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quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Dióxido de Carbono

Usinas termelétricas a carvão e etanol além de outras instalações industriais, produzem dióxido de carbono, CO2, e, para impedir que emissões cheguem à atmosfera as empresas podem instalar equipamentos para separar CO2 dos demais gases expelidos  e transportá-lo para ser armazenado de modo permanente no subsolo, no entanto, mesmo às indústrias que tentam reduzir emissões, algumas sempre produzirão carbono como os fabricantes de cimento que usam processo químico que libera CO2. Karl Hausker, especialista em zerar  emissões líquidas do World Resources Institute, organização sem fins lucrativos focada no clima que apoia reduções no uso de combustíveis fósseis, esclarece que "chamamos de tecnologia de mitigação a forma de interromper o aumento das concentrações de CO2 na atmosfera" além de papel limitado na captura de carbono, processo de concentração que permite transporte em veículo ou oleoduto até o local onde pode ser injetado no subsolo para armazenamento de longo prazo. Em vista disso, em vez de capturar carbono de uma única fonte concentrada o objetivo é remover o que já está na atmosfera, fato que acontece quando florestas são restauradas, daí, a captura diretamente do ar através de produtos químicos para extrair CO2  à medida que o ar é transportado, para alguns, a remoção de carbono é essencial na transição global à energia limpa que levará anos, apesar dos ganhos com veículos elétricos os carros a gás continuarão operando enquanto alguns setores como transporte marítimo e aviação enfrentam o desafio de descarbonização total. A AIE, Agência Internacional de Energia, esclarece que de acordo com especialistas a tecnologia de captura de carbono e armazenamento funciona mas é cara e está no início de implantação com 40 projetos de captura de carbono em larga escala em operação no mundo capturando 45 milhões de toneladas métricas de CO2/ano, quantidade mínima, 0,1%, dos 36,8 bilhões de toneladas métricas emitidas globalmente conforme contabilização do  Projeto Global de Carbono, com a AIE afirmando que a história da captura de carbono "é, em grande parte, de expectativas não atendidas" ao analisar como o mundo pode atingir emissões líquidas zero e seu caminho depende da redução das emissões através da redução do uso de combustíveis fósseis. A captura de carbono é parte da solução, menos de 10%, mas, apesar do papel comparativamente pequeno sua expansão está atrasada, com Jennifer Pett-Ridge, que lidera iniciativa de carbono do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, nos EUA, 2º maior emissor mundial de gases efeito estufa dizendo que "temos que remover parte do que está na atmosfera além de interromper as emissões", no entanto, o ritmo de novos projetos se acelera mas enfrentam obstáculos, nos EUA, há oposição aos gasodutos de CO2 que transportam carbono à locais de armazenamento, sendo a segurança preocupação, em 2020, um gasoduto de CO2 no Mississippi rompeu liberando CO2 que deslocou o ar respirável próximo ao solo e levou dezenas de pessoas aos hospitais. O governo norte americano trabalha para melhorar os padrões de segurança além de empresas com dificuldades em obter licenças com reguladores da Dakota do Sul por exemplo, rejeitando licença de construção à rede de 2.090 km de gasodutos de CO2 no Centro-Oeste para transportar carbono ao local de armazenamento em Illinois, no entanto, o  Instituto Americano de Petróleo afirma que petróleo e gás continuarão como fonte crítica de energia por décadas, significando que para que o mundo reduza emissões de carbono a rápida expansão da tecnologia de captura de carbono é "fundamental ao uso de energia mais limpa na economia". 

O carbono pode ser capturado na atmosfera através  de aspiradores gigantes, uma vez capturado, é dissolvido por produtos químicos ou preso por material sólido, com Lauren Read, vice-presidente sênior da BKV Corp, esclarecendo que construiu instalação de captura de carbono no Texas e que a empresa injeta carbono em alta pressão forçando-o a quase 3 kms abaixo da superfície em formações geológicas que podem contê-lo por milhares de anos. Quer dizer, de acordo com a AIE e a EPA dos EUA, o carbono pode ser armazenado em formações salinas ou basálticas profundas e em camadas de carvão não exploráveis, no entanto,  cerca de três quartos do CO2 capturado são bombeados de volta aos campos de petróleo para criar pressão que auxilia extrair reservas difíceis de alcançar significando que não é armazenado de modo permanente, enquanto a  tecnologia mais usada permite que instalações capturar e armazenar 60% das emissões de CO2 no processo de produção e qualquer taxa acima é mais difícil e cara, segundo a AIE. Empresas previram taxas de captura de carbono de 90% ou mais, "na prática, nunca aconteceu", segundo Alexandra Shaykevich, gerente de pesquisa do Observatório de Petróleo e Gás do Projeto de Integridade Ambiental, isto, porque é difícil capturar CO2 de todos os pontos onde é emitido, além de ambientalistas citarem potenciais problemas para mantê-lo no solo, por exemplo, em 2024, a empresa de agronegócio Archer-Daniels-Midland descobriu vazamento a 1,6 km de profundidade no local de captura e armazenamento de carbono em Illinois levando a legislatura estadual proibir em 2025 o sequestro de carbono acima ou abaixo do Aquífero Mahomet,  fonte de água potável à um milhão de pessoas. A captura de carbono pode ser usada na busca por reduzir emissões de indústrias difíceis de reduzir, como cimento e aço, no entanto, ambientalistas afirmam que ela é menos útil quando estende o uso de carvão, petróleo e gás com estudo de 2021 descobrindo que o processo de captura de carbono emite metano, potente gás efeito estufa com vida útil mais curta que o CO2, que retém mais de 80 vezes calor através de vazamentos quando é trazido à superfície e transportado às usinas. Em 2025, segundo a AIE, 45 instalações de captura de carbono operaram em escala comercial capturando 50 milhões de toneladas métricas de CO2, pequena fração das 37,8 gigatoneladas de emissões de CO2 somente do setor energético, parcela ainda menor das  emissões de gases efeito estufa que totalizaram 53 gigatoneladas em 2023, conforme relatório do Banco de Dados de Emissões à Pesquisa Atmosférica Global da Comissão Europeia. Por fim, o Instituto de Economia e Análise Financeira da Energia afirma que a unidade de Shute Creek da ExxonMobil, no Wyoming, um dos maiores projetos de captura e utilização de carbono do mundo, captura metade do seu CO2, e, a maior parte, é vendida a empresas de petróleo e gás para bombeamento de volta aos campos petrolíferos, mesmo assim, a captura de carbono é  ferramenta para reduzir emissões de CO2 em indústrias pesadas, segundo especialista em tecnologia da Coalizão de Captura de Carbono, concluindo que muitos projetos incluindo propostas de usinas de amônia e hidrogênio na Costa do Golfo dos EUA não serão construídos sem créditos fiscais, que, segundo a diretora da Coalizão de Captura de Carbono, Jessie Stolark, impulsionaram investimentos e são cruciais à competitividade global dos EUA.

Moral da Nota:  análise dos planos das empresas petrolíferas para atingir emissões líquidas zero revelam que a maioria delas depende de alguma forma da captura de carbono, daí, investimentos em captura e remoção de carbono necessitam subsídios para atrair financiamento privado, sendo que a Lei de Redução da Inflação, sob questão nos EUA, tornaria benefícios fiscais mais generosos com  investidores obtendo crédito de US$ 180/tonelada para remover carbono do ar e armazená-lo no subsolo. A EPA estaria considerando pedidos à poços que podem armazenar carbono em lugares como Louisiana e Dakota do Norte, com líderes locais lutando para atrair projetos e investimentos, inclusive a Califórnia teria plano climático que incorporaria captura de carbono e remoção direta do carbono do ar, inserida no conceito que não há outro modo de zerar emissões, com ambientalistas argumentando que empresas de combustíveis fósseis estão atrasando a captura de carbono para desviar atenção da necessidade de eliminar o petróleo, o gás e o carvão. Relatório de responsabilização do governo dos EUA de 2021 afirmou que de 8 projetos de demonstração destinados a capturar e armazenar carbono de usinas a carvão, um, havia começado a operar na época da publicação do relatório apesar de milhões de dólares em financiamento com oponentes observando que a captura de carbono poderia servir para prolongar a vida útil de uma usina poluente que, de outra forma, fecharia mais cedo prejudicando especialmente comunidades mais pobres e minoritárias que vivem perto de instalações  poluentes. Observam que a maior parte do carbono capturado nos EUA acaba injetada no solo para forçar saída de mais petróleo, processo denominado recuperação aprimorada de petróleo, com especialistas defendendo que é essencial governos estabelecerem políticas que forcem menos o uso de combustíveis fósseis que pode então ser complementado pela captura e remoção de carbono.