Relatório do Instituto Potsdam à Pesquisa de Impacto Climático, Alemanha, alerta que a acidificação oceânica ultrapassou limite seguro, devendo ameaçar a pesca, ecossistemas marinhos e o clima global, decorrente emissões de gases efeito estufa, queima de combustíveis fósseis, que elevaram a acidez além de um limite seguro e, segundo cientistas, ameaçando a capacidade de sustentar moluscos e corais auxiliando na luta contra mudanças climáticas. Afirma que a acidificação dos oceanos é a mais recente "fronteira planetária" a ser cruzada, referência a conjunto de sinais de alerta relacionados aos sistemas planetários que mantêm a Terra segura à civilização humana, no entanto, outras fronteiras já foram cruzadas incluindo níveis perigosos de poluição química, aquecimento da atmosfera e mudanças no ciclo de nutrientes sinalizando ameaças e, conforme Johan Rockstrom, diretor do Instituto Potsdam à Pesquisa de Impacto Climático, responsável pelo relatório Planetary Health Check, "com risco de causar mudanças que minariam a capacidade de sustentar a vida e o desenvolvimento humanos", concluindo que, "quando atingimos o limite superior da faixa de incerteza, entramos na zona vermelha, zona de alto risco onde a maioria da ciência concorda que é provável que pressionamos botões que causarão mudanças irreversíveis, nos comprometendo afastar das condições habitáveis na Terra." Os oceanos quando adicionados à lista de fronteiras planetárias é preocupação devido aos bilhões de pessoas que deles dependem, a acidificação contínua pode não apenas destruir a pesca, da qual muitos dependem para se alimentar, como reduzir a capacidade de absorver CO2 e moderar o aquecimento global e, uma vista subaquática de parte da Grande Barreira de Corais mostra corais sofrendo branqueamento em massa decorrente ondas de calor marinhas enquanto seu crescimento está ameaçado pela acidificação oceânica. À medida que queimamos combustíveis fósseis e lançamos CO2 na atmosfera, estima-se que o oceano absorva mais de um quarto desse CO2 e, de acordo com Christopher Harley, professor que estuda mudanças climáticas e o oceano na Universidade da Colúmbia Britânica "assim como quando adicionamos CO2 à Coca-Cola ou ao refrigerante, isso os torna mais ácido", quando o CO2 é absorvido, o processo químico reduz a disponibilidade de um mineral que certas formas de vida marinha, de moluscos a corais, precisam para desenvolver-se. O relatório afirma que está diminuindo a saturação de aragonita no oceano, ultrapassando um nível seguro, com especialistas observando efeitos negativos desde o desenvolvimento atrofiado das larvas a conchas mais fracas em diversas espécies, incluindo plâncton, mexilhões, caranguejos e ostras, com Cosima Porteus, professora assistente da Universidade de Toronto em Scarborough, que estudou impacto da acidificação oceânica sobre caranguejos-de-pente, espécie estimada em mais de US$ 250 milhões em exportações à Colúmbia Britânica, nos informando que, "os caranguejos, em particular, têm visão ruim, dependem de outros sentidos como o olfato para seu dia a dia", com a pesquisa informando que, em altos níveis de acidificação, têm capacidade reduzida de encontrar alimento que pode afetar seu crescimento futuro. Por fim, Iria Gimenez, pesquisadora do Instituto Hakai, na Colúmbia Britânica, afirma que águas mais frias absorvem mais CO2 e que o derretimento das geleiras contribuem ao problema, colocando-nos em "linha de base mais alta", concluindo, "a acidificação dos oceanos talvez tenha sido percebida como espécie de queima lenta, sem impactos imediatos de algo tão intenso e extremo como, por exemplo, a cúpula de calor de 2021 nos ecossistemas marinhos costeiros".
O surgimento de crateras no permafrost siberiano desde 2012 intriga a comunidade científica, cavidades gigantes, de até 50 metros de profundidade que surgiram nas penínsulas de Yamal e Gydan, norte da Rússia, deixando paisagens semelhantes às lunares em ambiente ártico, até agora, nenhuma teoria havia sido capaz de explicar por que essas formações ocorrem apenas naquela região específica apesar do permafrost também estar presente em outras áreas do Ártico. Estudo recente, publicado na revista Science of the Total Environment, oferece explicação coerente e detalhada, com Helge Hellevang, geocientista ambiental da Universidade de Oslo, propondo que a formação das crateras está ligada às condições geológicas e climáticas específicas da área, com modelo baseado em reação em cadeia, que abaixo do permafrost das penínsulas afetadas encontram-se reservatórios de gás natural, recurso abundante naquela parte da Sibéria e, à medida que o tempo passa e o clima esquenta, o gás começa a se mover para cima carregando calor e, ao atingir camadas congeladas do solo, o calor enfraquece o permafrost que atua como tampa ou selo. À medida que a camada derrete e afina, o gás se acumula abaixo, sem saída, é como encher um balão sob espessa camada de gelo e, chegando ao ponto que a pressão se torna insuportável, é liberado abruptamente causando explosão que joga terra e blocos de gelo no ar, deixando enorme cratera. O novo modelo tenta explicar as crateras como fenômeno generalizado do permafrost, mas, como algo específico daquela região, ao passo que as condições locais são cruciais cuja presença maciça de gás natural, profundidade rasa da camada de permafrost e terreno geologicamente propenso ao acumulo de gás tornam as penínsulas cenário ideal para esse tipo de fenômeno, quer dizer, embora o permafrost esteja derretendo em outras áreas do Ártico se não houver acúmulos simultâneos de gás ou um tipo de solo semelhante, crateras como as observadas na Sibéria não se formarão. A equipe de Hellevang baseou-se em revisão exaustiva de estudos anteriores, análises geológicas e simulações matemáticas para desenvolver um modelo conceitual cujo objetivo era construir base teórica robusta que explicasse quais condições devem existir para que uma explosão dessa natureza ocorra, daí, considerar que o modelo é um 1º passo, sendo que os pesquisadores planejam realizar trabalho de campo e simulações detalhados para verificar a validade das conclusões, enquanto a observação direta do terreno e o uso de tecnologias como sensores de gás, radares de penetração no solo e satélites poderão fornecer dados importantes. De acordo com cientistas os buracos se enchem de água, gelo derretido e sedimentos, transformando-se em lagos que parecem comuns a olho nu implicando que o fenômeno poderia estar ocorrendo há muito mais tempo que se pensava antes, mas teria passado despercebido decorrente sua aparência e, reconhecer a existência de crateras "camufladas" pode mudar o modo como avaliamos o impacto das mudanças climáticas nessas regiões e, se o modelo estiver correto, essas crateras não seriam aberração recente mas uma consequência cumulativa da evolução de processos geológicos e climáticos. O novo modelo não apenas nos ajuda a compreender um fenômeno natural pouco conhecido, mas serve como exemplo do valor da ciência interdisciplinar em que a combinação de conhecimentos de geologia, clima e energia revelam conexões que antes pareciam invisíveis e o que acontece sob o solo congelado da Sibéria pode ter muito a dizer sobre o futuro do planeta, embora crateras explosivas possam parecer meras estranhezas geológicas, podem estar revelando face oculta e silenciosa das mudanças climáticas.
Moral da Nota: estudo sugere que calor urbano e poluição do ar podem prejudicar o desenvolvimento do cérebro no útero e, com foco em populações minoritárias, mostra como comunidades de baixa renda em Nova York sofrem as consequências geracionais das mudanças climáticas. Pesquisadores do Queens College, do Mount Sinai Hospital e do Centro de Pós-Graduação da City University of New York acompanharam a progressão de 256 crianças de Nova York, do útero a adolescência, com as descobertas sugerindo que mulheres grávidas expostas a combinação de altas temperaturas e ar poluído no segundo e terceiro trimestres apresentaram queda na progesterona, um dos hormônios vitais da gravidez, com Perry Sheffield, coautor do estudo, professor associado de pediatria na Escola de Medicina Icahn do Monte Sinai dizendo que "há um conjunto de hormônios interagindo entre gestante e feto, sendo que o calor e a poluição do ar podem influenciá-los, pelo menos em parte, através de vias inflamatórias afetando o desenvolvimento cerebral fetal e a programação à vida futura". Mulheres naturalmente experimentem flutuações na progesterona, no entanto, os pesquisadores descobriram que o calor prolongado e a poluição do ar fazem com que a progesterona atinja níveis anormalmente baixos e, quando acontece em momentos-chave da gravidez, sugere o estudo, contribui à problemas comportamentais posteriores nas crianças expostas como ansiedade, depressão, isolamento social, impulsividade, agressividade e hiperatividade, sendo que gestantes que vivem em áreas mais pobres da cidade de Nova York fazem parte do grupo mais vulnerável, conclui o estudo, com seus filhos enfrentando riscos maiores devido à exposição prolongada ao calor e à poluição do ar. Acreditam que os riscos são agravados pelo que os climatologistas chamam de "efeito de ilha de calor urbana", quer dizer, menos árvores e espaços verdes tornam as cidades mais quentes e as áreas menos verdes das cidades tendem a ser as mais quentes de todas, outro desafio, são os custos mais altos da eletricidade com moradias de baixa renda antigas, sem ar-condicionado e ventilação adequados. Por fim, para combater o calor e a poluição do ar, Nova York opera centros de resfriamento, aplica políticas regulatórias de ar e auxilia moradores de baixa renda comprar unidades de ar-condicionado, no entanto, relatório de 2022 do controlador da cidade constatou que os esforços de resfriamento não foram distribuídos equitativamente pela cidade e, dentre as recomendações do controlador está em criar mais espaços verdes em áreas com estresse térmico.