quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Uruguai

A rede elétrica uruguaia é 99% renovável, metade do custo dos combustíveis fósseis,  o criador, o físico Ramon Méndez Galain que liderou transformação, afirma que o mesmo manual de instruções funcionaria em qualquer lugar do mundo, daí, transição energética rápida, barata e real, eletricidade quase 100% renovável, custos pela metade, emprego local, investimento, estabilidade e modelo replicável caso as regras mudem. O Uruguai alcançou o que muitos consideram impossível, ou, sistema elétrico quase inteiramente renovável a custo menor que combustíveis fósseis nos indicando que a transição energética nunca foi apenas questão climática, acima de tudo, questão econômica, com o país demonstrando que a energia limpa pode ser mais barata, mais estável e gerar empregos que petróleo ou gás.  O marco regulatório uruguaio que, por décadas favoreceu combustíveis fósseis, levou a energias renováveis ​​a vencerem em todas as frentes, quer dizer, preços mais baixos, mais empregos e menor vulnerabilidade e a análise do sistema energético evidenciou dilema clássico à um país pequeno, a demanda crescente de eletricidade, disponibilidade quase nula de combustíveis fósseis próprios e dependência cada vez maior de importações, com energia hidrelétrica já explorada ao máximo levando a apagões em residências e indústrias. Com 3,5 milhões de habitantes o Uruguai não possuía grande setor industrial que justifique investimentos em infraestrutura fóssil, no entanto, essa estrutura produtiva permitiu repensar o sistema energético com abordagem orientada à redução de custos e, na década de 2010, o governo reconheceu que dependência ao petróleo importado era insustentável. O mentor do modelo uruguaio oriundo da área da física de partículas, propôs o conceito disruptivo de construir sistema baseado em recursos renováveis ​​nacionais com regras elaboradas para garantir cometição em igualdade de condições com combustíveis fósseis, hoje, o Uruguai gera 99% da energia  a partir de fontes renováveis, com usinas termelétricas entre 1% e 3% entrando em operação quando a energia hidrelétrica, eólica e solar não suprem a demanda. Daí, 45% provém da energia hidrelétrica, eólica 35%, biomassa 15% e energia solar usada para preencher lacunas, o conjunto, levou a queda no custo total da eletricidade a metade comparado a sistema baseado em fósseis, considerando que Honduras, República Dominicana e Chile analisaram os dados nos últimos anos buscando implementar modelos semelhantes. Vale a Nota que o Uruguai atraiu US $ 6 bilhões de investimentos em renovável ao longo de 5 anos gerando 50 mil empregos, significativo à país de seu porte, além de estabilidade liberando o país dos conhecidos choqes do mercado internacional de combustíveis, em consequência, promoveu mercados de longo prazo eliminando subsídios fósseis e criando leilões competitivos à eólica e solar reduzindo preços. Por fim, o modelo uruguaio é avaliado por México, Chile, Colômbia, Holanda e África do Sul cada um com suas prioridades e limitações, considerando que transição na Europa ou Ásia envolvem redes envelhecidas ou demandas industriais intensivas exigindo melhorias na infraestrutura e aumento do armazenamento considerando o caso uruguaio em que a transição energética foca economia e cria empregos, deixando de ser apenas obrigação climática.

Relatório do Observatório Europeu da Seca, EDO, mostra que a Europa e a bacia mediterrânea apresentaram em agosto de 2025, seca histórica atingindo a região mediterrânea com mais da metade, 51,3%, dos solos afetados, em índice não registrado ao período desde o início das observações, em 2012, considerando que desde meados de abril, metade da região foi afetada superando o verão de 2022. O indicador de seca do observatório do programa europeu Copernicus, baseado em satélite, combina nível de precipitações, umidade dos solos e estado da vegetação, dividido em 3 níveis de seca, ou, monitoramento, alerta e alarme e, em agosto, 7,8% da Europa e região mediterrânea em alarme, 38,7% em alerta e 4,9% em monitoramento, com o Cáucaso e o norte dos Bálcãs como regiões mais afetadas Geórgia e Armênia com 97% dos territórios atingidos, assim como Bulgária e Kosovo, enquanto Sérvia, Macedônia do Norte, Albânia, Hungria e Montenegro com três quartos ds áreas em alerta ou alarme. Espanha, Portugal e Itália, foram afetados por incêndios no início do mês e enfrentam seca de forma localizada, considerando dados mais recentes, 69,5% do Reino Unido e 63% da França enfrentam algum nível de seca em monitoramento, alerta ou alarme. Vale a consideração que a umidade dos solos e a vegetação retornaram a condições normais na Alemanha, Suíça, Áustria e República Tcheca, afetadas nos meses anteriores e, com base em estimativas por país fornecidas pelo sistema europeu de informação sobre incêndios florestais, Effis, devastaram um milhão de hectares em 2025 superando em 8 meses o recorde de área queimada em 1 ano inteiro. 

Moral da Nota: o mercado global de veículos elétricos a bateria, BEVs, ultrapassou a marca de 10 milhões de vendas anuais em 2024, com vendas 10% maiores comparadas a 2023 e, em maio de 2025, a China atingiu marco com mais de 1 milhão de carros elétricos vendidos em um único mês, dados do Conselho Internacional de Transporte Limpo, ICCT. Os chineses passam a dominar o mercado global em termos de volume de vendas e, em alguns países europeus lideram em termos de adoção, com participação de BEVs nas vendas de carros novos no primeiro semestre de 2025 em dados compilados pela PwC afirmando que mais de 90% dos carros de passeio recém-registrados eram elétricos. A mobilidade elétrica avança no Norte da Europa, Dinamarca e Holanda com algumas das maiores quotas de mercado, 63,6% e 35,0%, respetivamente, quer dizer, entre 1 e 2 em cada 3 veículos novos vendidos, um detalhe, o mercado norte americano reflete a quota de VE de 7,3%, considerando o fato que medidas políticas da Noruega por exemplo, isenções fiscais, isenções de portagens e outros incentivos mostraram-se eficazes na promoção de carros elétricos sendo que o modelo norueguês não pode ser facilmente transferido à outros países. O caso da Noruega é particular, impõe taxas de importação de veículos e impostos de registro de automóveis tornando os carros mais caros que nos EUA por exemplo, enquanto renunciar taxas à veículos elétricos permite ao país subsidiar compras de VE a nível que qualquer outro país como os EUA por exemplo, não poderia pagar e o fato dos noruegueses serem ricos graças ao Petróleo.