Dois novos estudos informam que a exposição direta à radiação de Chernobyl causou quebras de DNA que levaram ao câncer de tireoide, mas não afetou as crianças futuras. Um passo à frente na compreensão dos mecanismos que impulsionam o câncer de tireoide humano, segundo Stephen Chanock, diretor da divisão de epidemiologia e genética do câncer do Instituto Nacional do Câncer dos EUA, NCI, e autor sênior de ambos os artigos de pesquisa. Esta conclusão vale aos que foram expostos à radiação em eventos como o desastre da usina nuclear de Fukushima em 2011 e planejam formar famílias. A pesquisa epidemiológica mostra os que foram expostos a radiação tinham risco maior que os não expostos a um tipo específico de câncer de tireoide chamado carcinoma papilar de tireoide, quanto mais jovem a pessoa no momento da exposição à radiação maior o risco de desenvolver no futuro carcinoma papilar de tireoide. No estudo analisaram o tecido de tumores de carcinoma da tireóide mantidos no Banco de Tecidos de Chernobyl, comparando a genética de tumores de 359 pessoas que foram expostas à radiação do acidente antes da idade adulta, com a de tumores de pessoas da mesma região que nasceram mais de nove meses após o acidente, portanto, não expostos diretamente. Os pesquisadores descobriram que com mais exposição à radiação, o tecido tumoral apresentava níveis mais elevados de quebras de DNA de fita dupla, com as duas fitas que compõem o DNA se rompendo no mesmo ponto.
Estudos sobre sobreviventes da bomba atômica de Hiroshima e Nagasaki não encontraram evidências de defeitos congênitos importantes, natimortos ou mortes de recém-nascidos em bebês concebidos após a exposição, embora a reanálise dos dados sugira possibilidade de aumento do risco. No segundo estudo cientistas procuraram possíveis efeitos multigeracionais da exposição à radiação se concentreando nas crianças vivas de um grupo conhecido como liquidacionistas, pessoas que trabalharam na usina para limpar a radioação nos meses que seguiram ao desastre. Sequenciaram genomas inteiros desses indivíduos expostos a níveis de radiação muito altos e de 130 crianças nascidas entre 1987 e 2002. Os resultados mostraram que as mutações que ocorreram eram em taxa semelhante aos filhos de liquidantes de Chernobyl, quer dizer, não houve efeito da radiação nos filhos. Segundo o professor de medicina preventiva da Keck School of Medicine da University of Southern California, que não participou da pesquisa, o trabalho "reúne o lado genético e o lado epidemiológico da radiação" e "só agora temos a tecnologia para realmente responder às questões."
Moral da Nota: cerca de 30 mil pessoas estavam próximo ao reator de Chernobyl quando explodiu recebendo 45 rem de radioatividade. A Agência Internacional de Energia Atômica, IAEA, que analisou a distribuição da radiação na Europa e EUA estimou que a dose cumulativa de radiação de Chernobyl era de 10 milhões de rem, levando a mais 4 mil mortes por câncer. Apenas 15 minutos após a explosão de Chernobyl "a radioatividade caiu para um quarto de seu valor inicial, após 1 dia para um quinze avos, após 3 meses para menos de 1%", com "grande parte da radiação literalmente se transformando em fumaça e apenas a radiação perto do solo afetou a população." Os bombeiros foram expostos a altos níveis de radiação e dezenas morreram por radioatividade estimada em mais de 1 quatrilhão de gamas, sendo que provavelmente passa desapercebida a dose de 100 rem, apresentando sintomas iguais ao do tratamento por quimioterapia com queda de cabelo, náusea e apatia com 200 rem e por fim, mais 300 rem têm boa chance de morrer a menos que receba tratamento de urgência como transfusão de sangue. De acordo com a Comissão Nuclear Reguladora dos EUA, Chernobyl não tinha prédio de contenção ou concha hermética que envolve um reator nuclear, para confinar produtos de fissão lançados na atmosfera. Estudo de 2015 aponta que a evacuação da área deu espaço a vida selvagem, com alces, veados e javalis semelhantes aos números da população nas reservas naturais nas proximidades não contaminadas, no entanto, apontam níveis de vida selvagem mais baixos que em outras regiões protegidas da Europa, indicando que a radiação ainda afeta a área.