do Ártico que faz fronteira com a Reserva Nacional de Petróleo Christy, ao passo que a diretora de impacto de políticas do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais, disse  “é um erro grave dar luz verde a uma bomba de carbono, atrasando a luta climática e encorajando indústria determinada  destruir o planeta. Errado no clima e errado ao país.” Grupos ambientalistas lutaram para bloquear a aprovação de Willow e, no processo, motivaram jovens americanos participar de campanha nas redes sociais para se opor, via petição no site Changeorg,  atraindo 3,2 milhões de assinaturas. A invasão da Ucrânia pela Rússia complicou a decisão após embargos ao petróleo e ao gás russo disparando preços da energia quando executivos do petróleo na conferência do setor em Houston argumentarem que rejeitar Willow seria hipócrita. A decisão dividiu comunidades nativas do Alasca com líderes do vilarejo de Nuiqsut, mais próximo do projeto, se opuseram dizendo que ameaçava a saúde pública e a caça de subsistência, no entanto, outras comunidades nativas apoiaram o desenvolvimento. Willow certamente terá impactos locais e nos primeiros anos de desenvolvimento, exigirá viagens de caminhão no inverno e primavera, de acordo com a declaração de impacto ambiental, poluindo área com exaustão de diesel,  que algumas pessoas atribuíram aumento na incidência de doenças respiratórias à perfuração em projeto separado a alguns kms ao norte e um segundo a oeste, sendo que Willow adicionaria um terceiro, além do local existente a oeste.

Moral da Nota: o novo livro da escritora dinamarquesa Dorthe Nors, “A Line in the World”,  narra um ano de viagens ao longo da ameaçada costa do Mar do Norte. Quando a escritora era criança na Dinamarca, teve encontro com o Mar do Norte,  momento que ficaria com ela pelo resto de sua vida, dizendo que  “estava segurando a mão da minha mãe”,  escreve, em “A Line in the World” “enquanto caminhávamos pela praia, deixando as ondas baterem em nossos tornozelos, um deles me arrastou para fora.” Em “A Line in the World” explora contradições que capta de modo nítido com a mudança climática pairando nas bordas de “uma linha no mundo” como um espectro e o aquecimento global alimentam tempestades e ressacas pelas quais a região é famosa, tornando-as intensas e frequentes. No Mar do Norte, a mudança é  constante, suas praias e ilhas são sempre refeitas pelo vento e água, durante séculos o mar engoliu marcos icônicos, casas, cargas de navios, cidades inteiras mas a mudança climática deu início a uma era de extremos artificiais. O livro narra viagem ao longo desta costa deslumbrante, para ilhas, cidades, praias, igrejas e trilhas que se estendem ao longo da fronteira oeste da Dinamarca de norte a sul e na Alemanha, conta histórias de vilas de pescadores tradicionais, rotas vikings, afrescos religiosos, naufrágios e uma área chamada Cold Hawaii atraindo surfistas em busca de emoção. As andanças de Nors incorporam história, língua e cultura, embora seu tema central seja o lugar e o mundo natural, se preocupa em desvendar a relação nodosa e tensa entre a costa específica e as pessoas que ali vivem. “Uma Linha no Mundo” ilustra como a natureza pode ser lida como registro do passado e os lugares contêm memórias de todo aquele desejo, escreve, todas aquelas memórias fugazes de dias ao sol e tempo passado com entes queridos, picadas de água-viva, pipas e tempestades. Embora a mudança climática assuma o Mar do Norte, Nors disse que não queria que a crise ocupasse o centro do livro, “queria escrever sobre este lugar e sua beleza com amor, em vez de dizer que já está morto por causa do apocalipse”.

segunda-feira, 3 de abril de 2023

Vulnerabilidades

Plantar árvores ou proteger florestas tropicais tornaram-se ferramentas populares à empresas que buscam compensar emissões de carbono e proclamar compromisso com o ambiente, no entanto, escândalos recentes lançam sombra sobre a indústria de crédito de carbono revelando cenário repleto de oportunidades ao greenwashing, com Walt Disney, JP Morgan e grandes corporações acusados ​​de comprar créditos de carbono de projetos de proteção florestal aonde não havia risco de desmatamento. Empresa responsável pela gestão de 600 mil hectares de terra nos EUA supostamente ganhou US$ 53 milhões nos últimos dois anos com créditos de carbono que não alteraram práticas de manejo florestal e nenhum desses projetos sequestrou carbono além do que teria sido absorvido pelas árvores via fotossíntese. Contabilizaram créditos de carbono resultantes em suas próprias metas de redução, compensando emissões na contabilidade de carbono das operações. Os créditos de carbono são amplamente utilizados e, segundo estimativas, o número de toneladas de CO2 que representam um crédito equivalente a uma tonelada multiplicar-se-á por dez até 2030, cerca de dois bilhões de toneladas.

O The Guardian, Die Zeit e uma ONG revelaram que mais de 90% dos projetos certificados pelo verificador líder Verra à conservação florestal no âmbito do programa REED+ da ONU para reduzir desmatamento e degradação florestal,  provavelmente eram "créditos fantasmas" que não representam "reduções reais de emissões" com o CEO da Verra rejeitando as descobertas, sob o argumento que "projetos de REDD não são conceito abstrato, representam projetos reais que fornecem benefícios de afirmação da vida" e após a divulgação do fato, o preço dos créditos de carbono relacionados à natureza, caiu, de acordo com a chefe global de carbono da S&P Global. Desde então,  agências de classificação independentes defenderam suas metodologias enfatizando necessidade de financiar projetos de proteção à natureza, sendo que a questão central são iniciativas destinadas a deter o desmatamento e o desafio de provar que o desmatamento ocorreu sem o financiamento. As empresas que compram créditos devem ser "mais transparentes", indicando onde são obtidos e como reduzem suas emissões, em outras palavras, as empresas que financiam florestas para compensar emissões de carbono, são aceitáveis, mas não como brecha para evitar a redução de suas próprias emissões. O XDI Cross Dependency Initiative, focado em risco climático, analisou mais de 2.600 regiões no mundo usando modelos com dados climáticos e ambientais para avaliar danos econômicos que o aumento da temperatura pode causar até 2050, com projeções de danos ao ambiente construído decorrente condições extremas e mudanças, aí,  inundações, incêndios florestais e elevação do nível do mar. Usou modelos climáticos com dados meteorológicos e ambientais, analisou projeções de danos ao ambiente construído e notou que China, EUA e Índia abrigam 80% dos 50 principais estados em risco pelas mudanças climáticas em 2050. A China lidera com 16 das 20 regiões globais mais vulneráveis ​​às mudanças climáticas, que podem ter efeitos globais generalizados com alguns dos centros industriais mais importantes do mundo em risco devido ao aumento dos níveis de água e condições climáticas extremas, sendo que os EUA têm os estados de maior risco com 18 entre os 100 primeiros.  O relatório indica que 2 das maiores economias subnacionais da China, Jiangsu e Shandong, lideram o ranking global em termos de vulnerabilidade às mudanças climáticas considerando que a mudança da manufatura global à Ásia gerou aumento no investimento em infraestrutura em regiões já vulneráveis ​​na China, tornando-a mais suscetível a impactos das mudanças climáticas. Embora o clima se torne cada vez mais decisivo quando se trata de determinar o fluxo de capital, resta saber se impedirá o investimento em regiões mais vulneráveis, questiona o cofundador do XDI.

Moral da Nota: a descoberta que os oceanos estão poluídos por 170 trilhões de fragmentos plásticos pesando 2 milhões de toneladas, sobre estimativas analisando tendências do plástico oceânico de 1979 a 2019,  "sem precedentes" desde 2005, podem triplicar até 2040 se nenhuma outra ação for tomada.  Liderada pelo 5 Gyres Institute, organização dos EUA que faz campanha para reduzir a poluição plástica, revelou que a poluição plástica pode aumentar 2,6 vezes até 2040 se políticas legalmente obrigatórias não forem introduzidas. O estudo indicou que o rápido aumento da poluição plástica nos oceanos após 2005 revela salto repentino na produção de plástico, fragmentação da poluição plástica existente ou mudanças na geração e gestão de resíduos terrestres. Analisou dados de poluição plástica no nível da superfície de 11.777 estações oceânicas em 6 grandes regiões marinhas, abrangendo período de 1979 a 2019, observando que micro plásticos são particularmente perigosos aos oceanos, não apenas contaminando a água, mas danificando  órgãos internos de animais marinhos que confundem plástico com comida. Especialistas explicam que o estudo mostra que o nível de poluição marinha por plástico nos oceanos foi subestimado e que a ONU iniciou negociações de acordo para combater a poluição plástica no Uruguai em novembro de 2022, visando redigir tratado juridicamente vinculativo até fins de 2024, com o alerta do Greenpeace que, sem um forte tratado global a produção de plástico pode dobrar em 10 a 15 anos e triplicar até 2050.


sexta-feira, 31 de março de 2023

IA e clima

Na busca por desacelerar mudanças climáticas, maior desafio do planeta, a IA pode auxiliar trazendo soluções.  Atualização climática emitida pela OMM, Organização Meteorológica Mundial, indica que há 40% de chance da temperatura média global anual atingir temporariamente 1,5°C acima do nível pré-industrial nos próximos anos, sendo que pesquisadores acreditam que IA não pode resolver todos os problemas relacionados à mudança climática, mas, ser útil em muitas áreas como produção de energia, remoção de CO2, geoengenharia solar e etc. Os países estão fazendo o que podem  para controlar subida da temperatura usando vários métodos de Inteligência Artificial para lidar com preocupações climáticas.

A Índia usa IA como mecanismo de análise, enquanto IoT responde pela coleta de informações via sensores, tecnologias possibilitando agricultura de precisão em escala, melhoria do rastreamento no desmatamento, criação de infraestrutura sustentável, descoberta de materiais, além de previsão de calamidades naturais como furacões, deslizamentos de terra, terremotos e etc. Organizações de manufatura na Alemanha usam inovação da IA para simplificar a criação e melhoria de produtos enxergando potencial de reduzir utilização de energia e ativos.  A expansão de aprendizado de máquina na montagem economiza recursos naturais, energia e descargas de CO2, com pesquisadores alemães na crença que precisam IA para obter eficiência de recursos e preservação de ativos.  O Japão está presente em negociações globais sobre clima desde 1997 quando o Protocolo de Kyoto foi adotado na COP3, Conferência de Partes da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima em Kyoto,  reconhecido como país com tecnologias produtivas de energia de ponta contribuindo à colaboração global no campo da mudança ambiental,  no entanto, o desempenho do Japão até 2013 não foi agradável nas emissões de Gases Efeito Estufa, GEE, após o terremoto de março de 2011 quando as emissões aumentaram significativamente.  A Rússia prometeu reduzir emissões de gases efeito estufa até 2030 em 70% em relação a níveis de 1990, assumindo que suas florestas absorvam  quantidade máxima possível de CO2, enquanto pesquisadores russos buscam entender pegada de carbono, otimizando desenvolvimento de energia limpa, criando materiais com baixo teor de carbono, meta baixa, que a Rússia  alcançou anos atrás e não expressou desejo de estabelecer meta mais ambiciosa. A agência de pesquisa marinha tropical da Austrália turbina inovação de reconhecimento facial para examinar fotografias de recifes de corais em tentativa de acompanhar a rápida mudança nas condições que podem levar a compreensão do efeito na mudança ambiental e ações humanas nos sistemas biológicos, incluindo a Grande Barreira de Corais. Pesquisadores do Instituto Australiano de Ciências Marinhas reúnem  imagens subaquáticas de recifes de corais para exame posterior e, em alguns casos, estavam mudando tão rapidamente que não conseguiam acompanhar o ritmo usando métodos convencionais de análise ativa, ao passo que IA classificou as imagens 100 vezes mais rápido que as pessoas. Alcançar emissões líquidas zero na economia até 2050 é foco dos EUA e, ao promover o objetivo, examinou como cada área da economia pode estimular  avanço, liberar oportunidades, gerar seriedade e reduzir contaminação, objetivo, que expande iniciativa de prefeitos, representantes e chefes de distrito,  líderes tribais, organizações, instituições culturais, associações de assistência médica, investidores e pesquisadores que cooperaram para garantir avanço sustentado na redução da contaminação nos EUA.

Moral da Nota:  emissões de gases efeito estufa do Reino Unido caíram 3,4% em 2022, conforme análise do Carbon Brief, encerrando recuperação pós-Covid. Carvão e gás caíram em 2022 devido ao forte crescimento em energia limpa, temperaturas acima da média e preços recordes de combustíveis fósseis suprimindo a demanda. A redução de 15% no uso de carvão significa que a demanda do Reino Unido é a menor em 266 anos, sendo que a última vez que a do carvão foi tão baixa foi em 1757 quando George II era rei. As emissões de petróleo aumentaram, pois o tráfego rodoviário voltou aos níveis pré-Covid e o tráfego aéreo dobrou em relação ao ano anterior, no entanto, foi superado pelas reduções de carvão e gás. As emissões do Reino Unido caíram em nove dos últimos 10 anos, mesmo com o crescimento da economia e a queda em 2022 coloca as emissões 49% abaixo dos níveis de 1990, enquanto a economia cresceu 75% no mesmo período. A Carbon Brief com base em dados preliminares de energia do governo, mostra que as emissões do Reino Unido caíram 14 milhões de toneladas de equivalente de CO2  em 2022, mostrando ainda que as emissões teriam aumentado em 2022 se as temperaturas não estivessem 0,9°C acima da média e sem o forte crescimento da energia eólica e solar,  significando que uma fração dos cortes de emissões de 2022 veio de uma ação deliberada e, com o uso de carvão em níveis tão baixos, o Reino Unido precisará abordar emissões de edifícios, transporte, indústria e agricultura se quiser fazer mais progresso em direção à  meta de zero líquido.