quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Tokenização

A tokenização de ativos do mundo real, RWA, segundo o Boston Consulting Group, deve se tornar nos próximos anos um setor de US$ 16 trilhões, no entanto, o impacto vai além das finanças em desenvolvimento encontrar modos de lidar com problemas do mundo real. Em painel no Swiss Web3 Fest, especialistas trocaram opiniões sobre como a tokenização pode ser aplicada a ativos do mundo real e como possibilita soluções antes nunca vistas e, conforme o reponsável pelo protocolo de seguro descentralizado Etherisc, sobre soluções de tokenização à produção agrícola, "agricultores no Quênia recebem pagamentos dias após o término da temporada de colheita e, se o rendimento for menor que o esperado, recebem pagamento imediatamente e, no espaço tradicional de seguros,  precisam esperar 6 meses que pode significar o fim dos negócios de uma família". Há demanda crescente das seguradoras tradicionais por soluções on-chain, segundo a Etherisc, "está acontecendo neste exato momento, essa é a grande mudança e vemos que seguradoras tradicionais estão, de alguma forma, mergulhando nisso" e conforme representante do BrickMark Group, a tokenização de ativos fornece acesso a produtos financeiros que não estão disponíveis à maioria das pessoas, ajudando fechar lacuna na distribuição de riqueza. A tokenização de La Pradera, fazenda de gado na Bolívia com 3 mil hectares de pastagem e mais de 3.500 vacas é explicada pelo representante da Finka como "a tokenização da criação de valor do que chamamos de "da grama ao dinheiro" é a tokenização da criação de valor e a conversão da grama em proteína e em dinheiro através de uma grande máquina dada pela natureza, é a vaca. Fomos pioneiros nesse campo, e foi desafiador representando esforços de engenharia financeira, questões legais, etc. para criar um token vincluado a receitas, portanto, a única coisa que não se desenvolveu da maneira que prevíamos foi a adoção pelo mercado, problema sistêmico que esperamos será eventualmente corrigido." A questão da adoção será superada com a implantação das moedas digitais de banco central, CBDCs, "fazendo que bilhões de pessoas tenham carteira digital", acrescentando que a regulamentação desbloqueará mais capital à tokenização de ativo na crença que "em dez anos, a maioria das pessoas estará interagindo com tokens diariamente, quer saibam disso ou não".

A tecnologia de tokenização, aliada a blockchain, se destaca pelo potencial de gerar mudanças consistentes também no setor imobiliário, garantindo transparência e flexibilidade a ativos altamente ilíquidos, setor que tem sido historicamente reconhecido como barômetro da economia, mercado que exige grandes investimentos, cujo movimento tem forte influência no mercado, sendo que  o aumento nas vendas de imóveis indica recuperação econômica, enquanto o contrário indica sinais de recessão, porém, por exigir montantes significativos de capital, o alto custo de investir no setor limita o número de possíveis interessados ​​e exige tempo de negociação, portanto, recentemente, novas tecnologias foram pensadas para transformar esta realidade. O amadurecimento das PropTechs, ou, tecnologias proprietárias, nos últimos 10 anos, abre espaço ao surgimento de plataformas de aluguel, venda de imóveis, ferramentas de planejamento e gestão de obras, incentivando uso de inovações como big data, geolocalização, drones, realidade aumentada, blockchain e criptomoedas no mercado imobiliário, no Brasil,  a pesquisa Relatório Distrito PropTech mapeou 343 PropTechs em 2020, totalizando US$ 800 milhões investidos. O diretor global de vendas da Bricksave e especialista em finanças do IBEMEC, avisa que entre essas inovações, a tecnologia de tokenização, aliada a blockchain,  se destaca pelo potencial de gerar mudanças consistentes no setor imobiliário,  garantindo  transparência e flexibilidade para ativos altamente ilíquidos com períodos de retorno de longo prazo, além de acesso a pequenos investidores. Os ativos imobiliários globais valem US$ 326 bilhões, mas o número de investidores imobiliários não atinge este valor, uma vez que o capital necessário não está ao alcance de todos e ao dividir o valor do imóvel em frações menores, a tokenização abre espaço à investidores iniciantes, com menos capital, criando  oportunidades de investimento no setor e removendo obstáculos como taxas notariais e bancárias, a tokenização agiliza o processo de investimento e gera receitas mais significativas, impulsionando avanço da tecnologia no mercado. O estudo Análise de Tamanho, Participação e Tendências do Mercado de Tokenização, da empresa de inteligência Grand View Research, indica que o segmento crescerá a taxa de 24% ao ano fechando a década em  US$ 13 milhões, enquanto o estudo Tokenization Market Revenue Perspectives, da empresa indiana P&S Intelligence, prevê montante de US$ 12 milhões em 2030. O avanço da tecnologia enfrenta desafios relacionados a aspectos legais e de segurança das operações, no Brasil e em grande parte do mundo criptoativos estão em processo de evolução e desenvolvimento, apresentando desafios analisados ​​pelos órgãos reguladores do sistema financeiro e especificamente no setor imobiliário, a utilização de tokens para negociação imobiliária resolve problemas fundamentais que impediam seu pleno desenvolvimento, além disso, esta estratégia permite criação de ecossistema de profissionais, pessoas físicas e empresas da área, estimulando novos negócios.

Moral da Nota: sete líderes no espaço DeFi, Finanças Descentralizadas, se uniram para formar a Coalizão de Ativos Tokenizados, TAC, Tokenized Asset Coalition, que trabalhará à adoção de blockchains públicas, tokenização de ativos e DeFi institucional, com Aave, Centrifuge, Circle, Coinbase, Base, Credix, Goldfinch e RWAxyz como membros fundadores da coalizão, embora a adesão esteja aberta a "qualquer organização que compartilhe visão de criar sistema financeiro unificado na blockchain", de acordo com o estatuto da TAC. As atividades iniciais incluem chamadas de membros, publicação trimestral, participação em eventos e criação de grupos de trabalho, em que a "tokenização de ativos do mundo real representa oportunidade aos sistemas financeiros tradicionais e de criptomoedas criarem fonte de verdade, onde protocolos, plataformas e participantes coordenam e combinam esforços para eliminar ineficiências do sistema financeiro atual." Vale ressaltar que a  Polygon Labs e a Mirae Asset Securities da Coreia do Sul, empresa de serviços financeiros com mais de US$ 565 bilhões em ativos sob gestão, anunciaram formação do Grupo de Trabalho de Tokens de Segurança da Mirae Asset, com "diversas empresas" em colaboração estratégica que além de conduzir pesquisas conjuntas,  "colabora em iniciativas, como ajudar redes e ecossistemas de segurança tokenizada domésticos e internacionais crescerem, organizar eventos para aumentar o reconhecimento da marca." O Grupo de Trabalho de Tokens de Segurança da Mirae Asset tem como objetivo examinar melhores práticas internacionais e integrá-las na infraestrutura sul-coreana para ajudar globalizar o setor financeiro da Coreia do Sul sendo que "as iniciativas da Mirae contribuirão para estabelecer interoperabilidade entre sistemas financeiros domésticos da Coreia do Sul e seus pares estrangeiros".