terça-feira, 21 de maio de 2024

África e clima

Estudo conclui que, na última década, a África emitiu mais carbono que armazenou sendo que a quantidade total de carbono sequestrada pelos ecossistemas naturais, solo, plantas nas pastagens, savanas e florestas excede a quantidade de emissões de carbono dentro de um sistema referido como sumidouro líquido de carbono, concluindo que à medida que os ecossistemas são convertidos para fins agrícolas, a capacidade de armazenamento de carbono diminui e a taxa de emissões aumenta. A equipe de investigação que calculou os fluxos de CO2, metano e NO através dos ecossistemas terrestres e aquáticos foi  liderada pela Universidade de Witwatersrand, África do Sul, tendo como coautoras a líder do Programa Futuros Ecossistemas para África e publicada no The Conversation Africa.Um orçamento de gases efeito de estufa quantificando quantidade líquida de gases que entram e saem, nos permite compreender como o continente contribui às alterações climáticas globais e, como, através da absorção de gases efeito estufa mitiga as alterações climáticas globais, sendo que o estudo é parte de esforço do projeto Regional de Avaliação e Processos do Ciclo de Carbono Fase 2, RECCAP2, cujo objetivo é estabelecer orçamentos aos gases efeito de estufa à regiões que cobrem o globo ou grandes países e bacias oceânicas. Dados de fontes e modelos para calcular quantidade de CO2, metano e NO, chamados gases efeito estufa, liberados na atmosfera por fontes diferentes, algumas humanas como agricultura e emissões de combustíveis fósseis enquanto outras como incêndios florestais e cupins são naturais sendo calculada a quantidade de carbono retirada da atmosfera  e armazenada nos sumidouros de carbono, solos, plantas em pastagens, savanas e ecossistemas florestais. Daí, cientistas, gestores de terras e ONG conhecendo quais atividades produzem mais gases efeito estufa, poderão trabalhar com governos e decisores políticos minimizando a situação conhecendo quais partes da África melhor armazenam carbono significando que o financiamento e esforços políticos podem ser direcionados à proteger e aumentar o “sumidouro terrestre” de carbono.

A partir do RECCAP2, Projeto Regional de Avaliação e Processos do Ciclo de Carbono Fase 2, foi desenvolvido orçamento africano abrangente à gases efeito estufa, GEE entre 2000 a 2019, avaliando incertezas e tendências ao longo do tempo e comparando modelos baseados em processos, produtos de sensoriamento remoto em dados e inventários nacionais de GEE com investimentos atmosféricos, contabilizando fluxos laterais e incorporando estimativas de emissões  de metodologias à herbívoros e fogo importantes na África.  Foram utilizados conjuntos de dados globais e locais e métodos inovadores para estimar componentes do orçamento cujas estimativas mostraram que emissões dos incêndios florestais diminuíram e  emissões de grandes mamíferos aumentaram além da utilização de dados de satélite para estimar o carbono armazenado na biomassa acima do solo, no entanto,  estimativas continuam ter incertezas devido diferenças entre conjuntos de dados e métodos, sendo essencial aumentar esforços de disponibilidade de dados locais de alta qualidade apesar do trabalho melhorar a compreensão dos componentes do orçamento africano de GEE ajudando informar política de ação climática. O papel de África nos ciclos globais de GEE, gases efeito  estufa, é de interesse devido grande massa de terra coberta pelo continente e potencial à mudanças rápidas nas próximas décadas à medida que a população aumenta e os padrões de uso da terra evoluem em população de 1,4 bilhão de pessoas que aumentará a mais de 2 bilhões até 2040, segundo o Programa de Assentamento Urbano das Nações Unidas, 2019, esperando-se que áreas de terra sejam convertidas à produção agrícola em população cada vez mais urbanizada e aumente o PIB nacional, ao mesmo tempo,  interessa utilização das paisagens africanas para armazenar carbono e compensar emissões globais de carbono, sendo imperativo desenvolver dados fiáveis sobre processos do ciclo do carbono e emissões de GEE para quantificar efeito das tendências concorrentes. Estudos de modelagem indicam risco de mudanças rápidas e irreversíveis na vegetação e cobertura de íons em resposta às mudanças climáticas e à fertilização com CO2, por exemplo, esverdeamento em ecossistemas do norte e escurecimento em biomas tropicais, sendo que observações demonstram espessamento lenhoso como áreas de produtividade reduzida nos últimos anos e, desde o último orçamento de GEE à escala continental no período 1985-2009 houve melhores estimativas de incêndios e emissões de herbívoros e melhor representação de paisagens e tipos funcionais em Modelos Dinâmicos de Vegetação Global, DGVMs, sendo que estimativas para outros componentes do orçamento de GEE como águas interiores e fluxos geológicos também estão melhor representados.

Moral da Nota:  defensores da resiliência climática e desenvolvimento sustentável na Nigéria como a CAA, Climate Action Africa, apelou à abordagem impactante e inclusiva no enfrentar desafios climáticos do país, foco da conferência de imprensa sobre alterações climáticas realizada em Lagos que enfrenta vulnerabilidade no aumento de temperaturas, padrões climáticos erráticos e degradação ambiental, com a CAA enfatizando necessidade de frente unida dos grupos de partes interessadas. Países em desenvolvimento como a Nigéria enfrentam conjuntos únicos de desafios no que diz respeito às alterações climáticas com a cofundadora e diretora executiva da Climate Action Africa observando que a posição única e os vastos recursos da Nigéria exigem estratégia que aproveite a experiência e compromisso dos setores, sendo que o próximo Fórum de Ação Climática, CAAF24, serve como prova do compromisso da CAA promover colaboração que reune partes interessadas para discutir soluções e desenvolver planos de ação para combater alterações climáticas. Por fim, vale notar que a Pula, startup sediada no Kênia que fornece seguro aos agricultores nigerianos contra o banditismo, arrecadou US$ 20 milhões na série B executando programa piloto que fornece ao agricultor rural na Nigéria seguro abrangente contra banditismo, doenças e morte de animais, sendo que o financiamento será usado para estabelecer parcerias à medida que procura expandir suas apólices de seguro e incluir seguro de gado.  Fundada em 2015 a empresa de tecnologia de seguros foca acesso a seguros agrícolas à pequenos agricultores em mercados emergentes da África, seguro, que protege contra perdas causadas por pragas, doenças e eventos naturais extremos como inundações e secas e, em vez de vender seguros diretamente aos agricultores, construiu canal de distribuição com mais de 100 parceiros incluindo organizações de caridade, bancos, governos e empresas de insumos agrícolas sendo que os canais de distribuição garantem que a startup chega aos agricultores mesmo nas áreas mais remotas e fornece o que chama de “seguro embutido”, por exemplo, nos custos de insumos agrícolas ou crédito, sendo que até agora, afirma ter ajudado 15,4 milhões de agricultores na África, Ásia e América Latina a obter seguros. Na Etiópia, fez parceria com o Programa Alimentar Mundial e o KfW,  Banco Alemão de Desenvolvimento e com seguradora local, incorporando seguro no esquema de vales de insumos atingindo 122 mil agricultores esclarecendo que o impacto está prestes ser sentido na região de Amhara, onde fará o maior pagamento de seguro até o momento, estimado em US$ 800 mil pós surto de ferrugem do trigo.