O Climate Trace, segundo o fundador e diretor executivo do WattTime, permite "estimar emissões das maiores instalações produtoras do planeta. O trabalho está longe de terminar, com negociadores climáticos, equipes de sustentabilidade corporativa, investidores que buscam descarbonização, cientistas climáticos e ativistas dizendo que as informações são mudança de paradigma que pode ajudá-los tomar melhores decisões e descarbonizar mais rapidamente" e, completa dizendo que, "o lançamento do conjunto de dados representa esforços combinados mais de 100 organizações contribuintes no mundo". As emissões da produção de petróleo e gás são sub-notificadas, com dados do Climate Trace mostrando que, dos países obrigados a reportar à UNFCCC, as emissões são três vezes maiores, com dados abrangentes por país atualizados em 2021 fornecendo inventários oportunos às partes do Acordo de Paris. Os dados de emissões são de 72.612 fontes individuais no mundo, 70 mil locais individuais, incluindo usinas de energia específicas, siderúrgicas, redes rodoviárias urbanas além de campos de petróleo e gás representando principais fontes conhecidas no setor de energia, produção e refino de petróleo e gás, transporte marítimo, aviação, mineração, resíduos, agricultura, transporte rodoviário, produção de aço, cimento e alumínio.
O ex-vice-presidente dos EUA, membro fundador do Climate TRACE, Al Gore, avalia que “esse nível de granularidade significa que temos dados de emissões que permitem agir de forma decisiva. Significa que podemos priorizar esforços para alcançar cortes profundos na poluição por gases efeito estufa que precisamos para evitar impactos mais catastróficos da crise climática”. O Climate TRACE aproveita avanços em cobertura de satélite, sensoriamento remoto, IA e ML para não apenas identificar fontes de emissões de GEE, mas detectar e analisar atividades de emissão que de outra forma seriam invisíveis ou indetectáveis, lançado pela primeira vez em setembro de 2021, apresenta visão mais completa das emissões globais à cada país e em mais setores que o disponível anteriormente. Aproveita IA e ML para analisar dados de mais de 300 satélites, mais de 11.100 sensores em terra, ar e mar, além de informações públicas e comerciais adicionais, desenvolvendo inventário de emissões global e independente na observação direta. Ao treinar IA para detectar diferenças sutis em imagens de satélite e demais padrões de dados, o Climate TRACE analisa e calcula emissões de fontes individuais que o olho humano e métodos tradicionais podem perder. Os avanços tecnológicos combinados a pesquisas sobre setores emissores, permitiu compreensão e precisão no rastreamento de emissões e, à medida que dados são inseridos em modelos de IA e ML tornam-se mais precisos ao longo do tempo. Em 2023, o Climate TRACE expandirá e refinará o inventário em nível de instalação de mais de 500 fontes emissoras por setor, vistas na edição do quarto trimestre de 2022 do inventário, para cobrir as principais fontes de emissões em escala industrial no mundo.
Moral da Nota: o Sistema de Alerta e Resposta de Metano, ou, MARS, integrará dados de satélites existentes e futuros com capacidade de detectar eventos relacionados em qualquer lugar do mundo e enviar notificações relevantes aos interessados para providências. O metano é o segundo mais comum dos 6 principais gases efeito estufa, mais perigoso que o CO2 em potencial de causar aquecimento global, responsável por 17% das emissões globais, culpado por elevar em 25 a 30% a temperatura desde a era pré-industrial. A iniciativa MARS alimenta o Observatório Internacional de Emissões de Metano do Programa da ONU ao Meio Ambiente, rastreando grandes fontes pontuais de emissão na indústria de combustíveis fósseis, detectando emissões de carvão, resíduos, gado e campos de arroz. Ainda nesta temática, a Noruega, um dos principais doadores do Fundo Amazônia, avisou através do ministro do Clima e Meio Ambiente, Espen Barth Eide, a retomada de contribuições já que "o presidente do Brasil sinalizou ambição de parar o desmatamento até 2030" ao “restabelecer estratégias e nomear ministros com conhecimento e experiência substancial na área”. O fundo ainda detém US$ 620 milhões, congelado desde agosto de 2019, com doações de US$ 1,2 bilhão, sendo que a Alemanha também contribuiu e a Inglaterra considera contribuir, segundo a ministra do Meio Ambiente, Therese Coffey.
Em tempo: a Munich Re, maior resseguradora do mundo, avalia que o furacão Ian nos EUA e as inundações na Austrália tornaram 2022 um dos anos mais caros já registrados à desastres naturais, alertando que mudança climática está tornando tempestades mais intensas e frequentes. Perdas por catástrofes naturais cobertas por seguros, segundo a empresa, totalizaram US$ 120 bilhões em 2022, semelhante a 2021, abaixo dos danos recordes de 2017, superior à média de US$ 97 bilhões em perdas seguradas nos últimos 5 anos, superando estimativa inicial de US$ 115 bilhões pelal Swiss Re, seguradora concorrente. Os sinistros totais por catástrofes naturais, incluindo as não cobertas por seguro, foram de US$ 270 bilhões em 2022, caindo de US$ 320 bilhões em 2021 e próximo da média dos cinco anos anteriores. O furacão Ian causou US$ 60 bilhões em danos segurados e US$ 100 bilhões em perdas totais, inundações na Austrália causaram US$ 4,7 bilhões em danos segurados e US$ 8,1 bilhões no total e as chuvas de monção e derretimento mais rápido das geleiras no Paquistão resultaram em inundações que mataram 1.700 pessoas com prejuízos de US$ 15 bilhões, a maior parte dos danos não coberta pelo seguro.