Na Califórnia, a temporada de incêndios florestais de 2022 supera 20221 consumindo mais que o dobro da área queimada até esta época do ano em relação ao ano passado, começando mais cedo e terminando mais tarde, conforme o Departamento de Florestas e Proteção contra Incêndios computando mais de 4.900 desde o início do ano, representando ameaça às comunidades de toda a região. Além dos danos que o fogo causa, cientistas começam entender o risco à saúde mental do fogo e da fumaça, conforme relatório da Universidade da Califórnia em Los Angeles. Um dos autores do relatório, May M.T. Kyaw, disse em comunicado a imprensa que “incêndios florestais estão ocorrendo com frequência e gravidade crescentes e seus impactos nas pessoas tornam-se mais evidentes", continua, "deslocam comunidades inteiras e a fumaça pode afetar regiões a centenas de kms, por dias, semanas ou meses. No entanto, muito pouco se sabe como incêndios florestais afetam a saúde mental". O efeito de incêndios florestais na saúde mental vem como alerta em reunião de 2019 da Academia Nacional de Ciências, Engenharia e Medicina sobre a falta de pesquisas relacionadas. O relatório examina a "solastalgia", termo cunhado pelo australiano Glenn Albrecht em 2005, descrevendo como "angústia baseada no lugar que as pessoas sentem quando ambientes e paisagens são transformados, não necessariamente perdidos, como degradações ambientais e secas" sendo que o sofrimento pode variar de "angústia generalizada a problemas de saúde incluindo doenças físicas, mentais e abuso de drogas". O relatório observa que incêndios deixam lembretes visuais diários de perda que podem levar à solastalgia “após um incêndio florestal, cujos moradores voltam para casa com uma paisagem devastada, enfrentando estresse financeiro, de saúde e social da reconstrução, lembrete presente através da visão de seu trauma”. Observa que a mudança climática responde pelo aumento da "frequência, duração e gravidade dos incêndios florestais", com temporadas de incêndios durando mais e a fumaça se estendendo kms além do alcance do incêndio.
Símbolo de sucesso econômico encarnando o sonho americano, a Califórnia nos EUA enfrenta catástrofe climática sem precedentes pelos incêndios florestais. Com população de 39.512.223 de pessoas, renda média de US $ 35.228, é o abrigo de estrelas de Hollywood, Vale do Silício, vinhos de Napa Valley e antigas florestas, considerado um dos mais ricos e influentes dos EUA. Lá vive o Parque Nacional de Yosemite atraindo milhões de pessoas com enormes formações rochosas e florestas extensas incluindo conjunto de grandes sequoias antigas. Incêndios florestais saturam o ar de fumaça e cinzas, causando problemas pulmonares ou exacerbando os já existentes como alergias ou asma tratados por médicos de cuidados primários, sendo enviados à pneumologistas quando os problemas aumentam em gravidade; doença pulmonar obstrutiva crônica ou DPOC ou enfisema. Dados da Association of American Medical Colleges mostram que o número de especialistas em doenças pulmonares nos EUA caiu quase 11% de 2014 a 2019 porque médicos estão optando por praticar cuidados intensivos pulmonares em vez de apenas pneumologia. Cerca de 15 mil médicos pneumologistas praticam nos EUA de acordo com o relatório GoodR, no entanto, vastas áreas do país têm poucos ou nenhum, sendo que o aumento dos incêndios florestais e sua intensidade expandirão a necessidade de pneumologistas. Os efeitos a curto prazo da inalação de fumaça são conhecidos com ataques de asma, exacerbação da DPOC, bronquite e pneumonia, dor no peito ou outros problemas cardíacos, sendo que os incêndios liberam poluentes incluindo CO2, CO e benzeno além de partículas. Pesquisadores de saúde e especialistas em qualidade do ar se preocupam com material particulado PM 2.5 que se alojam nos pulmões associados a doenças cardíacas e pulmonares. O New England Journal of Medicine de 2020 alerta que o aumento dessas partículas está associado a risco maior de morte por todas as causas, excluindo acidentes, homicídios e causas não acidentais, por até quatro dias após exposição da população.
Moral da Nota: “compreender efeitos da fumaça dos incêndios na saúde mental é crucial, pois o mundo entra em momento que eventos de fumaça dos incêndios florestais são eventos prolongados”. O relatório destaca estudo com crianças e adolescentes expostos à fumaça, sugerindo que a proximidade e a ameaça percebida de incêndio eram fatores que afetam o estresse e o bem-estar emocional. Outro estudo descobriu que a fumaça persistente teve efeito na saúde mental e emocional após incêndios nos Territórios do Noroeste Canadense, com relatos de sentimentos de medo, estresse, isolamento, incerteza e a maioria relatando "conexão direta entre incêndios florestais, fumaça e queda na saúde mental e emocional" pois estavam confinados em casa.