sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Mitigação

Há 100 anos foi proibido tomar banho no rio Sena e, após décadas de espera  do cumprimento da promessa que parecia inatingível,:ou, tornar propício à banhos, como no século XIX e, com foco nos Jogos Olímpicos de 2024 na capital francesa, marcaram data à esse objetivo. Até 2025, três pontos do Sena serão adaptados para receber banhistas, nas regiões oeste, centro e leste da cidade, sendo que no verão passado a água estava apta para banho em 70% dos dias, com qualidade satisfatória ou excelente. Pesquisa de 2021 revelou que apenas 12% dos moradores estariam dispostos a pular e nadar no rio, algo comum há um século, agora, um argumento convincente é que 32 espécies de peixes retornaram ao rio, 10 vezes mais que na década de 1980. Em Paris,  260 barcos que atravessam o rio serão obrigados, até 2024,  se conectar à rede municipal de esgoto, antes tecnicamente possível, além do esgoto der 30 mil residências cujas tubulações não são conectadas às estações de tratamento.  O canal Saint Martin já  pode constatar como a promessa se cumpre em trecho de 100 metros foi aberto aos banhistas, marcando o fim de um épico que começou há uma década quando Paris foi escolhida para sediar os Jogos Olímpicos em 2024 cujo projeto prevê algumas das provas mais emblemáticas como a maratona aquática e o triatlo aconteçam no rio que corta Paris.

A mitigação da poluição no Sena envolve desafios como o desvio das águas residuais, melhoria na eficiência das estações de tratamento e a poluição gerada pelo tráfego fluvial decorrente circulação de barcos turísticos e transporte de turistas e mercadorias. O 2º grande projeto é a construção de reservatório subterrâneo no bairro de Austerlitz, zona leste da capital, para captar água da chuva de fortes temporais, com a estrutura de 50 metros de diâmetro e 30 metros de profundidade com capacidade máxima de 46 mil  metros cúbicos de água que filtrará a água da chuva e vai parar no mesmo lugar da água usada em vasos sanitários, pias e chuveiros, e para evitar que  transborde à rua, com a obra, será interceptado o excesso de água e depois enviado à tratamento antes de despejá-la no rio. O reservatório de água pluvial, em fase de conclusão no bairro de Austerlitz, na zona leste de Paris, ajudará a cidade evitar a poluição do  Sena em dias de chuva forte, à custo  de 1.400 milhões de euros, Paris realizará eventos específicos no Sena para reconquistar a confiança.  Reajustar tubulações para que as águas residuais não possam mais ser lançadas no Sena, além da realização de obras nas 2 maiores estações de tratamento da região de Paris à que a água despejada no rio seja de melhor qualidade e tenha menos impacto bacteriológico. No entanto, Organizações ambientais alertam que aspectos do projeto podem ser perigosos ao ambiente com a France Nature Environnement temendo que o ácido peracético, usado na desinfecção química da água possa vazar e ser tóxico ao ecossistema do rio, alertando ainda que a cidade pretende eliminar bactérias potencialmente letais, como a Escherichia coli, mas não tem planos de controlar poluição química gerada por indústrias e produção agrícola da região parisiense, que também vão parar no Sena.

Moral da Nota: relatório de 2023 do IPCC, Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, alerta sobre vulnerabilidades que a América Latina apresenta na zona central do Chile e Chaco argentino, nordeste, em relação a possíveis ondas de calor, somadas a tentativas de contingência ao El Niño, que eleva a temperatura do Oceano Pacífico. Uma forte onda de calor, com temperaturas recordes, atinge países como Espanha, Grécia ou México, sendo que o fenômeno, que acarreta inclusive perda de vidas humanas, torna-se a cada ano mais preocupante, enquanto a situação no hemisfério sul, diante o próximo verão austral, que terá início em dezembro de 2023,  causa alarme entre especialistas. Julho de 2023 pretende ser o mês mais quente da história mundial com a ativista ambiental Sol Saliva, coordenadora de Crise Climática da ONG Eco House Global Argentina, esclarece que na região “existe preocupação com o que vai acontecer porque além da ameaça climática, neste caso onda de calor e temperaturas extremas, o risco é composto por 2 outras coisas, ou, exposição e vulnerabilidade”. Indica que estão analisando “magnitude e o impacto” da vaga de calor no continente europeu, sublinhando que “o que mais chama a atenção não é a temperatura em si, mas que a Europa não está preparada aos eventos por vir”, sugerindo que o hemisfério sul enfrentará aumento de eventos climáticos extremos nos próximos meses e anos, impactando o continente. Previu que “em nossos países, com níveis de desigualdade e menos desenvolvimento,  corremos riscos maiores” destacando a importância do desenvolvimento de sistemas de alerta precoce e implementação de políticas de adaptação" à mudança climática. Concorda que, além de ondas de calor como as que ocorrem atualmente no hemisfério norte,  efeitos imediatos das mudanças climáticas se traduzirão em episódios de secas, enchentes e perda de biodiversidade na região sul. Especialista chileno em direito ambiental destaca necessidade de tomar medidas contra esses fenômenos climáticos  “porque vulnerabilidade humana é típica de ecossistemas interdependentes e a região tem limitações de desenvolvimento, o que a torna ainda mais vulnerável”, alertando que os impactos das mudanças climáticas estão se tornando mais complexos e difíceis de administrar, por isso, o que passa na Europa serve de espelho para agir a curto prazo e “que medidas e políticas  tomadas em relação à gestão de riscos e catástrofes sejam adequadas”. Explica que riscos relacionados a secas, perda de alimentos, biodiversidade e ecossistemas impactam diretamente as comunidades e violam direitos devido ao deslocamento pelos desastres climáticos e aprofundamento das desigualdades.