Pesquisa realizada pelo professor sênior de cardiologia na Universidade de Mainz, Alemanha, enfatiza efeitos nocivos do ruído no coração e vasos sanguíneos, ao analisar dados epidemiológicos, forneceu indicações que o ruído dos transportes está relacionado a doenças cardiovasculares e cerebrovasculares cujos resultados foram publicados na Circulation Research, sendo que os estudos epidemiológicos demonstraram que o ruído do tráfego rodoviário, ferroviário ou aéreo aumenta risco de morbilidade e mortalidade cardiovascular com evidências de doença cardíaca isquêmica, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral. A OMS informou que pelo menos 1,6 milhão de anos de vida saudável são perdidos anualmente na Europa Ocidental decorrente ruído relacionado ao trânsito e o ruído noturno do trânsito leva à fragmentação e encurtamento do sono, aumento dos níveis de hormônio do estresse e aumento do estresse oxidativo nos vasos e cérebro, fatores que poderiam favorecer a disfunção vascular, inflamação e hipertensão, aumentando o risco cardiovascular e, na publicação, os autores forneceram visão da pesquisa epidemiológica sobre efeitos do ruído do transporte sobre fatores de risco e doenças cardiovasculares, discutiram informações mecanicistas dos estudos clínicos e experimentais propondo marcadores de risco para abordar efeitos cardiovasculares induzidos pelo ruído na população em geral. Análise integrada no artigo demonstrou que para cada aumento de 10 decibéis, o risco de doenças cardiovasculares como ataque cardíaco, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca aumenta em 3,2%, explicando possíveis efeitos do ruído nas alterações nas redes genéticas, vias epigenéticas, ritmos circadianos, transmissão de sinais ao longo do eixo neuronal-cardiovascular, estresse oxidativo, inflamação e metabolismo. A equipe de pesquisa estuda há vários anos as consequências cardiovasculares da poluição do ar e do ruído do tráfego, por exemplo, descobriram que ataques cardíacos em pessoas e animais expostos a níveis elevados de ruído no início da vida curaram-se mal, resultados que foram publicados na Cardiovascular Research, segundo os autores, sugerem que o ruído do tráfego pode desempenhar papel no desenvolvimento e curso de doenças coronárias pós ataque cardíaco.
O diretor da Clínica de Medicina Psicossomática e Psicoterapia da Universidade de Mainz, em relato a Sociedade Alemã de Medicina Psicossomática e Psicoterapia Médica, esclarece que o ruído do trânsito pode estar associado a risco aumentado de depressão e transtornos de ansiedade, sendo que a evolução programou o organismo humano para perceber ruídos como indicadores de potenciais fontes de perigo mesmo durante o sono, pois “o ruído coloca o corpo em alerta”, como resultado, o sistema nervoso autônomo ativa hormônios do estresse, adrenalina e cortisol, levando a aumento da frequência cardíaca e pressão arterial e caso o ruído se torne crônico, podem desenvolver-se doenças crônicas. Dentre os efeitos negativos do incômodo causado pelo ruído estão as doenças mentais cada vez mais evidente, sendo que o “incômodo causado pelo ruído atrapalha atividades diárias e interfere nos sentimentos e pensamentos, no sono e recuperação”, e que as interrupções desencadeiam reações emocionais negativas como raiva, angústia, exaustão, impulsos de fuga e sintomas de estresse. Esta observação foi confirmada pelo Estudo de Saúde de Gutemberg, em larga escala, utilizando a população de Mainz que sofre em grande parte com o incômodo sonoro devido ao Aeroporto de Frankfurt em que o “aumento do incômodo causado pelo ruído, as taxas de depressão e transtornos de ansiedade aumentaram constantemente até que os riscos eventualmente dobraram com o incômodo extremo” enquanto outros estudos apontam na mesma direção, por exemplo, a meta-análise encontrou aumento de 12% no risco de depressão por aumento de 10 decibéis no ruído, enquanto outro estudo encontrou associação entre incômodo noturno com ruído e uso de antidepressivos. Conforme a avaliação do Estudo Gutemberg, os pacientes consideram o incômodo sonoro proveniente do ruído das aeronaves como o mais pronunciado, seguido pelo ruído rodoviário, de vizinhança, industrial e ferroviário sendo que o ruído ocorre com mais frequência em áreas urbanas que produzem poluição atmosférica, como partículas finas sendo que “partículas finas são suspeitas de promover ansiedade e depressão porque podem entrar na corrente sanguínea e desencadear processos inflamatórios que por sua vez estão relacionados a depressão”.
Moral da Nota: o Climate Pledge, em colaboração com C40 Cities, lançou a iniciativa Laneshift para veículos de carga com emissão zero de escapamento no Rio de Janeiro, aproveitando o compromisso de US$ 10 milhões do Climate Pledge para acelerar a implantação de caminhões elétricos com emissão zero de escapamento. A Laneshift é parceria para reduzir emissões de carbono do frete rodoviário que representou mais de 2,2 bilhões de toneladas métricas de CO2 em 2020, o dobro das emissões do frete aéreo, marítimo e ferroviário combinados, sendo que a parceria combaterá emissões de carbono através de frete com emissões zero, reinventando veículos médios e pesados e suas rotas de viagem, sendo que pretende acelerar o desenvolvimento da infraestrutura de VE e a implantação de caminhões VE em cidades da América Latina como Bogotá, Medellín, Curitiba, Rio de Janeiro, Quito e Cidade do México, além de Bengaluru, Delhi, Mumbai e Puna na índia. Em 2019, a Amazon e a Global Optimism cofundaram o Climate Pledge, compromisso para atingir emissões líquidas zero de carbono até 2040, 10 anos antes do Acordo de Paris, agora, segundo os parceiros, quase 500 organizações assinaram o Climate Pledge enviando sinal que haverá rápido crescimento na procura de produtos e serviços que ajudem reduzir as emissões de carbono. No Rio, o setor de transporte rodoviário é o 2º maior contribuinte às emissões de gases efeito estufa, GEE, respondendo por 36% do total e, para reduzir os GEE as autoridades incluindo a Secretaria Municipal de Transportes e Empresa de Engenharia de Tráfego, CET-Rio, trabalham em colaboração com as Cidades C40 convidando empresas de logística de transporte se concentrarem na redução de emissões no Distrito de Baixas Emissões da cidade, centro de carga responsável por quase metade das emissões de GEE do transporte na cidade, esperando-se que a Laneshift-Rio de Janeiro acelere a implementação de soluções de transição de frete à veículos elétricos no Distrito de Baixas Emissões do Rio, envolvendo-se com OEMs, transportadores, financiadores e fornecedores de tecnologia para enfrentar desafios e fornecer soluções dando sinais de demanda e desbloqueando políticas de incentivos e modelos de negócios que podem ser replicados e ampliados. De acordo com a C40, o lançamento da Laneshift em Curitiba em 2023 e agora no Rio, mostra que cidades brasileiras estão provando o compromisso de priorizar e cultivar gestão ambiental em comunidades em rápida urbanização, além da Laneshift incorporar aprendizados do Climate Pledge nas metas de eletrificação no frete do Rio progredindo no aumento de oportunidades de negócios em outras cidades latino-americanas como Cidade do México, Bogotá, Medellín e Quito.