domingo, 2 de novembro de 2025

À Beira do Abismo

O relatório The 2025 state of the climate report: a planet on the brink Free, ou, Sobre o Estado do Clima em 2025: um Planeta à Beira do Bbismo, de William J Ripple e colegas, publicado na BioScience, Oxford Academic, busca apanhado geral sobre condições do clima em 2025, dizendo que, caminhamos a passos largos ao caos climático, com sinais vitais do planeta em alerta máximo. Avalia que alterações climáticas pela ação humana não são ameaças futuras, mas, realidade presente e que a emergência iminente decorre da falta de previsibilidade, inação política, sistemas econômicos insustentáveis ​​e desinformação, em que cantos da biosfera sofrem com o aumento do calor, tempestades, inundações, secas e incêndios, fechando a janela de oportunidade. A OMM, Organização Meteorológica Mundial, relatou no início de 2025, que 2024, foi o ano mais quente já registrado, provavelmente, a temperatura foi superior ao pico do último período interglacial há 125 mil anos e que o aumento dos níveis de gases efeito estufa continuam como força por trás da escalada, acontecimentos enfatizam a insuficiência dos esforços para reduzir emissões de gases marcando início de um sombrio capítulo à vida na Terra. Se dirige aos riscos globais agindo no enfrentamento com clareza e determinação, cujas evidências de aquecimento acelerado embasado em indicadores vitais da Terra que emitiram declaração de emergência climática com apoio de 15.800 cientistas signatários, com seções finais incluindo sugestões de mitigação climática e transformações sociais amplas e necessárias à garantir futuro habitável. 

Nos informa que o ano de 2024 estabeleceu novo recorde de temperatura média global da superfície, sinalizando escalada nas mudanças climáticas e, atualmente, 22 dos 34 sinais vitais planetários estão em níveis recordes, em aquecimento que pode estar acelerando provavelmente impulsionado pela redução do resfriamento por aerossóis, fortes retroalimentações das nuvens e um planeta cada vez mais escuro. A atividade humana causa sobrecarga ecológica, população, rebanho, consumo de carne e produto interno bruto estão em níveis recordes com acréscimo de 1,3 milhão de humanos e 0,5 milhão de ruminantes por semana e, em 2024, o consumo de energia fóssil atingiu recorde histórico, com carvão, petróleo e gás em níveis máximos enquanto o consumo combinado de energia solar e eólica estabeleceu novo recorde, mas 31 vezes menor que o consumo de energia de combustíveis fósseis. Em 2025, o CO2 atmosférico encontra-se em nível recorde, agravado por queda  na absorção de carbono pela terra, em parte devido ao El Niño e incêndios florestais em que a perda global de cobertura florestal relacionada a incêndios atinge nível recorde, com aumento de 370% nos incêndios em florestas primárias tropicais em relação a 2023, alimentando aumento de emissões e perda de biodiversidade. O calor do oceano atingiu nível recorde, contribuindo ao maior evento de branqueamento de corais registrado, afetando 84% da área dos recifes, em 2025, as massas de gelo da Groenlândia e Antártida estão em níveis historicamente baixos e as calotas polares podem estar ultrapassando pontos de inflexão e levar o planeta à elevação do nível do mar de vários metros. Desastres aumentaram com inundações no Texas matando 135 pessoas, incêndios florestais na Califórnia ultrapassam USD 250 bilhões em danos e desastres relacionados ao clima no mundo desde 2000 chegam a mais de USD 18 trilhões, sendo que mudanças climáticas colocam em risco espécies de animais selvagens, mais de 3.500 ameaçadas, com evidências de colapsos populacionais relacionados ao clima. A circulação meridional de inversão do Atlântico se enfraquece ameaçando com grandes perturbações climáticas que já afetam a qualidade e disponibilidade de água prejudicando produtividade agrícola, gestão sustentável dos recursos hídricos e aumento do risco de conflitos relacionados à água, com trajetória perigosa de aquecimento global extremo, agora mais provável devido ao aquecimento acelerado, aos ciclos de retroalimentação e pontos de inflexão. Mitigação das mudanças climáticas disponíveis, economicamente viáveis ​​e necessárias, de proteção florestal e energias renováveis ​​a dietas ricas em vegetais, podem limitar o aquecimento se agirmos com ousadia e rapidez, com pontos de inflexão social que podem impulsionar mudanças, mesmo movimentos pequenos e contínuos, alterando normas e políticas públicas, destacando caminho a seguir em meio ao impasse político e crise ecológica, necessitando mudança sistêmica que conecte abordagens técnicas individuais com transformação social ampla, governança, políticas e movimentos sociais.

Moral da Nota: um dos fatores de instabilidade global é a crise climática com eventos extremos impactando perda de vidas, provocando escassez de recursos, deslocamentos populacionais e agitação civil, desafios agravados pelo enfraquecimento da cooperação internacional e redução da ajuda externa em que pressões convergentes sobrecarregam  governos nacionais, instituições multilaterais e comunidades. A estratégia que incorpora resiliência climática às estruturas de defesa nacional e política externa é urgente e necessária, sem ela, riscos em cascata sobrecarregam sistemas, governança e saúde pública dos ecossistemas. Pontos de inflexão social, momentos de mudanças nas políticas e normas públicas se aceleram, oferecem caminho ao progresso e, para alcançá-los serão necessárias liderança, engajamento público e mudança institucional em que política climática deve coexistir com o científico e ético, independente de preocupações políticas, a demora só aumenta custo humano e ambiental. Mudanças climáticas são ameaça a ecossistemas e saúde humana, questão de justiça social que prejudica de modo desproporcional os mais vulneráveis ​​e marginalizados, que menos contribuíram à crise, a elevação do nível do mar, florestas em chamas e comunidades desestabilizadas, devem permanecer guiados por compromisso de justiça, dignidade e bem comum. Por fim, o futuro ainda está sendo escrito por escolhas em políticas públicas, investimentos, educação e cuidado mútuo com a Terra, permitindo criação de ponto de virada se abraçarmos a humanidade compartilhada e reconhecermos a profunda interconexão da vida no planeta. Assim termina o relatório.