quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Regras de emissões

A fábrica de motores Stellantis em Kokomo, Indiana, proprietária das marcas Jeep e Ram, concordou com regras estritas da Califórnia para impulsionar veículos elétricos em acordo que protegeria o impulso do estado à carros limpos de ataque potencial da futura administração Trump, com o Conselho de Recursos Aéreos, que regula emissões no estado mais populoso dos EUA, esclarecendo que o acordo fará com que a montadora reduza emissões até o ano modelo de 2026 concordando cumprir requisitos estaduais que os veículos com emissão zero representem parcela crescente das vendas de automóveis no estado até 2030, mesmo que a política seja contestada no futuro conforme a agência em comunicado. O pacto marca reviravolta à Stellantis, que, com empresas como a General Motors Co e Toyota Motor Co, recuaram nas regras de emissões do estado na administração do ex-presidente Trump e, para decisores políticos da Califórnia, servirá de baluarte no caso de Trump ser reeleito, já que quando estava no cargo, decidiu retirar à Califórnia direito de estabelecer suas próprias regras ao abrigo da Lei do Ar Limpo, crítico incansável das políticas pró-VE do atual governo, disse que acabaria com o que chama de “mandato VE” do presidente atual com a campanha de Trump declarando que o ex-presidente tinha “salvado a indústria automobilística” enquanto “mandatos insanos de VE do atual governo a destruiriam completamente”. O pacto, pede a Stellantis cumprir determinações dos carros elétricos da Califórnia, mesmo que a política não possa ser aplicada “como resultado de ação judicial ou federal” e, conforme comunicado no gabinete do governador democrata Gavin Newsom o “acordo é importante para acelerar e avançar esforços” e, em teleconferência com repórteres, além de seguir a mesma estrutura que seus pares a Stellantis investirá US$ 10 milhões em infraestruturas públicas de carregamento na Califórnia e em outros estados que seguem suas regras de emissões oferecendo descontos em carros novos em comunidades carentes, em troca, a montadora terá caminho mais fácil para atender demandas da Califórnia com vendas de híbridos plug-in e EVs da Stellantis em todos os 50 estados podendo agora ser contabilizadas ao cumprimento dos requisitos do estado, já que anteriormente, a empresa só conseguia registrar entregas na Califórnia e em uma dúzia de outros estados que adotaram os padrões. O pacto ocorre no momento em que o atual governo se prepara para finalizar limites mais rígidos à poluição de carros e caminhões leves nos EUA, após mudanças que apaziguarão as montadoras, sendo que a Stellantis, formada a partir da fusão em 2021 entre Fiat Chrysler e a francesa PSA, luta para cumprir requisitos de emissões da Califórnia, há muito, retardatária da indústria na economia de combustível, restringindo vendas de carros movidos a gás no estado e em outros estados no verão 2023 evitando conflito com requisitos EV da Califórnia, mais tarde, culpou regras da Califórnia quando demitiu trabalhadores na fábrica da Jeep em Toledo, Ohio. Agora, a Stellantis junta-se a outras montadoras como, Ford Motor Co, BMW AG e Volkswagen AG, que chegaram a acordos semelhantes que antes havia solicitado anulação considerando que em outubro de 2023 alegou que a Califórnia “adotou indevidamente” os acordos em 2019 que permitiram fabricantes aumentar a economia média de combustível das frotas à 50 milhas por galão até o final do ano modelo de 2026 dizendo então que tentou aderir ao acordo, rejeitado pelo Conselho de Recursos Aéreos da Califórnia.

Ainda na questão do clima, dados do CDP, organização ambiental sem fins lucrativos, revelam que milhares de empresas não tomam medidas necessárias para limitar a poluição por plástico nas suas cadeias de valor, quando em declaração de 9 de abril de 2024 do CDP, que administra o sistema de divulgação global à investidores, empresas, cidades, estados e regiões gerenciarem impacto ambiental, descobriu que, quase metade, 42% das empresas deu o primeiro passo de mapear onde os plásticos estavam produzidos e utilizados nas cadeias de valor em 2023, permanecem "lacunas na compreensão e ação corporativa". No entanto, 21% das 3 mil empresas no mundo que forneceram dados estavam cientes dos riscos associados às suas atividades relacionadas ao plástico, além disso, 64% dos inquiridos afirmaram que não estabeleceram metas à gestão dos impactos relacionados ao plástico, com o CDP alertando que as empresas “muito provavelmente enfrentarão riscos tangíveis como resultado, incluindo interrupções na cadeia de abastecimento, taxas de gestão de resíduos e riscos regulatórios” com o chefe de negócios sustentáveis do CDP alegando que “as empresas devem reconhecer a evidência e nenhuma indústria está imune aos riscos associados à poluição plástica”. O relatório destaca os riscos incluindo elevados custos financeiros que as empresas podem enfrentar se os governos exigirem que cubram os custos de gestão de resíduos, bem como problemas de saúde humana colocados pela poluição por plásticos, tal fato ocorre na esteira de relatório de 4 de abril de 2024 do grupo conservacionista Oceana, que calculou que a Amazon criou quase 208 milhões de libras de embalagens plásticas nos EUA em 2022 e, em 21 de março, a WWF, World Wildlife Foundation, descobriu que 85% dos mil americanos pesquisados pensam que a poluição por resíduos plásticos é "problema sério e preocupante que requer ação política imediata para ser resolvido”.

Moral da Nota: o The Spark, da MIT Technology Review, esclarece que no fundo da garrafa plástica de água ou recipiente de comida para viagem, podemos encontrar logotipo de 3 setas formando laço fechado em forma de triângulo, chamado de setas de perseguição, usado em embalagens para sugerir que são recicláveis, nos informando que a técnica pode ajudar decompor roupas de fibras mistas e transformá-las em matéria-prima à futuros têxteis. A realidade da reciclagem de plásticos não condiz com o conceito de reciclado em nova garrafa pois 10% do plástico já feito foi reciclado com a maioria terminando em aterros sanitários ou no ambiente, com pesquisadores lutando para resolver a questão criando métodos de reciclagem por vezes chamados de reciclagem avançada ou química, com estudo em que usam processo químico para reciclar roupas de fibras mistas contendo poliéster, um plástico comum. As novas tecnologias atraem na teoria, no entanto grande desafio à reciclagem tradicional é necessitar triagem cuidadosa, possível em algumas situações que humanos ou máquinas separam recipientes de leite de garrafas de refrigerante ou recipientes de comida para viagem, no entanto, quando se trata de outros produtos torna-se quase impossível separar componentes, roupas, por exemplo, em que menos de 1% são recicladas e parte do motivo é que muitas são mistura de materiais diferentes por vezes incluindo fibras sintéticas e naturais, quer dizer, uma camisa pode ser feita de mistura de algodão e poliéster, um maiô pode conter náilon e elastano ou crochê usando fio que é mistura de lã e acrílico. Nestes casos a separação manual ou mecânica dos diferentes materiais torna-se difícil, o mesmo ocorrendo ao separar materiais recicláveis ​​de cozinha, aí, pesquisadores exploram métodos usando química com estudo demonstrando processo que pode reciclar tecido feito de mistura de algodão e poliéster utilizando solvente para quebrar ligações químicas no poliéster em 15 minutos e deixando outros materiais praticamente intactos. Métodos de reciclagem podem degradar o produto de alguma forma, além de desvantagem da reciclagem mecânica tradicional em que o plástico reciclado não é tão forte ou durável quanto o material fresco e, no caso deste estudo, o problema não é com o plástico mas com outros materiais que os pesquisadores tentam preservar pois o início do processo de reciclagem têxtil envolve triturar roupas em micro fragmentos e permitir que produtos químicos penetrem quebrando o plástico, no entanto, corta as fibras de algodão tornando-as curtas para serem fiadas em novos fios, daí, o algodão desse processo pode ser quebrado e usado como biocombustível.

Rodapé: na Comissão Lancet, Mulheres e Saúde ao Desenvolvimento Sustentável de 2015, Ana Langer e colegas propuseram “caminhos multifacetados através dos quais mulheres e saúde interagem, indo além do tradicional foco exclusivo na saúde das mulheres para abordar papéis como usuárias e prestadores de cuidados de saúde, destacando potencial de sinergia entre eles”, reconheceram a evolução da saúde feminina passando de foco na saúde materna e infantil à quadro mais amplo que inclui saúde sexual e reprodutiva com perspectiva holística do curso de vida.

Notinhas: O The Guardian, avisou que o mundo tem estado 1,5 °C mais quente que as temperaturas pré-industriais em cada um dos últimos 12 meses e, conforme novos dados, não passamos tecnicamente do limite de 1,5 °C estabelecido pelos tratados climáticos internacionais uma vez que consideram a temperatura média ao longo de muitos anos. A Bloomberg avisou que o Google parou de alegar ser neutro em carbono cessando compras de compensações de carbono para equilibrar emissões, enquanto a empresa diz que o plano é atingir emissões líquidas zero até 2030 embora as emissões tenham aumentado em quase 50% desde 2019. O MIT Thechnology Rewiew, avisou que grandes empresas de tecnologia esperam que as emissões aumentem em parte devido à explosão IA que consome muita energia. O The New York Times falou que um pequeno distrito escolar em Nebraska ganhou um ônibus elétrico pago com verba federal e o veículo rapidamente tornou-se símbolo das tensões culturais trazidas pela mudança tecnológica. O Rest of World avisou no início de 2024 que o governo indiano interrompeu subsídio popular à veículos elétricos, pois alguns na indústria disseram que subsídios de curta duração podem prejudicar o crescimento da eletrificação. O Canary Media disse que os EUA estão prestes a obter seu primeiro canal coberto por energia solar na hidrovia do Arizona coberta por painéis solares fornecendo energia de baixa emissão em terras indígenas. Por fim, o Latitude Media disse que os preços da eletricidade nos EUA subiram quase 20% desde o início de 2021, no entanto, alguns estados que construíram mais energia limpa tiveram, no geral, aumentos menores de tarifas.