terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Atomik

Cientistas e destiladores em 2019 criaram um novo tipo de bebida, a Atomik,  bebida alcoólica artesanal com ingredientes cultivados na zona de exclusão radioativa da usina nuclear de Chernobyl, segundo relato do Live Science, a bebida em si não era radioativa após processo de destilação. O fabricante da Atomik, The Chernobyl Spirit Company, informa que as garrafas foram apreendidas pelo Serviço Secreto Ucraniano por razões desconhecidas e segundo Jim Smith, fundador da empresa e professor da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, "as garrafas são para o mercado inglês e estão claramente rotuladas com selos fiscais válidos no Reino Unido". Smith espera provar que alguns produtos perto da zona de exclusão podem ser seguros para consumo, já que anos atrás, a equipe da Atomik testou safras de centeio da zona de exclusão para radiação e descobriu que os grãos estavam realmente contaminados, no entanto, segundo Smith, os traços de radiação foram removidos no processo de destilação, tornando a Atomik não mais perigosa que outros destilados disponíveis. A advogada da empresa, disse que a apreensão foi  "violação" da lei ucraniana. Se a Atomik chegar às prateleiras, será o primeiro produto de consumo de Chernobyl desde 1986.

A Atomik é feita de maçãs cultivadas no distrito de Narodychi, na Ucrânia,  no limite da zona de exclusão e altamente poluído pela precipitação do derretimento, região com população de 10 mil pessoas que obedece rígidas restrições agrícolas. Feita a partir da água do aquífero de Chernobyl e centeio radioativo, a vodka Atomik é o primeiro produto de consumo a sair da zona de exclusão em 33 anos.  Embora a zona de 2.600 km² ao redor da planta tenha sido declarada inabitável por 24 mil anos após o colapso de 1986, os fabricantes da Atomik garantiram que o produto não é mais radioativo que qualquer outro licor no mercado. Isto, segundo os fabricantes, se deve ao fato que parte da zona de exclusão não ser tão perigosa quanto se temia há 33 anos e pontos críticos de radiação como a Floresta Vermelha, onde o material radioativo do reator foi derramado, permanecem proibidos aos visitantes, no entanto, na maior parte, o risco de contaminação por radiação é agora considerado "insignificante" pelo governo ucraniano, que reabriu há quase 10 anos a zona ao turismo. O centeio que os fabricantes da Atomik cultivaram para a vodka deu positivo para radiação, no entanto,  os traços de contaminação desaparecem no processo de destilação, segundo produtores,  no qual o líquido fermentado é purificado e a água e outras substâncias diluentes removidas. Os empresários esperam vendê-las à turistas de Chernobyl e, de acordo com Smith, 75% dos lucros da vodka irão aos moradores das aldeias na zona de exclusão que tiveram avanço  econômico insuficiente desde o desastre nuclear.

Moral da Nota: nos quase 2 mil kms onde fica a usina nuclear, javalis selvagens se tornaram problema na Alemanha, porque se alimentam de cogumelos que absorveram radiação espalhada pelo ar. A explosão do reator 4 da usina espalhou césio-137 pelo ar, que atravessou parte da Europa  e, com o tempo, esse material chegou ao solo contaminando plantas e fungos, exatamente cogumelos contaminados que os javalis se alimentam gerando problema de saúde e econômico aos países. O detalhe é que a carne de javali é consumida na Alemanha e  República Tcheca e anualmente,  governos desses países precisam ressarcir caçadores que abatem javalis contaminados para evitar o consumo da carne pela população. E mais, em busca de comida, javalis chegam as cidades em grupos, vasculham lixeiras de parques e residências e, servem de alerta à material radioativo, que será problema por muitos anos, já que, o tempo de meia-vida do césio-137 é de 30 anos,  em 2016 a sua concentração caiu pela metade e em 2046 chegará em 25% do total despejado pela usina. Nos EUA, instalações nucleares  serviram para contaminar solo, rios,  flora e fauna, caso preocupante é a usina nuclear de Hanford, em Washington, primeiro reator nuclear e instalação fornecedora de  plutônio à bomba lançada em Nagasaki.  Em 1988 foi desativado deixando 3 milhões de toneladas de resíduos sólidos e galões de resíduos líquidos da produção de plutônio enterrado em poços e reservatórios infiltrando no solo. Armadilhas instaladas nas imediações da usina para análise dos animais mostram que a radiação em alguns deles é superior a níveis seguros, significando que podem espalhar radiação pelos EUA .