O fundador e CIO do fundo hedge Crescat Capital, avalia que especulações desenfreadas em Wall Street colocaram o mercado de ações dos EUA em colapso a nível de 1929. Enquanto o surto de coronavírus sacode o Dow, investidores traçam paralelos com a crise de ações de 2008. No entanto, Wall Street adverte que essa bolha de ações reflete uma crise como a Grande Depressão. Embora o pânico do coronavírus possa ser justificativa inicial ao rebaixamento, as raízes da crise são profundas e o sangramento não deve parar após precificação do impacto do vírus na economia. As avaliações são duas vezes mais altas que os picos de bolhas de tecnologia e habitação, sendo que os investidores não consideram o valor médio da empresa para as vendas. Segundo a visão da Crescat, investidores fazem lances por tais avaliações porque compraram a narrativa que baixas taxas de juros e fluxo constante de liquidez do banco central, garantiriam em futuro próximo um aumento constante dos preços das ações.
Temores do coronavírus levaram a queda do Dow Jones com os preços dos títulos subindo e os rendimentos caindo. Apesar das expectativas de queda nas taxas de juros, o Dow ainda luta para encontrar suporte. O Presidente do Fed de St Louis, James Bullard, avisa que a confiança nos bancos centrais se deteriora e após o corte de 50 pontos base pelo FED, houveram expectativas no restabelecimento de alguma confiança no instável mercado de ações e ao lado da esperança de mais cortes mostrou-se ineficaz, com economistas criticando o que poderia ser um erro político. Admitiu que anos de política incerta falharam em produzir inflação e destruíram a reputação do banco central, consequente perdas por anos de metas inflacionárias declaradas para baixo. Atualmente parte da dívida soberana americana negociada nos mercados globais, carrega taxa de retorno nominal negativa. O surto de coronavírus levou George Saravelos, chefe de pesquisa do Deutsche Bank, alertar que o cisne negro é uma crise de liquidez já que em momentos de estresse questiona-se onde é a vulnerabilidade no sistema financeiro, daí, não deveria ser preocupação uma crise de financiamento como em 2008.
Moral da Nota: talvez a iminente recessão pelo coronavírus, especulando-se não tão severa quanto a de 2008, exceto por surto maciço incontido nos EUA ao lado de disseminação acelerada na China e Europa. A "recessão por coronavírus", segundo pensamento predominante, talvez seja curta e não uma repetição da Recessão de 2008. Estima-se que talvez a economia global sofra recessão técnica antes de recuperar força, no entanto, cenário improvável poderia criar ecos da Grande Recessão. Apesar de semelhanças entre os movimentos do FED de 2008 e hoje, avisos de ganhos da América corporativa e grande declínio na Média Industrial Dow Jones, uma "recessão por coronavírus" teóricamente deve durar pouco, assim avaliam analistas, muito menos parecer o que foi vivido há 12 anos. Ao contrário da Recessão de 2008/2009, desta vez a falta de suprimentos prejudica o crescimento econômico e não a demanda, sendo que a provável contenção da epidemia e o retorno da mobilidade reacelerariam a economia. Para uma recessão profunda e grave por coronavírus, o surto teria que causar uma crise financeira em grande escala com o sistema privado se inserindo em dívidas excessivas e, à medida que pioram as condições financeiras, as empresas aumentam estoques que não conseguem descarregar obrigando demissões e execuções de hipotecas como em severas recessões. As empresas dos EUA, segundo analistas, no momento não lidam com excesso de estoque e nem os consumidores estão desempregados. O presidente do FED, Jerome Powell, disse que o banco responde ao impacto que o vírus causa nas perspectivas econômicas, observando que a economia continua forte.
Nota de Rodapé: a máxima 'Grande Demais para Falir, Pequeno Demais para Salvar', parece no olho do furacão, mostrando que nosssos parceiros do norte utilizam com extrema destreza a hegemonia do dólar e sua pujança econômica. Isto é dito pelos impensáveis US$ 1,5 trilhão do FED como liquidez ao mercado, já que em qualquer mortal país certamente seria moratória técnica, que o digam os irmãos portenhos e assemelhados. Nada demais, só a torcida para que a pandemia não aperte demais os chineses e não se verem obrigados a desfazer de seu maior investimento, ou, os Títulos da Dívida americana, grande financiadora da maior aventura militar desde o fim da guerra do Vietnam.