Um quarto da população mundial ficou diretamente exposta a níveis perigosos de calor extremo e, em 2023, registraram-se 3 desenvolvimentos na África que destacam combinação de progresso, prioridade e potenciais armadilhas, com o Quênia pressionando por estratégia de financiamento climático na conferência do Clima na África, anunciando que poderá impulsionar investimento global nas energias renováveis no continente. Destaca necessidade de financiamento climático favorável que permita países africanos fazer transição à industrialização verde acelerando utilização da energia solar e eólica e o desenvolvimento de recursos minerais que apoiem a transição, incluindo apelo ao aumento do financiamento dos bancos multilaterais de desenvolvimento à ação climática para US$ 500 bilhões / ano, estimando que a necessidade de financiamento climático seja de US$ 6 bilhões / ano enquanto os desembolsos ficaram na casa dos US$ 1,3 bilhão em 2021/2022. O mercado de carbono é sistema concebido para reduzir emissões de gases efeito estufa, permitindo empresas e países compensarem emissões de carbono através do financiamento de projetos que reduzam emissões ou removam CO₂ da atmosfera em outro local e a África tem mercado de carbono inexplorado devido sua dimensão, biodiversidade e ecossistemas e, bem utilizados, os fundos ajudarão países adaptarem-se às alterações climáticas e protegerem sua biodiversidade. Os EAU, anfitrião da conferência da ONU sobre alterações climáticas, COP28, atribuiu US$ 1,5 bilhão ao Zimbabue para financiar projetos de proteção e reabilitação florestal, parte de compromisso US$ 4,5 bilhões em investimentos em países africanos, incluindo Quênia, Libéria, Tanzânia e Zâmbia que tornará os EAU maior investidor nos mercados africanos de carbono. A Bolsa de Valores de Joanesburgo, maior bolsa de valores de África, abriu negociação no novo mercado voluntário de carbono sendo que o mercado voluntário de carbono sul-africano pretende acelerar a criação de projetos de compensação de carbono à qualquer pessoa que compense emissões de gases efeito estufa, por exemplo, para cada tonelada de carbono emitida, é possível comprar o equivalente a uma tonelada de carbono capturada por um projeto de restauração florestal. A África do Sul aprovou a Lei sobre Alterações Climáticas, projeto que visa permitir desenvolvimento de resposta às alterações climáticas e transição a longo prazo à economia de baixo carbono e resiliente ao clima, passo importante ao maior emissor de gases efeito estufa da África, uma vez que se junta a 19 países africanos com leis específicas sobre alterações climáticas, sendo que o projeto de lei trata adaptação e mitigação das alterações climáticas prevendo apoio em todos os níveis.
As temperaturas globais aumentaram ao longo de 2022 com a média global mensal ultrapassando 1,5°C acima dos níveis pré-industriais no verão e alguns dias de novembro ultrapassando 2°C de aquecimento pela primeira vez. O “balanço” de 2 anos mostra quão longe estamos do caminho à restringir o aquecimento a 1,5°C, os países devem reduzir as emissões de gases efeito estufa em mais de 40% até 2030, no entanto, as emissões estão aumentando com partes do Dubai submersas pela primeira vez levando o cientista climático James Hansen especular que subestimaram o ritmo da mudança. Alterações climáticas se aceleram, o aumento no ritmo previsto por modelos climáticos e esperado devido ao fato das emissões de gases efeito de estufa terem atingido o nível mais alto de todos os tempos, com o balanço global concluindo que as políticas de redução de emissões continuam longe do necessário para manter as temperaturas abaixo dos 2°C e menos de 1,5°C. O relatório da ONU sobre a lacuna de emissões de 2023, que acompanha progresso na limitação do aquecimento global, ecoa a mesma preocupação revelando que o mundo está no bom caminho à aquecimento global de 2,9°C, e talvez mais, antes do final deste século com a mensagem que precisamos de medidas urgentes e cortes mais fortes nas emissões para evitar os piores impactos climáticos. O relatório da ONU sobre a lacuna de emissões conclui que 80% das alterações climáticas podem ser atribuídas aos países do G20, grupo constituído pelas principais economias do mundo sendo que os países ocidentais têm metas de redução de emissões, mas não conseguem cumpri-las, em contraste, China, Índia, México e Indonésia estão, em grande parte, superando metas mais fracas, falhando na ambição. Desigualdades na forma como as emissões variam entre a população de um país foram destacadas no relatório da ONU sobre disparidades de emissões e, em relatório específico da Oxfam, revela que 1% dos mais ricos respondem por 16% das emissões globais em que cada uma dessas pessoas emite mais de 100 toneladas de CO₂ anualmente, 15 vezes a média global, daí, desigualdade gera vulnerabilidade com inundações matando 7 vezes mais pessoas em países com níveis mais elevados de desigualdade que em países mais igualitários.
Moral da Nota: conferências anteriores sobre o clima resultaram em acordos marcantes, no entanto, o processo de negociação para instituir financiamento climático internacional é espinhoso aos países em desenvolvimento e as estratégias diplomáticas e de negociação da Nigéria por exemplo, se inserem nos efeitos das alterações climáticas em inundações, desertificação, erosão costeira, seca, desmatamento, degradação do solo e poluição associados a questões de segurança humana, insegurança alimentar, conflitos de recursos e instabilidade política. A Nigéria e países em desenvolvimento são desproporcionalmente afetados pelas alterações climáticas, apesar das contribuições baixas ao aquecimento comparadas aos países desenvolvidos, digno de nota, que países africanos, incluindo a Nigéria, continuarão vincular sua agenda de desenvolvimento ao regime climático internacional comprometendo-se com mandatos climáticos globais através de políticas como a Contribuição Nacionalmente Determinada, a Política Nacional sobre Alterações Climáticas, o Conselho Nacional sobre Alterações Climáticas e o Plano de Transição Energética. O financiamento de adaptação aumenta a capacidade da Nigéria e outros países em responder às alterações climáticas, fundos, essenciais para cumprir metas climáticas imediatas, de médio e longo prazo e, caso tenha sucesso, será marco histórico na diplomacia ambiental do país por conta da reputação de corrupção, enquanto o Fundo de Perdas e Danos da COP27, criado para prestar assistência aos países mais vulneráveis e afetados pelas alterações climáticas ajudará a Nigéria resolver crises de segurança humana induzidas pelo clima enquanto o Plano de Transição Energética e o Financiamento de adaptação todos esperam implementar na oportunidade que se aproxima.