Novas empresas estão criando incentivos financeiros para bloquear emissões de poços de petróleo e gás próximos no fim da vida útil e poços órfãos sem proprietários claros, no entanto, persistem dúvidas sobre a supervisão do projeto e o ethos do mercado. A Pensilvânia espera US$ 400 milhões em fundos de infraestrutura visando obstruir poços de petróleo abandonados, emissores de substâncias cancerígenas e outros poluentes nocivos, conforme estudo. Milhares de poços de petróleo abandonados nunca foram mapeados e muitas das empresas de perfuração originais não existem mais, com Dakota do Norte usando fundos de contribuintes para resgatar empresas de petróleo e gás ao obstruir poços abandonados, tentando evitar vazamento de metano nos locais de poços.
A CarbonPath é empresa sediada em Houston que oferece nova classe de créditos de carbono, ou, compensações, provenientes da obstrução de poços de petróleo e gás, decorrente ao fato que a maioria dos poços nos EUA produz relativamente pouco petróleo sendo oportunidade de desligá-los mais cedo, bloqueando combustível sob a superfície da Terra interrompendo emissões de metano que aquecem a atmosfera a taxa 80 vezes maior que o CO2. A empresa é parte de indústria emergente que combina financiamento do mercado de carbono com provedores de serviços de campos petrolíferos para tampar poços e gerar créditos de carbono, vendidos às corporações que tentam atingir metas de redução de emissões e indivíduos que buscam compensar seus próprios impactos climáticos negativos. As empresas prometem trazer créditos verificados de alta qualidade ao mercado de carbono, repleto de erros de cálculo e questões éticas não resolvidas. A CarbonPath possui 2 metodologias diversas para gerar crédito de carbono, a primeira é para tamponamento verificado que o CEO da empresa chama de poços marginais que produzem quantidade pequena, mas economicamente significativa de petróleo ou gás e vazam metano. O valor do crédito é determinado por estimativa das emissões potenciais de carbono do combustível deixado no solo, outras empresas, incluindo a ZeroSix e a ClimateWells, sediada em Austin, desenvolveram metodologias semelhantes. A outra metodologia da CarbonPath é para poços órfãos inativos, sem proprietário legalmente responsável, representando ameaça às águas subterrâneas e, em muitos casos, vazando metano e produtos tóxicos, com emissões de metano locais medidas ou estimadas e a compensação baseada em quanto metano é impedido de vazar à atmosfera. Mais de 120 mil poços órfãos são documentados nos EUA, de acordo com estudo do Fundo de Defesa Ambiental, ou, EDF, acreditando-se que existam mais de 800 mil a preço médio de US$ 75 mil a obstrução de poços, normalmente, à medida que os poços envelhecem e produzem menos são vendidos à operadores menores e, quando não podem pagar para tampar os poços são abandonados. A CarbonPath lançou sua metodologia de poço órfã iniciando o trabalho em 42 poços no Colorado, enquanto a ClimateWells oferece créditos de redução de emissões à obstrução de poços de petróleo e gás “mais cedo que teriam sido obstruídos de outra forma”, com a metodologia da empresa considerando emissões de metano e benzeno. A ClimateWells incentiva produtores de petróleo e gás tampar poços em fins do ciclo de vida, evitando que se tornem órfãos e, o primeiro projeto está em andamento no centro de Los Angeles. Dados da EDF estimam que mais de 565 mil poços marginais estejam operando nos EUA representando 80% dos poços de produção ativa, produzindo 6% do suprimento de petróleo e gás do país.
Moral da Nota: a demanda por compensações de carbono de qualidade é alta, no mercado voluntário de carbono a adicionalidade é o princípio de que o financiamento disponibilizado via créditos de carbono deve ser usado à projetos amigáveis ao clima que de outra forma não seriam possíveis. Assim como a CarbonPath, a organização sem fins lucrativos American Carbon Registry, desenvolveu metodologia para criar compensações de emissões de metano evitadas ao conectar poços órfãos e, com o diretor de soluções de engenharia dizendo que optou por se concentrar em poços órfãos depois que “questões sobre adicionalidade” foram levantadas por meio do processo de revisão por pares em comentários públicos. A metodologia está sendo usada para tapar poços órfãos em Oklahoma e, além dos benefícios climáticos da redução das emissões de metano, o desenvolvimento de mercado de crédito de carbono fornece “oportunidade aos pluggers de poços terem fluxo de trabalho estável e confiável no qual possam pendurar seus chapéus”. No entanto, quando se trata do mercado de carbono como um todo, muitos duvidam como a diretora do Berkeley Carbon Trading Project na Goldman School of Public Police na Universidade da Califórnia, em Berkeley, sugerindo que é hora de começar a abandonar o comércio de carbono visto como exagero desenfreado dos benefícios ambientais, vendo compensações como “licença para continuar emitindo, sendo extremamente prejudicial”. As empresas que procuram vender créditos de carbono com base na obstrução do poço contam que têm critérios embutidos nas metodologias que tornam as compensações comprovadamente “adicionais”, como poços marginais visados atualmente fornecerem benefícios econômicos às operadoras de petróleo e gás dizendo que não seriam tampados antecipadamente sem algum incentivo.