domingo, 7 de setembro de 2025

Dieta e Risco

Estudo coreano da Universidade Yonsei publicado no Journal of Nutrition, Health and Aging, analisou dados de 130 mil britânicos de meia-idade ao longo de 13,5 anos, utilizando o UK Biobank para avaliar a qualidade da dieta em 5 índices e acompanhar diagnósticos de demência ao longo do tempo cujos resultados indicam que a alta adesão a dietas saudáveis como dieta mediterrânea ou a dieta MIND pode reduzir o risco de demência em até 28%, dividindo os períodos de acompanhamento em 3 intervalos, ou, menos de 5 anos, de 5 a 10 anos e mais de 10 anos descobriram que os efeitos foram mais pronunciados nos primeiros anos e apenas a dieta mediterrânea, MEDAS, e a pontuação inflamatória, EDII, mantiveram significado estatístico pós uma década indicando que outros fatores biológicos ou de estilo de vida podem adquirir importância com o tempo. Nos EUA, segundo a Associação de Alzheimer, o custo dos cuidados relacionados à demência deve chegar a US$ 384 bilhões em 2025 e triplicar até 2050, considerando  que novos medicamentos com anticorpos como o Kisunla, donanemab, da Eli Lilly, ou, redutores das placas amiloides, custam US$ 32 mil/ano enquanto, na Coreia, o número de pacientes com demência com mais de 60 anos já ultrapassa um milhão com expectativa em  duplicar até meados do século. Os padrões alimentares mais benéficos são os ricos em alimentos naturais e pobres em alimentos processados com Ingredientes que se destacam pelo impacto protetor como o azeite de oliva extra virgem, peixes gordos como salmão e sardinha, nozes e sementes, frutas silvestres como mirtilos e amoras, vegetais de folhas verdes como espinafre e couve, dietas anti-inflamatórias consideradas protetoras  contra  demência, em contraste, dietas altamente inflamatórias ricas em alimentos ultraprocessados, açúcares adicionados e gorduras trans aumentaram o risco de demência em 30%, conforme o EDII, Índice Inflamatório Dietético Ajustado por Energia. Em vez de depender de medicamentos de eficácia limitada as pesquisas apontam à solução mais acessível e sustentável em alimentação saudável como estratégia preventiva contra a demência obtendo efeito mais forte em mulheres, idosos e não obesos, maior impacto nos primeiros 10 anos além de proteger contra o comprometimento cognitivo leve, sendo que o estudo inseriu variáveis ​​como idade, sexo, escolaridade, renda, tabagismo, exercício físico, genótipo ApoEε4 ligado ao Alzheimer e o índice de massa corporal buscando robustez científica nos resultados. Os efeitos protetores indicaram interação entre metabolismo, inflamação e vulnerabilidade cerebral, além da redução do risco de demência e incidência de comprometimento cognitivo leve, condição precoce que frequentemente precede desenvolvimento de demência, valendo a ressalva que a proteção foi mais forte nos primeiros 10 anos de acompanhamento e apenas a dieta mediterrânea e o índice inflamatório mantiveram seu efeito estatisticamente significativo pós uma década sugerindo que benefícios dietéticos não são permanentes, a menos que mantidos, enquanto outros fatores biológicos ou de estilo de vida podem intervir ao longo do tempo. A dieta mediterrânea pode ser compreendida como ferramenta de saúde pública sustentável e escalável impactando diretamente na economia e ecologia globais, pois, reduzem uso de medicamentos de alto custo e baixa eficácia diminuindo pressão sobre sistemas de saúde, menor pegada de carbono considerando que dieta rica em vegetais e peixes e pobre em carne vermelha tem impacto ambiental menor, em agricultura mais regenerativa e local promovendo produção de alimentos frescos, sazonais e locais acarretando melhor qualidade de vida mantendo função cognitiva reduzindo necessidade de cuidados, prolongando autonomia.

No quesito inovação observa-se que a previsão climática está em fase de aperfeiçoamento através de modelos com tecnologia IA com a  NVIDIA apresentando o ClimSim-Online, estrutura com tecnologia IA que revoluciona a modelagem climática ao integrar aprendizado de máquina com simuladores climáticos tradicionais, aumentando velocidade e precisão nas previsões climáticas. O avanço à ciência climática incorpora a colaboração com modeladores climáticos internacionais revelando o ClimSim-Online, desenvolvimento crucial na corrida para entender e mitigar impactos das mudanças climáticas em que simuladores climáticos tradicionais têm dificuldade à capturar processos de pequena escala como tempestades devido aos limites computacionais e, para superar isso, cientistas usam modelos de resolução de nuvem, CRMs, que, embora detalhados, são computacionalmente caros enquanto o ClimSim-Online oferece solução ao destilar informações dessas simulações em modelo de aprendizado de máquina que opera mais rápido sem sacrificar a fidelidade. Desenvolvido pelo Earth 2 da NVIDIA e apoiado pela National Science Foundation na Universidade de Columbia, o ClimSim-Online utiliza o conjunto de dados ClimSim hospedado no repositório ClimSim Hugging Face e criado usando o Energy Exascale Earth System Model-Multiscale Modeling Framework, E3SM-MMF, em que o  framework incorpora milhares de CRMs localizados em um modelo climático hospedeiro reduzindo suposições sobre física de escala fina, sendo que o  ClimSim-Online permite integração de modelos de aprendizado de máquina em simuladores climáticos oferecendo fluxo de trabalho reproduzível e em contêineres que permite cientistas contornarem barreiras computacionais tradicionais tornando a modelagem climática híbrida acessível. A estrutura facilitou  competição global do Kaggle atraindo mais de 460 equipes para desenvolver soluções de aprendizado de máquina usando o conjunto de dados climáticos de alta fidelidade, esforço colaborativo que acelerou progresso na modelagem climática, permitindo desenvolvimento de simulações híbridas estáveis ​​e plurianuais usando rede neural U-Net treinada no conjunto de dados ClimSim e, para garantir precisão e estabilidade das simulações, a NVIDIA incorporou restrições na arquitetura da rede neural que previne comportamentos irreais da nuvem e estabiliza simulações, melhorando realismo das climatologias de nuvem especialmente nos trópicos. Trata-se de avanço na ciência climática reduzindo barreiras à colaboração entre pesquisadores IA e cientistas do clima, embora a estrutura tenha demonstrado seu potencial, no entanto, pesquisas são necessárias para reduzir vieses da modelagem híbrida e explorar soluções como aprendizado por reforço para aprimorar precisão da simulação climática.

Moral da Nota: na França, duas das principais fabricantes de panelas, o Grupo SEB e a subsidiária Tefal, são alvo de uma denúncia de ONGs que as acusam de "práticas comerciais enganosas” ao defenderem que seus modelos em Teflon são “seguros”, cuja denúncia foi  apresentada pela FNE, France Nature Environnement, ACLC,  Générations Futures e a Associação de Cidadãos e Consumidores, referindo-se a campanha publicitária de 2024 e a comunicação no site da marca Tefal, enviada ao Ministério Público de Paris. Questionam a presença de Pfas,  conhecidos como "poluentes eternos”, na fabricação destes utensílios e ao "garantir que os revestimentos antiaderentes das panelas são reconhecidos como seguros por conterem PTFE, politetrafluoretileno, e não PFOA e outros Pfas, "poluentes eternos", proibidos, argumentando que "deixando de mencionar risco de serem liberadas no ambiente devido uso de PTFE ao longo do ciclo de vida do produto bem como riscos à saúde associados ao uso das panelas da marca". A denúncia é fundamentada por pesquisas da IARC, Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, agência da ONU que concluiu que "não há dados suficientes para classificar o PTFE como cancerígeno mas não comenta sobre a ausência de carcinogenicidade ou se o PTFE é 'seguro'", sendo que as ONGs citam estudo realizado em novembro de 2023 na Coreia do Sul que "mostra que as micropartículas de PTFE causam efeitos nocivos à saúde, como inflamação". Em 2024, parlamentares franceses aprovaram projeto de lei ambiental visando restringir fabricação e venda de produtos que contenham PFAS, no entanto, utensílios de cozinha ficaram de fora pós forte mobilização de fabricantes em especial a Tefal sendo que o texto final promulgado em  2025 mantendo a exclusão, quer dizer, presentes em objetos do cotidiano os perfluoroalquílicos e polifluoroalquílicos, ou, PFAS, existem aos milhares e seu apelido de "poluentes eternos" se deve a capacidade de se acumular e persistir em ambientes naturais e organismos vivos e aos efeitos tóxicos comprovados no ambiente e na saúde.