Na Argentina, por conta da mudança climática, a seca afetou 175 milhões de hectares, 10 milhões a mais que no período anterior, complicando o setor agroindustrial levando a necessidade de tornar processos mais sustentáveis e oferecer serviços inovadores para reduzir impacto ambiental, necessidade urgente. Empresas que desenvolvem tecnologia agrícola, Agtech, capitalizam essa demanda oferecendo soluções que tornam a produção mais eficiente, avançando no desenvolvimento da biotecnologia e uso de dados para proteger ecossistemas e, conforme pesquisa da Endeavor, o investimento no setor cresceu 40% ao ano na última década ultrapassando US$ 50 bilhões em 2021 identificando 165 empresas no ecossistema, em 5 unidades de negócios, ou, gestão agrícola, 54 empresas, biotecnologia agrícola, 37, tecnologias intermediárias,14, mercados do agronegócio, 14, robótica agrícola, mecanização e equipamentos, 11. O relatório destaca que desse total, 25% faturaram mais de US$ 240 mil, outros 25% faturaram entre US$ 45 mil e US$ 240 mil enquanto 60% obtiveram financiamento externo, tornando a agricultura um dos setores da economia argentina que se transforma com a incorporação de tecnologia. A Kilimo, startup cordobesa, desenvolveu ferramenta de gestão de água que informa aos agricultores como e quanto irrigar, utilizando aprendizado de máquina, satélites, sensores e dados remotos permitindo que clientes economizem 50 bilhões de litros de água em 2023, equivalente a 6 meses de consumo de uma pessoa na Capital, além de vencer o Enterprise Global Freshwater Challenge sendo homenageada pelo Fórum Econômico Mundial em Davos com investimento de US$ 190 mil. Com mais de 300 clientes na Argentina, Chile, Peru, México, Guatemala, Uruguai e Brasil, trabalha com 3 mil agricultores e, desde a criação em 2014, recebeu US$ 4,5 milhões de investidores como IDB, Xpand Ventures, Alaya Capital Partners, NXTP, Aglaunch, Innova Memphis, Kamay Ventures, Glocal e Impacta VC. A Ucropit é agtech que usa blockchain em rastreabilidade verificada, permitindo que produtores comuniquem de modo transparente práticas e histórico das colheitas, garantindo sustentabilidade, até agora, obteve US$ 4,8 milhões em investimentos com 30 empresas regionais ou multinacionais como clientes que contratam o serviço de contato com os 655 produtores usando a ferramenta gratuitamente para ter rastreabilidade do histórico das lavouras ou florestas para fins sustentáveis. A Terraflos desenvolveu modo de produzir ingredientes ativos a partir de plantas, incluindo cannabis, que se transformam em produtos de bem-estar ou matérias-primas para fazer remédios e alimentos, funcionando como rede descentralizada e gerando sinergias conjuntas onde, dependendo da função, cada uma utiliza diferentes tecnologias com a Calizbio que usa células-tronco vegetais para produzir insumos às indústrias cosmética, nutracêutica, alimentícia e farmacêutica, a Hedonixbio com biologia sintética cria ingredientes ativos e sistemas biológicos através da edição de genes, CRISPR, Blueberries Medical que emprega tecnologia de CO2 supercrítico e biorreatores para aumentar ingredientes ativos. A Pachama tem modelo de negócio visando preservação do planeta conforme definido pelo CEO, "um Mercado Livre de créditos de carbono, onde há compradores e vendedores" e, para compensar resíduos tóxicos que produzem na operação muitas empresas compram esses "créditos" para plantar árvores, tendência para reduzir emissões e se tornar neutra em carbono, seja por regulamentação ou pelos consumidores, possuindo mais de 300 empresas como clientes, incluindo Mercado Libre, Netflix, Nespresso, Amazon, Airbnb, Salesforce e Globant.
As recentes ondas de calor registradas no mundo interferem no PIB 2023, "estimativa" da seguradora Allianz Trade, sendo que o Copérnico confirmou que julho de 2023 foi o mês mais quente já registrado, com 0,33°C à mais que o recorde anterior em julho de 2019. A seguradora de crédito acrescenta que "trabalhadores afetados pelo calor reduzem o horário de trabalho, abrandam tarefas e cometem erros e tornando a redução da produtividade no trabalho devido temperaturas extremas, fenômeno bem conhecido", no estudo, usa dados e análises disponíveis "estimando" que ondas de calor "poderiam ter custado 0,6 pontos do PIB em 2023" e de acordo com esses cálculos, a China poderia ter seu PIB reduzido em 1,3 ponto, a Espanha em 1 ponto, a Grécia em 0,9 ponto, a Itália em 0,5 ponto, os EUA 0,3 ponto e a França em 0,1 ponto. Relatório de política do Instituto de Inovação e Propósito Público da UCL, Instituto de Sistemas Globais da Universidade de Exeter, explora pontos de inflexão do ecossistema, ETPs, e implicações aos formuladores de políticas macroeconômicas e financeiras que precisam gerenciar riscos relacionados à natureza em que ecossistemas naturais estáveis sustentam a atividade econômica fornecendo recursos naturais necessários à produção, além de regular alterações climáticas e padrões globais de precipitação proporcionando resiliência contra desastres naturais e extremos provocados pelo aquecimento global. A atividade humana sobre a natureza como alterações no uso dos solos e poluição, bem como alterações climáticas, aumentam risco de "pontos de ruptura dos ecossistemas", PTE, como alterações não lineares, auto-amplificadoras e irreversíveis nos estados dos ecossistemas que ocorrem rapidamente e em grande escala. As principais ETPs que poderiam ameaçar a estabilidade do sistema terrestre incluem a extinção da floresta amazônica, o colapso das turfeiras tropicais no Sudeste Asiático e Bacia do Congo, transições nas florestas boreais no hemisfério norte e extinção em massa de manguezais para salinas. Consequências das PTE privilegiam efeito de retroalimentação sobre alterações climáticas como a floresta amazônica, turfeiras tropicais e manguezais que sequestram 220 gigatoneladas de carbono equivalente a 20 anos de emissões globais de CO2 e, com base nas taxas atuais, poderiam ser desestabilizadas, impossibilitando permanecer abaixo do aquecimento global de 1,5º. O relatório avalia que decisores políticos devem considerar abordagens de modelização que representam melhor os impactos econômicos da travessia de ETPs, tais como contabilização da insubstituibilidade de ecossistemas críticos, efeitos indiretos através de cadeias de valor e papel dos choques de curto prazo e de elevada magnitude, sendo que a incerteza fundamental associada às ETP exige que explorem outras abordagens para além da quantificação dos riscos. Em última análise, a abordagem terá de ser liderada pelos governos exigindo que bancos centrais e supervisores financeiros se coordenem com decisores políticos dos ministérios das finanças, da indústria e ambiente à cumprirem mandatos de estabilidade financeira e preços.
Moral da Nota: o balanço 2023 às emissões de carbono relacionadas à energia foi prejudicado por declínio recorde na produção global de energia hidrelétrica, associado à secas severas e prolongadas que afetaram várias regiões do mundo, cujas emissões globais de CO2 relacionadas à energia respondem por 90% do CO2 emitido pelos humanos aumentando 410 milhões de toneladas e totalizando 37,4 bilhões de toneladas em 2023, alta de 1,1%, conforme o relatório da AIE, sediada em Paris. A tendência não parece tão ruim quanto em 2022, quando emissões cresceram 490 milhões de toneladas, já que o aumento no balanço de 2023 se deveu a declínio da produção hidrelétrica global e, esse efeito, por si só, resultou em elevação das emissões em 170 milhões de toneladas de carbono, já que países como China, Canadá e México recorreram a formas mais poluentes de produção de energia como óleo combustível ou carvão. A China, adicionou 565 milhões de toneladas de CO2 ao total global, deu continuidade ao crescimento econômico com alta intensidade de emissões, acelerado pós Covid, tendência contrária à das economias consideradas avançadas, que viram emissões caírem em índice recorde, apesar do crescimento do PIB, com uso de carvão em nível mais baixo desde o início do século 20. O IPCC, que monitora essa produção, avalia que emissões de gases efeito estufa de todos os setores devem cair 43% até 2030, comparadas com 2019, com pico até 2025 e, entre 2019 e 2023, as emissões relacionadas à energia aumentaram 900 milhões de toneladas de CO2 equivalentes, no entanto, ressalta que esse número teria sido 3 vezes maior sem a implantação de 5 tecnologias-chave: solar, eólica, nuclear, bombas de calor e carros elétricos. Para concluir, descobertas publicadas na Environmental Sciences Europe, revelaram altos níveis de PFAS em amostras de águas subterrâneas de Chennai, embora amostras de águas subterrâneas tenham sido coletadas dentro e ao redor do lixão de Perungudi, amostras de nível superficial coletadas de diferentes pontos ao longo do Canal de Buckingham, do rio Adyar e do lago Chembarambakkam. Os pesquisadores descobriram que as concentrações dos 8 PFAS alvo aumentaram na água tratada da estação de tratamento, em comparação com a água bruta provavelmente devido a presença de precursores não identificados que se transformam em produtos finais de PFAS mais estáveis no tratamento. Suspeita-se que emissões industriais, descarga de águas residuais domésticas não tratadas e locais de despejo a céu aberto sejam fontes significativas de contaminação, destacando necessidade de investigação aprofundada para avaliar extensão da contaminação.