sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Constatação

A incidência de casos de demência prevista para 2040 pode ser 42% maior que o estimado anteriormente, estudo da University College London aponta que até 1,7 milhões de pessoas poderão viver com demência na Inglaterra e País de Gales até 2040, mais de 40% que o previsto antes. Estudos em dados até 2010, mostram que a incidência de demência tinha diminuído em países de rendimento elevado, no entanto, investigação publicada no The Lancet Public Health, indica que a incidência de demência começou aumentar na Inglaterra e País de Gales depois de 2008 e, com base nesta tendência ascendente estimada, investigadores projetam que o número de pessoas com demência na Inglaterra e País de Gales pode ser no futuro maior que o esperado. Pesquisas anteriores realizadas nestes países, previam que o número de pessoas que vivem com demência aumentaria 57%, passando de 0,77 milhões em 2016 para 1,2 milhões em 2040, no entanto, a nova investigação, financiada pelo Conselho de Investigação Econômica e Social do Reino Unido, sugere que este número poderá atingir 1,7 milhão. O exame de nove ondas de dados de pessoas com mais de 50 anos e que viviam em domicílios particulares na Inglaterra entre 2002 e 2019, do Estudo Longitudinal Inglês do Envelhecimento, ELSA, mostra que o número de pessoas com demência diminuiu 28,8% entre 2002 e 2008 e aumentou novamente 25,2% entre 2008 e 2016, sendo que padrão não linear semelhante foi observado entre sub grupos de acordo com idade, sexo e nível de escolaridade. Os investigadores descobriram que disparidades na taxa de incidência de demência aumentaram entre grupos de educação, uma vez que houve declínio mais lento em 2002-2008 e aumento mais rápido após 2008 em participantes com menor nível de escolaridade, caso a taxa de incidência aumente rapidamente como o observado entre 2008 e 2016, 2,8% por ano, os investigadores preveem que o número de pessoas com demência na Inglaterra e País de Gale aumentará à 1,7 milhões até 2040, o dobro de 2023.

O fundamento da pesquisa está no fato que incidência de demência diminuiu em muitos países de rendimento elevado na década de 2000, mas evidências sobre a tendência pós-2010 são escassas, enquanto a pesquisa busca analisar a tendência temporal na Inglaterra e País de Gales entre 2002 e 2019, considerando viés e não linearidade. Buscou-se dados de painel populacional representando adultos com 50 anos ou mais do Estudo Longitudinal Inglês sobre Envelhecimento, vinculados ao registro de mortalidade,  em critérios padrão baseados no comprometimento cognitivo e funcional para determinar demência incidente e taxas brutas de incidência  determinadas inicialmente livres de demência, cada uma acompanhada por 4 anos. A taxa de incidência padronizada por idade e sexo diminuiu de 2002 a 2010, de 10,7 para 8,6 por mil pessoas-ano, depois aumentou de 2010 a 2019, de 8,6 para 11,3 por mil pessoas-ano, ajustando para idade e sexo e contabilizando casos de demência perdidos devido morte e, se a tendência ascendente desde 2008 continuar, juntamente com o envelhecimento da população, o fardo sobre a saúde e cuidados sociais será grande. Mais de 55 milhões de pessoas no mundo vivem com demência prevendo-se que este número triplique até 2050, sendo que a demência é desafio com grandes implicações aos indivíduos afetados, suas famílias, a política social e economias nacionais e, no caso da Inglaterra e País de Gales, prevê-se que  custos cumulativos correspondentes em cuidados de saúde e assistência social atinjam 70 bilhões de libras de 2020 a 2029, embora o envelhecimento da população cause aumento nos casos de demência no mundo, é parcialmente compensado por tendência decrescente de incidência de demência em países de rendimento elevado e, caso a tendência de incidência mude, o fardo futuro da demência pode diferir das previsões atuais com implicações sociais, especialmente nos serviços de cuidados. Estudos de base populacional com medidas de diagnóstico consistentes encontrou incidência decrescente específica por idade nos EUA, 7, 8, Reino Unido, 2, 4 Países Baixos, 9 França, 10 e Suécia 11, sendo que declínios de incidência estimados são substanciais, variando de 12% a 35% por década, embora alguns estudos não encontrem tendência decrescente, no entanto, estas estimativas de tendências utilizam séries de dados que terminam em 2010 e há poucas evidências sobre como a tendência de incidência de demência evoluiu nos anos seguintes, sendo que o risco de demência está inversamente relacionado a posição sócio econômica em países de rendimento elevado com estudos explorarando tendências de incidência de demência por nível de educação, mostrando resultados inconsistentes. Na análise primária, a demência foi definida considerando definição algorítmica de caso baseada na coexistência de comprometimento cognitivo e comprometimento funcional, ou, um relato de diagnóstico médico de demência pelo participante ou cuidador, sendo que a definição algorítmica de caso segue o DSM-IV e outros critérios clínicos, à medida que depende de comprometimento não transitório em dois ou mais domínios cognitivos, resultando em comprometimento funcional com aplicação de critérios que exigem comprometimento cognitivo e funcional grave, definição, que capturou casos de demência moderada a grave. O comprometimento cognitivo foi definido como comprometimento em dois ou mais domínios dos testes de função cognitiva aplicados como orientação temporal, memória imediata e atrasada, fluência verbal e função numérica, ao passo que o comprometimento em cada domínio da função cognitiva foi definido como uma pontuação de 1,5 DP ou mais abaixo da média em comparação  a população de 50 a 80 anos com mesma escolaridade. O comprometimento funcional foi definido como incapacidade de realizar uma ou mais atividades da vida diária de forma independente que incluíam deitar ou levantar da cama, caminhar pelo quarto, tomar banho, usar o banheiro, vestir-se, cortar alimentos e comer. 

Moral da Nota: investigação da KHN e NPR mostra que, nos EUA, mais de 100 milhões de americanos, incluindo 41% dos adultos, são assediados por sistema de saúde que sistematicamente endivida pacientes em grande escala. A investigação revela um problema que, apesar da atenção da Casa Branca e Congresso, é mais difundido que o relatado anteriormente, porque grande parte das dívidas acumuladas pelos pacientes ocorre na forma de saldos de cartão de crédito, empréstimos familiares ou planos de pagamento para hospitais e outros prestadores de serviços médicos. A investigação da KHN-NPR baseou-se em inquérito nacional conduzido pela KFF para o projeto, sendo que a pesquisa foi concebida para capturar não apenas contas que pacientes não podiam pagar, mas outros empréstimos usados ​​para pagar cuidados médicos. O projeto também se baseia em análises de agências de crédito, cobranças hospitalares e dados de cartões de crédito realizadas pelo Urban Institute e outros colaboradores de pesquisa, além disso, os repórteres da KHN e NPR conduziram entrevistas com pacientes, médicos, líderes de saúde, defensores dos consumidores e pesquisadores. O panorama mostra que nos últimos 5 anos, mais de metade dos adultos norte-americanos afirmaram ter contraído dívidas devido contas médicas ou dentárias, de acordo com o inquérito da KFF, um quarto dos adultos com dívidas em cuidados de saúde deve mais de US$ 5 mil e 1 em cada 5 com dívidas disse que não esperava poder pagá-las. A dívida médica causa dificuldades adicionais à pessoas com câncer e outras doenças crônicas, sendo que os níveis de dívida nos condados dos EUA com as taxas mais elevadas de doenças podem ser 3 a 4 vezes superiores aos dos condados mais saudáveis, conforme análise do Urban Institute que aponta como consequência impedir que americanos poupem para aposentadoria, invistam na educação dos filhos ou estabeleçam bases tradicionais à futuro seguro, como contrair empréstimo à faculdade ou comprar casa e, de acordo com o inquérito da KFF, a dívida com cuidados de saúde é quase 2 vezes mais comum entre adultos com menos de 30 anos que entre aqueles com mais de 65 anos. Os hospitais registraram em 2019 o ano mais lucrativo, margem de lucro agregada de 7,6%, conforme o Comitê Consultivo de Pagamentos do Medicare federal, sendo que muitos hospitais prosperaram mesmo na pandemia, fato é que, hospitais e prestadores de serviços médicos colocam milhões de pessoas nas mãos de cartões de crédito e outros empréstimos, enquanto, segundo a empresa de investigação IBISWorld, pacientes sofrem taxas de juros elevadas ao mesmo tempo que geram lucros aos credores que excedem 29%. De acordo com o inquérito da KFF, a crise da dívida americana deve-se a uma realidade simples em que metade dos adultos americanos não tem dinheiro para cobrir conta médica inesperada de US$ 500,00 e, como resultado, simplesmente não pagam e com a avalanche de contas não pagas tornando a dívida médica a forma mais comum de dívida nos registros de crédito dos consumidores. Análise anterior da KFF aos dados federais estimou que a dívida médica coletiva totalizava pelo menos US$ 195 bilhões de dólares em 2019, valor superior à economia da Grécia e, análise dos registros dos cartões de crédito do JPMorgan Chase Institute, mostra que o saldo mensal típico do titular do cartão aumentou 34% após uma grande despesa médica. Cerca de 1 em cada 8 americanos endividados com contas médicas deve US$ 10 mil ou mais, de acordo com a pesquisa da KFF, embora a maioria espere pagar  sua dívida, 23% disseram que isso levará pelo menos 3 anos e 18% disseram que nunca esperam pagar e quase metade dos americanos em famílias que ganham mais de US$ 90 mil por ano contraíram dívidas com cuidados de saúde nos últimos 5 anos. O projeto “Diagnosis: Debt” é colaboração de relatórios entre a KHN e a NPR que explora causas da dívida médica nos EUA, sendo que a série baseia-se em inquérito nacional conduzido pela KFF, investigação que pesquisou amostra representativa de 2.375 adultos americanos, incluindo 1.674 com dívidas atuais ou passadas para contas médicas ou dentárias, enquanto o Urban Institute fez pesquisas adicionais, analisando agências de crédito e outros dados demográficos sobre pobreza, raça e estado de saúde para explorar onde a dívida médica está concentrada nos EUA e quais fatores estão associados a ela com altos níveis de dívida. O JPMorgan Chase Institute analisou registros de amostra de titulares de cartão de crédito Chase para ver como os saldos dos clientes podem ser afetados por grandes despesas médicas e os repórteres da KHN e NPR conduziram entrevistas com pacientes no país, conversaram com médicos, líderes do setor de saúde, defensores dos consumidores, advogados de dívidas e pesquisadores revisando dezenas de estudos e pesquisas sobre dívidas médicas.