quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Emissões de gases

A Oxfam Canada estima que emissões financiadas em 2020 por oito das maiores instituições financeiras do país totalizaram 1,9 bilhão de toneladas. Em parceria com o l'Institut de recherche en economie contemporaine, grupo de pesquisa sem fins lucrativos, o relatório avalia que o total é mais que o dobro da pegada de carbono total do Canadá como um todo. Baseado em estudos como o relatório Banking on Climate Chaos, destacou números em dólares que os bancos direcionaram ao financiamento de combustíveis fósseis que chegam a centenas de bilhões. As instituições cobertas no relatório da Oxfam Canada incluem TD, RBC, Scotiabank, BMO, CIBC, National Bank, Desjardins e Laurentian Bank, com TD no topo da lista financiando 446 milhões de toneladas de CO2, seguido por RBC em 369 milhões de toneladas. Os maiores bancos do Canadá se comprometeram atingir zero emissões financiadas líquidas até 2050, explicando importância do financiamento contínuo à indústria de combustíveis fósseis na transição à emissões neutras. Os projetos de redução de emissões, segundo a Oxfam Canadá,  são  ofuscados pelos emissores com 5 toneladas em economia de emissões através do financiamento de  energia renovável e eficiência para cada 100 toneladas de gases efeito estufa que os bancos financiaram.

No entanto, paira sobre o governo canadense a ideia de mascarar emissões de carbono da silvicultura, considerada como ciência que estuda métodos naturais e artificiais de regenerar e melhorar povoamentos florestais, satisfazendo necessidades do mercado. Análise sugere que o governo canadense utiliza métodos questionáveis ​​para subestimar emissões de gases efeito estufa da indústria florestal, que, segundo ele, serão iguais às das areias petrolíferas de Alberta em alguns anos. Michael Polanyi, da Nature Canada,  co-patrocinador do relatório,  avisa que  “o Canadá recebe crédito pela remoção de carbono de florestas que nunca foram exploradas, como forma de mascarar emissões. O relatório co-patrocinado pelo Conselho de Defesa dos Recursos Naturais, usa dados e metodologia federal para descobrir quanto de carbono é emitido pelo setor florestal do Canadá. A Environment Canada relata emissões diretas para quase todos os setores da economia, no entanto, a extração de madeira é tratada por meio de uma figura chamada “fluxo líquido combinado”, associando processos naturais e atividade industrial. Os números do governo federal sugerem que  emissões de carbono da colheita da chamada “floresta manejada”, ou, qualquer floresta sob dispensa florestal, explorada ou não, são quase equilibradas pela absorção de carbono da regeneração florestal. A Natural Resources Canada defende a abordagem dizendo da conformidade com diretrizes da ONU usada por outros países, mas o  governo canadense não atribui o carbono liberado pelos incêndios florestais à indústria, no entanto,  credita à indústria o carbono absorvido pela regeneração florestal, mesmo que a floresta nunca tenha sido colhida e as atividades humanas não participem da recuperação. Os autores tentaram fatorar o impacto dos incêndios florestais isolando emissões atribuíveis à indústria usando dados, métodos e suposições do governo,  calculando  quantidade de carbono armazenada nas árvores colhidas e subtraindo o carbono que permanecerá retido em produtos de vida longa, como materiais de construção e o carbono absorvido pelas árvores à medida que voltam a crescer em blocos florestais replantados. O relatório conclui que, desde 2010, a silvicultura liberou média de 85 megatoneladas de carbono/ano, enquanto dados do governo de Alberta dizem que as areias betuminosas emitem 70 megatoneladas/ano a partir da produção. Por fim, o relatório conclui que as emissões de carbono dos incêndios florestais são calculadas e revelaram que as florestas do Canadá são fonte de carbono em vez de sumidouro, no entanto, essas emissões não são atribuídas à indústria. A diferença importa, porque o Canadá não pode cumprir suas metas de mudança climática a menos que tenha uma imagem precisa de onde está começando.

Moral da Nota: a Pathways Alliance, consórcio das seis maiores empresas de areias petrolíferas do Canadá, gastará US$ 16,5 bilhões antes de 2030 na instalação de captura e armazenamento de carbono, peça central da promessa zero líquido até 2050, além de  US$ 7,6 bilhões adicionais em  projetos de redução de emissões totalizando  US$ 24,1 bilhões. Apesar do crédito fiscal de investimento à projetos de captura e armazenamento de carbono anunciado pelo governo canadense , o grupo busca mais apoio financeiro governamental antes de iniciar o projeto. Será necessário apoio adicional para manter competitiva a indústria de petróleo e gás do Canadá com outras jurisdições, algumas das quais subsidiando armazenamento e captura de carbono. A Pathways Alliance ainda não tomou decisão final de investimento no projeto, que capturaria emissões de CO2 de mais de 20 instalações petrolíferas no norte de Alberta e armazenaria com segurança no subsolo, proporcionando redução de 10 milhões de toneladas de emissões/ano. O grupo já concluiu o trabalho de pré-engenharia e consulta comunidades indígenas ao longo da rota do oleoduto de 400 kms proposto que transportaria CO2 capturado ao centro de armazenamento, concluiu ainda nove estudos de viabilidade de captura de carbono envolvendo empresas associadas em locais de areias petrolíferas. A Pathways Alliance é composta pelas empresas membros Canadian Natural Resources Ltd., Cenovus Energy Inc., ConocoPhillips Canada, Imperial Oil Ltd., MEG Energy Corp. e Suncor Energy Inc. Relatório do Instituto Pembina avisa  que o setor de petróleo e gás do Canadá deve ter lucro de US$ 152 bilhões em 2022 decorrente a guerra na Ucrânia e ao boom dos preços das commodities, criticou a indústria por não se mover mais rápido em cumprir compromissos climáticos à luz de lucros inesperados.