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domingo, 30 de junho de 2024

Através do Ar

A OMS e mais de 500 especialistas concordam sobre o que significa determinada doença se espalhar pelo ar e, na tentativa de evitar a confusão que ocorreu no início da pandemia de Covid-19, divulga documento técnico afirmando ser o primeiro passo para descobrir como melhor prevenir este tipo de transmissão tanto à doenças existentes como o sarampo por exemplo, além de futuras ameaças pandêmicas. O documento diz que o conceito “através do ar” pode ser utilizado para doenças infecciosas em que o principal tipo de transmissão envolve o agente patogênico, o causador da doença, que viaja pelo ar ou fica suspenso no ar, em linha com termos como doenças “transmitidas pela água”, compreendido nas disciplinas e pelo público, além de especialistas que contribuíram à definição como físicos, profissionais de saúde pública e engenheiros, muitos dos quais discordaram sobre o tema no passado. Historicamente exigiam elevados níveis de comprovação antes de considerarem as doenças transmitidas pelo ar, que solicitava medidas de contenção rigorosas e, com a nova definição, o risco de exposição e gravidade da doença devem ser considerados já que divergências anteriores também giravam em torno de se as partículas infecciosas eram “gotículas” ou “aerossóis” com base no tamanho, algo que a nova definição afasta. Nos primeiros dias da pandemia em 2020, cerca de 200 cientistas de aerossóis queixaram-se publicamente que a OMS não tinha avisado ao público sobre o risco do vírus poder espalhar pelo ar, levando à ênfase excessiva em medidas como lavagem das mãos para deter o vírus em vez de se concentrar na ventilação. A agência disse em julho de 2020 que havia "evidências emergentes" de propagação aérea, com o cientista-chefe à época, Soumya Swaminathan, iniciando o processo para obter uma definição abrindo nova guia que a OMS deveria ter sido mais enérgica "muito antes", enquanto seu sucessor, Jeremy Farrar, disse em entrevista que a nova definição ia além da Covid acrescentando que no início da pandemia faltavam provas disponíveis e, os especialistas, incluindo a OMS, agiram de "boa fé", já que, naquela época, ele chefiava a instituição de caridade Wellcome Trust e assessorava o governo britânico sobre a pandemia. Conseguir que a definição seja acordada entre especialistas de todas as disciplinas permitiria iniciar discussões sobre questões como ventilação em muitos ambientes, de hospitais a escolas, comparando à constatação que vírus transmitidos pelo sangue como o HIV ou hepatite B, poderiam ser transmitidos por médicos que não usassem luvas nos procedimentos.

Outra questão relevante consiste no fato que Tribos das Ilhas Salomão vendem créditos de carbono, não suas árvores, em nação do Pacífico Sul devastada pela exploração madeireira, unindo-se para vender créditos de carbono de “alta integridade” nos mercados internacionais sendo que o projeto não só preserva a floresta tropical altamente biodiversificada, mas canaliza rendimentos que mudam vidas dos proprietários de terras indígenas. Pesquisas identificaram cerca de 50 espécies de água doce, refúgio de biodiversidade, o que permitiu estabelecimento de ONG local de conservação, Fundação ao Desenvolvimento dos Recursos Naturais, NRDF, resiliente à ofertas de dinheiro de empresas malaias para exportação madeireira à China, buscando traçar planos de lucrar com a manutenção das árvores cujos mapas aéreos revelam a única extensão verde da ilha que não é marcada por estradas madeireiras. Em 2019, a floresta de 3 milhas quadradas da tribo tornou-se a primeira área legalmente protegida do país, “farol de conservação e gestão de recursos naturais”, de acordo com o ministro do Meio Ambiente das Ilhas Salomão⁠ e, em Fevereiro de 2022, tornaram-se os primeiros proprietários de terras do país a receber pagamentos de investidores internacionais por manterem suas florestas intactas com as tribos vizinhas também garantindo áreas protegidas e vendendo créditos de carbono de “alta integridade” à compradores que buscam compensar emissões de gases efeito estufa ou aprimorar credenciais verdes em que o Projeto de Conservação da Floresta Tropical Babatana, em homenagem ao grupo linguístico compartilhado pelas tribos, agora cobre 26 milhas quadradas de floresta tropical protegida. Os cálculos que subscrevem o valor do projeto no mercado internacional de carbono começaram com pesquisas minuciosas realizadas durante 6 meses, com a medição de tudo o que crescia e vivia dentro de uma lista de locais de pesquisa com 25 metros de diâmetro, levantamento que se repete a cada 10 anos e, além da realização anual de levantamentos que registram cada mudança e cada animal avistado, do patrulhamento rotineiro dos limites, verificando incursões cujos relatórios são analisados por auditores independentes com base em imagens de satélite. Os dados também são necessários para calcular o estoque ou inventário de carbono da floresta, já que desde 2022, receberam 5 pagamentos trimestrais pelo projeto florestal, sendo que o dinheiro deve continuar fluindo até 2045 quando o contrato será renovado e com pagamento feitos pela Nakau, operadora sem fins lucrativos baseada em direitos no Pacífico que coordena o projeto Babatana e trabalha em colaboração com o NRDF, além de pagamentos semelhantes em fase de preparação às tribos vizinhas à medida que projetos são verificados e adicionados à carteira de projetos de Babatana. O projeto Babatana é propriedade das tribos, que também mantêm direitos sobre o carbono, esperando-se que esta estrutura ajude superar críticas dirigidas a outros esquemas de comércio de carbono a nível internacional, incluindo o fato de perpetuarem a dinâmica colonial extrativa nas relações com povos da floresta e terem levado a episódios de conflito e desapropriação violenta, com especialistas criticando a falta de consulta dos projetos com a população local e a transparência enquanto há existência de provas que alguns projetos são pura lavagem verde.

Moral da Nota: muitos acreditam que IA será a próxima tecnologia de uso geral que impulsionará o crescimento da produtividade cuja adoção acontece a velocidade vertiginosa em praticamente todos os países e indústrias, embora esteja preparada para ter impacto profundo na economia sabe-se pouco sobre seu impacto no emprego e produção em setores bem como sobre suas implicações no crescimento e inflação, tanto a curto como a longo prazo. Estudos relativos ao impacto econômico IA utilizando modelo macroeconômico multissetorial calibrado à índice de exposição da indústria à IA, buscou responder questões como 'Até que ponto o impacto IA no emprego e produção de uma indústria depende da exposição direta dessa indústria à IA'?, ou, 'Como a adoção IA afetará a produção e inflação no curto e longo prazo'?, ou, 'Que lições podemos tirar para a política monetária, bem como para as políticas públicas'?. Concluiu-se que IA ao estimular o crescimento da produtividade aumenta significativamente a produção agregada, o consumo e o investimento no curto e longo prazo, cuja exposição direta de uma indústria à IA surpreendentemente impacta pouco nos resultados a longo prazo sendo que o aumento da procura total e as alterações associadas nos preços relativos e os custos dos fatores de produção são mais importantes que o aumento direto da produtividade resultante da adoção IA. Daí, decorre que os efeitos IA sobre a inflação são incertos, por um lado, ao aumentar a produtividade a adoção IA aumenta a oferta que é desinflacionário e, por outro lado, empresas necessitam investir para tirar partido da IA, isto, com rendimentos médios mais elevados que aumentará procura e inflação, sendo que o efeito líquido depende do momento que estas forças ocorrem, que por sua vez, depende de expectativas das famílias e das empresas, relativamente ao potencial transformador IA e da disponibilidade para agir conforme essas expectativas. Sob o ponto de vista global, o contributo positivo IA no crescimento poderá compensar desenvolvimentos seculares prejudiciais que ameaçam deprimir a procura no futuro, incluindo envelhecimento da população e mudanças nas cadeias de abastecimento global ao lado de tensões geopolíticas e fragmentação política.


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Anatomia do suicídio

Relatório elaborado com período de cobertura entre 2000 a 2021 pelo INE, Instituto Nacional de Estatística da Espanha, apresentado na UCM School of Medicine, com atenção desempenhada pela pandemia, mostra tendência  na taxa de suicídio no país. Análise dos dados mostram aumento na tendência mortalidade por suicídio na Espanha desde 2018 se cristalizando em 2021, através do crescimento anual de 6% em relação a 2018, ano que inicia o ciclo crescente da série 2000-2021, refletindo forte impacto da pandemia na mortalidade por suicídio no país. Em 2021, tendências populacionais vistas  nos anos anteriores como maior taxa de mortes por suicídio em homens e  pessoas de meia-idade, 40-64 anos,  além do aumento da mortalidade por suicídio em não nascidos no país. A taxa de mortalidade na Espanha está perigosamente próxima da média mundial estabelecida pela OMS, com as províncias da Galiza, Andaluzia, Castilla y León, Catalunha e Aragão mais afetadas pelas taxas de mortalidade relacionadas ao suicídio em 2021. Nos 2 anos analisados da pandemia, 2020 e 2021, observou-se efeito no número de mortes por suicídio tanto em homens como em mulheres, em pessoas nascidas na Espanha como fora dela. A mortalidade por suicídio cresceu  25% em migrantes,  grupo  mais afetado pela pandemia, e o grupo de pessoas de meia-idade apresenta aumento de mortes por suicídio na pandemia com a crença que medidas de controle da propagação do vírus e as consequências colaterais dessas medidas interferiram no resultado. Populações urbanas e de capitais provinciais com implementação das medidas de controle levou a maior perturbação da vida quotidiana, assistindo ao maior efeito da pandemia na mortalidade.

Em 2021, onze pessoas morreram por suicídio/dia na Espanha dando taxa bruta de mortalidade por suicídio de 8,45 mortes por 100 mil habitantes, em linha com o que se observou entre 2000-2020,  ou,  3 em cada 4 pessoas que morreram por suicídio em 2021 eram homens, 2.982 casos, sendo que  metade dos falecidos tinha entre 40 e 64 anos, 2.016 pessoas, sendo que 31% dos falecidos tinham 65 anos ou mais, 13,8% entre 25 e 39 anos e 5% entre 10 e 24 anos e nenhum caso de morte por suicídio foi observado em crianças menores de 10 anos em 2021. Quanto ao país, 87% das pessoas que morreram por suicídio, 3.490, nasceram na Espanha, 12,7% nasceu em outros países, quanto a residência do falecido, 32% residiam em capitais provinciais, um quarto residia em áreas rurais, menos de 10 mil habitantes,  ou urbanas entre 10.001 a 50 mil habitantes respectivamente 24,6% e 24,7% e o restante vivia em grandes cidades, mais de 50 mil habitantes, não sendo capital de província. A distribuição temporal e espacial em 2021 mostra que em todos os meses há maior número de mortes em 2021 que em 2019 e 2020, a mesma sazonalidade padrão que em outros anos, ou, um claro aumento da mortalidade por suicídio no verão, com julho, o mês de maior mortalidade em 2021 ultrapassando 400 mortes por suicídio em um único mês. Quanto a distribuição geográfica, as maiores taxas são observadas na Galiza, Astúrias, Castilla y León, Aragón, Catalunha e Andaluzia, em 2021, 13,1 por 100 mil habitantes, Zamora, 14,2 por 100 mil habitantes e Lugo, 15,6 por 100 mil habitantes. Por fim, 26 das 50 províncias espanholas mais as duas cidades autônomas ou 52% das províncias, superam a média global de mortalidade por suicídio, indicada pela OMS para 2019 ou 9 mortes por 100 mil habitantes, enquanto as cidades autônomas de Ceuta e Melilla e as províncias de Guadalajara e Comunidade de Madri apresentam taxas mais baixas do estado.

Moral da Nota: suicídio é reação trágica a situações estressantes da vida, mais trágico, porque pode ser evitado.  Uma consulta por mês ao psiquiatra na depressão ou ao neurologista na demência ou alterações cognitivas levam a soluções farmacológicas, mas a confiança no desenvolvimento das causas que progridem ao suicídio demanda tempo e contato mais frequente, desenvolvendo laços de confiança, isto, leva tempo e contato. Exemplo claro é a evolução da mortalidade por câncer decorrente melhorias no diagnóstico e, em consequência, da doença.  A Telemedicina nos casos psiquiátricos de ambulatório relacionados a depressão, transtornos da personalidade ou em casos crônicos de doenças envolvendo memória, certamente leva a maior contato entre terapeuta e paciente, onde serão vistas causas de depressão ou evolução das demências em si. Em relação a memória talvez estejamos na escuridão com busca empírica de solução sem trilha estabelecida, com protocolos não consensuais.

Em tempo: modelo de armazenamento de informações no cérebro revela como as memórias decaem com a idade, com regiões cerebrais ativadas em teste de memória de curto prazo e sobrepostas em imagens de ressonância magnética em três orientações diferentes sugerem como desaparecem. Construções teóricas chamadas redes de atratores ou comportamentos característicos fornecendo modelo à memória no cérebro, traçam rota pela qual as memórias são armazenadas e esquecidas. Modelo matemático e simulações mostram que, à medida que envelhecem, memórias registradas em padrões de atividade neural tornam-se imprevisíveis, caóticas, lembando que caos é diferente de anarquia pois é regido por leis que desconhecemos,  ao passo que anarquia não é regida por nenhuma lei, levando a possibilidade de padrão matemático caótico, antes de desintegrarem em ruído aleatório. Não se sabe se tal comportamento ocorre em cérebros reais, no entanto, pesquisadores propõem procurá-lo monitorando atividade neural que muda ao longo do tempo em tarefas de recuperação de memória. A memória pode ser recuperada se um novo número binário com uma relação matemática simples com aquele que a criou for aplicado aos neurônios,  pode mudar a atividade da rede ao estado atrator correspondente. Estudos anteriores de redes neurais biológicas mostraram que a atividade de rede é mais ruidosa, aleatória, do que se espera de uma rede impressa com estados estáveis e bem definidos. Tudo isto considera a telemedicina associada a inteligência artificial, IA, e ao aprendizado de maquina, ML, na construção de modelos matemáticos na pratica diária em relação a depressão, distúrbios da memória, do comportamento etc. 


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Flagelo Químico

A posse de pequenas quantidades de drogas pesadas será permitida em Vancouver decorrente a descriminalização. O Canadá após legalização de maconha recreativa, descriminaliza o porte pessoal de drogas pesadas na Colúmbia Britânica a partir de 31 de janeiro de 2023, sendo que a província não processará criminalmente adultos com mais de 18 anos, com menos de 2,5 gramas de drogas pesadas, incluindo heroína, morfina, fentanil, cocaína, metanfetamina e MDMA ou ecstasy, que deverão receber informações sobre programas sociais e tratamento, se o solicitarem, com o tráfico de drogas continuando ilegal, independente da quantidade possuída,  experiência, com duração de três anos.

A Colúmbia Britânica investiu US$ 751 milhões desde 2017 para expandir  instalações existentes, como adição de dezenas de locais de prevenção de overdose,  2,8 bilhões de dólares canadenses em saúde mental e tratamento de uso de substâncias além de serviços e instalações à usuários enquanto  lida com a emergência de saúde pública. Vancouver é pioneira em políticas de drogas desde 1959, quando abriu a primeira clínica de metadona do mundo, daí,  programas de redução de danos com remoção do estigma criminoso no uso de drogas e concentrar em questões sociais, econômicas e saúde mental subjacentes dos usuários. Abriu o primeiro local de injeção segura da América do Norte em 2003 e distribui cachimbos de crack limpos desde 2011, experimentou máquinas de venda automática que identificavam usuários com biometria e depois distribuíam quantidades definidas, com o Centro de Controle de Doenças afirmando que 7.542 mortes foram evitadas entre janeiro de 2015 e março de 2022 decorrente serviços como prevenção de overdose e consumo supervisionado. O Serviço de Medicina Legal da Província informa crescentes níveis de mortes e crimes relacionados à drogas, com overdose em 2022 de 41,7 por 100 mil habitantes, ou, 5 vezes a taxa de 1996 e, nos EUA, as mortes por overdose foram de 28,3 por 100 mil habitantes em 2020.  No entanto,  drogas ilícitas são principal causa de morte não natural desde 2015, seguida por suicídio e acidentes  de carros  com crimes de tráfico de drogas,  produção ou distribuição aumentando de 25,5 por 100 mil habitantes em 2012 à 61,7 por 100 mil pessoas em 2017. 

Moral da Nota: relatório da ONU de 2022 sobre drogas informa que 284 milhões de pessoas entre 15 e 64 anos usaram substâncias ilícitas em 2020, aumento de 26% em relação à década anterior,  diz que traficantes entram em novos territórios e que porcentagem maior de jovens está consumindo drogas e, em maiores quantidades, sendo que um dos efeitos da pandemia foi aumento alarmante no uso de drogas e problemas de saúde mental. Questiona sucesso da iniciativa canadense que insere no enfraquecimento das condições econômicas e aumento de problemas com saúde mental no mundo, com pesquisadores dizendo que não está claro o que funciona melhor para reduzir overdose de drogas,  crime e problemas sociais que acompanham o uso. Mudanças da Colúmbia Britânica seguem ações semelhantes em Portugal, o primeiro país a descriminalizar as drogas pesadas em 2001 e do Oregon que o fez em 2020, no entanto, choca turistas os becos próximos às áreas comerciais com viciados em heroína, sendo que globalmente o fardo social do uso de drogas, cresce, e os governos buscam soluções. O chefe de departamento da Escola de Saúde Pública de Yale, nos fala que é impossível dizer se vitórias estatísticas de Portugal como a queda das mortes por overdose e casos de HIV ligados a agulhas contaminadas,  resultam de tendências econômicas e sociais. O professor de justiça criminal na Escola de Política Social da Universidade de Kent, Inglaterra, Alex Stevens,  defende que o sucesso de Portugal no início de 2000 se deve em  parte ao pacote completo de programas sociais implementados, como incentivos para contratar pessoas com problemas com drogas,  renda mínima garantida e assistência habitacional que podem ter desempenhado um papel.