Relatório da Celac “Recuperação Verde e Resiliente à América Latina” do Centro de Adaptação Global e da Presidência pro tempore do México, Caribe e Comunidade de Estados da América Latina, indica que 5 milhões de pobres ingressarão na América Latina até fins desta década e, em um ano, 4,8 milhões de latino-americanos entraram na pobreza extrema pela crise de saúde, ao passo que análise imparcial, indica que recuperação econômica pós-pandêmica deveria tornar os países resilientes às mudanças no clima. O Fórum Econômico Mundial informa que América Latina e Caribe é a região de maior desigualdade, aprofundada na pandemia e segundo a CEPAL, de 230 milhões de pobres na região quase 90 milhões vivem em pobreza extrema. Investimento social, fragilidade do sistema de saúde e alta taxa de informalidade, entre 30% e 70%, tornaram a pandemia mais grave na região. Considerando 2020, a América Latina ostenta seis das 20 maiores taxas de infecção per-capita do mundo e das 20 nações com maiores taxas de mortalidade por COVID-19 nove são latino-americanas.
Impactos climáticos crescem com graves consequências e a região perde 11 bilhões de dólares/ano pelos desastres naturais associados ao clima e nove dos 20 países com maior queda no PIB por mudanças climáticas no mundo são da região, segundo a CELAC. O relatório diz que caso o investimento em infraestrutura resiliente aumente 3% se comparado a infraestrutura convencional e os países gastassem entre 3 e 13 bilhões de dólares/ano em infraestrutura adaptada ao clima, até o final da década, 700 bilhões de dólares em benefícios líquidos seriam gerados em prevenção de danos. Ao custo por design resiliente da infraestrutura em 3%, garante atividade econômica preservada associada a essa etapa, e mais, das pequenas empresas que fecham duas semanas por enchente, 70% não reabrem. O relatório recomenda estímulos econômicos em benefícios diretos às pessoas cumprindo Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS, além de incluir mulheres, indígenas e afrodescendentes.
Moral da Nota: o Banco Mundial estima que a AL neste começo de século aumentará em 20 milhões de migrantes internos do clima e “se o propósito dos empregos for resiliência, benefícios imediatos seriam gerados" através de serviços de limpeza de córregos, evitando incêndios florestais, eliminando lixões ou reflorestando permitindo inclusão de mão de obra não qualificada em programas de emprego. “Se a região não enfrentar as desigualdades, irá na trilha das convulsões sociais como Chile e Colômbia, demorando mais para conter a pandemia e se recuperar das mudanças climáticas”.
Canto de página: economia circular se baseia nos 3R: reduzir, reciclar e reaproveitar, diminuindo consumo de materiais virgens levando ao desgaste da natureza, além da geração de resíduos não aproveitados. A iniciativa Circular Economy Coalition é parte da recuperação pós-COVID-19, com a capital de Barbados sediando a XXII reunião anual do Fórum de Ministros do Meio Ambiente. A coalizão posui como parceiros permanentes, a British Ellen MacArthur Foundation, a alemã Konrad Adenauer, a Plataforma para Acelerar a Economia Circular, o BID e o Fórum Econômico Mundial. A economia circular propõe modelo econômico resiliente, diverso e inclusivo dando oportunidade de crescimento sustentável, produção e consumo de bens e serviços, além de englobar mudança de combustíveis fósseis à energia renovável e diversificar visando resiliência. Na A.L. 50% dos resíduos sólidos são orgânicos, 90% não são usados ou vão ao lixo; melhorar eficiência e vida útil dos materiais cria 5 milhões de novos empregos. A ONU lembra que um terço dos alimentos produzidos no mundo ou 1,3 bilhão de toneladas, próximo a US$ 1 trilhão, apodrece em lixeiras ou estragam com transporte e coleta inadequados; caso trocadas as lâmpadas pelas de eficiência energética economizaria US$ 120 bilhões/ano. No atual ritmo de vida, uma população de 9,6 bilhões de pessoas em 2050 necessitaria três planetas para fornecer os recursos e sustentar o estilo de vida.