Sob o domínio de seca severa superando 2023 como a pior e mais disseminada na história registrada do Brasil com rios da Bacia Amazônica à níveis recordes de baixa, enquanto as temperaturas da água se aproximam das que desencadearam mortandade das 2 espécies de golfinhos ameaçados de extinção em 2023 que elevou a temperatura da água no Lago Tefé, estado do Amazonas, à 40,5 º C, limite superior de uma banheira de hidromassagem, ao passo que, em fins de setembro de 2023 carcaças de golfinhos apareceram em mais de 200 no Lago Tefé e 120 nas proximidades de Coari. Pesquisadores do Instituto Mamirauá buscam responder as condições extremas e mortais já que a seca chegou à Amazônia um mês antes em 2024 e, em Tefé, os níveis de água caem até 30 cm/dia transformando áreas cobertas de água em extensões de areia seca, enquanto os níveis de água no lago estavam de 20 a 30 cm acima dos recordes de baixa de 2023 e, de acordo com o hidrólogo do Instituto Mamirauá, com a temperatura da água no Lago Tefé chegando a 37 ºC, antes que, nuvens, chuvas torrenciais e fumaça de incêndios florestais descontrolados, muitas vezes intencionais, se aproximassem. A Bacia Amazônica abriga o boto-do-rio-Amazonas, boto ou golfinho-rosa do rio, e, o tucuxi, espécie menor, de corpo cinza, mamíferos endêmicos cujas populações estão em declínio devido ameaças, incluindo poluição, perda de habitat, caça e efeitos das mudanças climáticas, com o temor que a seca acelere extinção e, com seus mais de mil afluentes, são força vital da floresta de 3 milhões de espécies e 30 milhões habitantes, quando seca, peixes mortos se acumulam, água se contamina tornando difícil o acesso, aumentando problemas de saúde, de rotas comerciais e de comunidades inteiras. Pescadores afirmam que antes previam o início das estações secas e chuvosas em uma semana, hoje, o fim da estação seca tornou-se jogo de adivinhação e quanto mais as condições se estendem, menos tempo há para que os níveis de água se recuperem quando as chuvas retornarem e, aos golfinhos, níveis baixos de água causam efeitos em cascata à medida que a água fica mais rasa, torna-se mais escura e turva pois o fluxo agita a lama do fundo do rio absorvendo radiação solar esquentando em vários graus por dia. Níveis baixos de água aumentam interações negativas com humanos já que muitos dos golfinhos mortos encontrados próximos de Coari mostraram sinais de abate por pescadores e, à medida que as águas recuam, pescadores e golfinhos, que caçam peixes, são forçados a áreas cada vez menores e acabam competindo pelos mesmos recursos, com os botos cor-de-rosa ousados e conhecidos por danificar redes de pesca para obter refeição.
Quando a temporada de incêndios florestais se aproxima, o fitoplâncton enfrenta emissões mais complicadas dos incêndios pois a vida marinha microbiana pode prosperar a partir do carbono negro liberado por incêndios florestais e reforçar o sumidouro de carbono oceânico, com cientistas enfatizando que o papel de sequestro tem limites, sendo que em Dubai, na Cop28, ficou demonstrado que ecossistemas saudáveis e biodiversos na captura e armazenamento de CO2 ao compartilhar pesquisas mostrando como manguezais, alces e tartarugas marinhas ajudam no esforço à desacelerar aquecimento global. Em 2023, incêndios florestais geraram mais de 2,1 bilhões de toneladas métricas de emissões de CO2 e, de acordo com a EPA, o mesmo que dirigir 500 milhões de carros a gasolina por um ano e, com a temporada de incêndios florestais, vários grupos de pesquisa trabalham para demonstrar a capacidade de compensar alguns poluentes e, na visão de satélite, bolsões do oceano parecem mais turvos que as águas azuis ao redor em espirais de vida vegetal microscópica conhecida como fitoplâncton, produzindo muito do oxigênio que respiramos. No norte da Rússia e Escandinávia há redemoinhos de azul turquesa no Mar de Barents vista pelo satélite NOAA-20 em 30 de julho de 2018, mostrando floração de fitoplâncton que prospera na superfície do oceano, estuários e rios no mundo, como os primeiros no menu do zooplâncton e dos peixes pequenos e, além de sustentar a cadeia alimentar, assumem o sequestro de CO2 impulsionando efeito sumidouro de carbono oceânico, comportamento que serve como amortecedor contra efeitos das mudanças climáticas naturais e causadas pelo homem, reduzindo níveis perigosos de emissões de carbono que se acumulam na atmosfera. O fitoplâncton interage com o carbono negro, partícula escura e fina conhecida como fuligem, poluente liberado pela queima de combustíveis fósseis, biomassa e madeira associado ao aumento de asma e doenças respiratórias, conforme a American Lung Association, no entanto, é rico em ferro e nitrogênio que certas espécies necessitam valendo dizer que David Hutchins, professor de biologia marinha e ambiental e se concentra no comportamento do fitoplâncton, publicou artigo na Nature Geoscience estabelecendo bases de como o aquecimento global afeta populações de fitoplâncton. Já, o professor associado de ciências marinhas e autor de artigo que examina a ecologia de incêndios florestais esclarece que emitem de 40 a 250 milhões de toneladas métricas de carbono negro por ano, emissões que afetam ecossistemas por meses, caso dos incêndios florestais australianos em 2019 e 2020 que queimaram 59 milhões de acres de terra, aí, o fitoplâncton prospera, com pesquisadores ao estudarem incêndios florestais na porção norte da península da Indochina em março de 2019 notaram que liberaram 430 mil toneladas métricas de carbono, dos quais, 64 toneladas métricas eram aerossóis de carbono negro que viajaram ao leste em dias, se estabelecendo no Oceano Pacífico e se transformaram em forragem ao fitoplâncton. O estudo previu que, das emissões de CO2 liberadas por incêndios florestais o fitoplâncton ajudou o oceano absorver e guardar mais da metade dessa quantidade, transformando-a no carbono sólido e, quando o fitoplâncton morre, ambos afundam no oceano em processo chamado de “bomba biológica”, uma dos meios que o sumidouro de carbono oceânico funciona, no entanto, o fitoplâncton sozinho não evita os efeitos de um incêndio, não absorve todo o CO2 que cai nas águas, muito menos, poluentes lançados por esses desastres.
Moral da Nota: Paris adota há anos políticas públicas de combate à poluição e incentivo à mobilidade sustentável buscando melhorar qualidade de vida e, em ocasiões, propostas municipais geraram resistência, no entanto, diante da emergência climática a maioria dos franceses estão convencidos da necessidade de adaptação cuja fonte principal de poluição atmosférica e sonora vem do trânsito que gera concentração de gases e partículas finas, com estudos científicos mostrando que fontes secundárias de poluição na região metropolitana da capital são o aquecimento doméstico no inverno, lareiras, caldeiras a gás ou à base de óleo combustível, atividade industrial e construção civil. O aumento das temperaturas gerado pelo aquecimento global e secas prolongadas, aumentaram picos de poluição pela concentração de dióxido de nitrogênio, NO2, subproduto tóxico da queima de combustíveis e uma das primeiras medidas adotadas para reduzir circulação de carros foi a criação do sistema de bicicletas de aluguel atrasados em relação aos países nórdicos, Holanda e Alemanha. O município construiu kms de ciclovias e impôs faixa à ciclistas na contramão das ruas estreitas, além do incentivo a bicicleta, tem o apoio de subsídios que distribui cheques em dinheiro para financiar parte do preço da bicicleta elétrica facilitando a transição do combustível fóssil dos automóveis à elétricos além de estudo do Institut Paris Région, IPR, mostrando que a bicicleta superou o carro como meio de locomoção em Paris ficando atrás do transporte público enquanto 66% dos parisienses usa metrô, ônibus e veículos leves sobre trilhos e 5,5% adota caminhada. O município fechou ruas e vias expressas a carros de passeio com inversão de prioridades de circulação, primeiro pedestres, depois bicicletas, ônibus e táxis, além do programa "Ruas para crianças" onde ficam escolas, ampliando áreas de calçadão abrindo espaço à criação de jardins, favorecendo segurança dos alunos, vegetalização do que antes era asfalto usado por carros, combatendo poluição e melhorando umidade do ar, já havendo 200 'ruas para crianças' e o objetivo é chegar 600 no futuro. O rodízio é raro, apenas quando os níveis de poluentes atingem patamar que requer medida drástica para diminuir o número de carros nas ruas, além do selo de controle de emissão de poluentes, em escala de 0 a 5, no controle da poluição e melhoria da qualidade do ar, sendo zero na escala correspondente a veículos elétricos e movidos a hidrogênio menos poluentes, enquanto 4 e 5 mais tóxicos, só têm autorização para entrar na cidade em algumas ruas e em horários específicos, medida que obrigou troca de carro ou desistência e em paralelo as ruas foram cedendo espaço às ciclovias, não existindo áreas de estacionamento gratuito e, por fim, veículos de menos de 3,5 toneladas são obrigados a passar por controle técnico a cada 2 anos e verificar filtros antipoluição, óleo do motor, freios e faróis além de redução da velocidade.