Considerando mercados financeiros, investidores devem estar preparados à turbulência constante e riscos que acompanham, riscos, mais difíceis de avaliar à medida que a crise climática desorganiza previsões e espalha incerteza, daí, investidores que se preocupam com o ambiente e o desenvolvimento sustentável navegarem neste turbilhão de questões relacionadas ao risco climático, incluindo o que é, como é medido, pontos de inflexão e quais países enfrentam maiores riscos. De acordo com o PRI, Princípios para o Investimento Responsável, iniciativa de investidores criada em parceria com a Iniciativa Financeira do Programa Ambiental da ONU e Organização Global da ONU, as mudanças não acontecem imediatamente, espera-se grande impacto nos mercados financeiros e investimentos em futuro próximo, considerando 2 tipos de riscos climáticos aos investidores, um, o risco físico, quando a crise climática provoca catástrofes cada vez mais destrutivas e frequentes incluindo inundações em grande escala que destroem terras agrícolas produtivas e aumentam preços dos alimentos a nível mundial, ou, incêndios florestais massivos que destroem áreas de florestas, biodiversidade e ameaçam comunidades. O outro tipo de risco é o risco transicional que se refere às reações e mudanças que empresas, governos e consumidores fazem em resposta a impactos climáticos, por exemplo, governos trabalham no sentido de alcançar emissões líquidas zero de carbono nas próximas décadas e, em resposta a estas políticas, empresas buscam transferir investimentos das indústrias com utilização intensiva de carbono à indústrias de energia verde e fontes de energia isentas de carbono, da mesma forma, consumidores ajustam hábitos de compra como instalar painéis solares em casa, comprar carros elétricos ou utilizar transportes públicos em vez de individuais. Os investidores exigem que as empresas declarem sua exposição aos riscos relacionados com o clima e assumam compromissos com políticas sustentáveis para que possam tomar decisões de investimento, exigindo que empresas divulguem resultados das avaliações de vulnerabilidade, incluindo impactos como a interrupção dos negócios. O caso de Dubai, uma das cidades mais quentes do mundo no verão, correndo o risco de cruzar um ponto crítico devido ao calor extremo, considerando o conceito de pontos de inflexão climático como mudanças no clima que podem ter grandes repercussões a nível global e, com investigadores da Universidade das Nações Unidas, UNU, apontando um tipo diferente de ponto de viragem conhecido como ponto de viragem de risco, limiar que, uma vez ultrapassado tornaria mais difícil à humanidade a adaptação à crise climática e aos riscos que acarreta. Considerando que seres humanos podem adaptar-se a altas temperaturas até certo ponto através da transpiração e, no Golfo Arábico, correm o risco de ultrapassar esse limite até ao fim do século tornando-as potencialmente inabitáveis, enquanto em outro exemplo de um ponto de inflexão de risco, os danos causados por catástrofes relacionadas ao clima aumentaram 7 vezes desde a década de 1970, causando US$ 313 bilhões em perdas econômicas só em 2022, agora, os prêmios de seguro dispararam em zonas propensas a inundações e seguradoras não cobrem casas ou propriedades nas zonas de maior risco. Os EUA, por exemplo, produzem relatórios desde 2000 de avaliação climática, enquanto a UE publicará a 1ª Avaliação Europeia dos Riscos Climáticos em 2024 e à escala global, o IPCC publica avaliações regulares sobre impactos, adaptação e vulnerabilidade das alterações climáticas com especialistas apontando à importância de antecipar riscos e desenvolver respostas antes que ocorram catástrofes climáticas, por exemplo, em 2000, um sistema de alerta precoce sobre fome, integrando previsões climáticas com informações como avaliações de colheitas, foi instalado na Etiópia a tempo de evitar desastres aumentando a ajuda alimentar dos países doadores. A Somália, um dos países mais vulneráveis ao clima devido à seca e instabilidade política, embora a crise climática afete pessoas e ecossistemas no mundo, alguns são mais vulneráveis que outros, ao passo que países mais pobres e politicamente mais instáveis tem menor capacidade de adaptação, como, Somália, Síria, Congo, Afeganistão e Iêmen, ao mesmo tempo, partes do mundo estão expostas a catástrofes relacionadas ao clima, como furacões e ciclones e, de acordo com o Índice Global de Risco Climático produzido pela Germanwatch, Porto Rico, Mianmar, Haiti, Filipinas e Moçambique sofreram maiores custos humanos e econômicos de desastres climáticos entre 2000 e 2019.
Um novo custo das alterações climáticas, ou, US$ 8,3 bilhões de dólares em pagamentos de seguros agrícolas entre 2001e 2022 no estado americano de Dakota do Sul, entre os estados a receber pagamentos de seguros por perdas de colheitas devido desastres climáticos, sendo US$ 10 bilhões da Federal Crop Insurance Corp nas últimas 2 décadas, com pagamentos devidos a desastres climáticos aumentando neste período. Entre 2001 e 2022, Dakota do Sul recebeu pagamentos de seguros por perdas de colheitas devido desastres climáticos, tendência, que ambientalistas dizem revelar custo oculto, rapidamente crescente, das alterações climáticas que aumentam frequência e gravidade de tempestades que prejudicam colheitas. Dos US$ 9,6 bilhões enviados a agricultores e pecuaristas estaduais nesse período, mais de US$ 8,3 bilhões foram reivindicados por perdas relacionadas ao clima decorrente excesso de umidade, seca, granizo, vento ou temperaturas congelantes segundo nova análise da EWG, Environmental Working Grupo, enquanto o restante foi à perdas não relativas ao clima. Agricultores que compram seguros de colheitas podem receber indenizações sempre que forem danificadas ou destruídas ou quando não puderem plantar, eliminando o rendimento esperado, enquanto contribuintes americanos financiaram grande parte dos pagamentos, já que 65% dos prêmios do programa de seguro agrícola administrado pelo Departamento de Agricultura dos EUA são subsidiados com financiamento federal. O Gabinete de Orçamento do Congresso estima que o programa de seguro agrícola custará aos contribuintes US$ 16,3 bilhões no ano fiscal de 2023, quando os rendimentos agrícolas médios dos EUA atingirem níveis recordes ou perto deles, no geral, os agricultores americanos receberam US$ 19,1 bilhões em pagamentos de seguros agrícolas em 2022, recorde acima dos US$ 3 bilhões pagos em 2002, de acordo com o EWG. Análise anterior do EWG concluiu que um terço dos fundos de pagamento de seguros agrícolas, US$ 433 bilhões nos últimos 10 anos, foram absorvidos por companhias de seguros e pelos agentes que vendem apólices e não pelos agricultores que trabalham no mercado, quer dizer, “a realidade é que não são muitos os agricultores dos EUA que se beneficiam destes programas e que o dinheiro vai principalmente aos agricultores maiores e mais ricos”, enquanto as “seguradoras estão definitivamente ganhando bilhões de dólares todos os anos”. No período de 22 anos examinado pelo EWG, agricultores de Dakota do Sul receberam o 3º maior número de pagamentos entre os estados por perdas devido à seca, US$ 4,1 bilhões, excesso de umidade, US$ 3,3 bilhões, e o 6º maior pagamento por danos causados pelo granizo, US$ 620 milhões, e apesar do aumento dos custos e pagamentos o presidente da South Dakota Farm Bureau Federation disse que o programa de seguro agrícola continua ser componente crítico da equação econômica que permite produtores agrícolas permanecerem no negócio.
Moral da Nota: os gases efeito estufa gerados pela atividade humana atingem níveis recordes, com a Organização Meteorológica Mundial, OMM, apontando que para travar o aquecimento global é urgente reduzir produção e consumo de combustíveis fósseis, com o Secretário-Geral da OMM, esclarecendo que “o nível de concentrações de gases efeito estufa coloca-nos à caminho do aumento das temperaturas acima das metas do Acordo de Paris até ao final deste século”. Sublinhou que aquecimento atmosférico “significa eventos climáticos mais extremos como episódios de calor intenso e fortes precipitações, derretimento de massas de gelo, subida do nível do mar, aumento do conteúdo de calor dos oceanos e acidificação das águas” e, até agora, em 2023, as concentrações de CO2 continuaram crescer sem sinais que a tendência possa ser revertida. As concentrações de metano, CH4, outro potente gás efeito de estufa, aumentaram, e os níveis de óxido nitroso, N2O, marcaram o maior aumento anual registrado entre 2021 e 2022, sendo que o estudo da OMM esclarece que, dada a longa vida do CO2, o nível de temperatura atingido persistirá várias décadas, mesmo que as emissões sejam reduzidas a zero líquido, ou, se o carbono preso na superfície do planeta for equivalente ao emitido à atmosfera. A última vez que houve uma concentração comparável de CO2 na Terra foi entre 3 e 5 milhões de anos atrás, quando a temperatura era 2ºC a 3ºC mais quente e o nível do mar entre 10 e 20 metros mais alto que agora e, de 1990 a 2022, o efeito de aquecimento no clima chamado forçamento radiativo dos gases efeito estufa de longa duração, aumentou 49%, e o CO2 foi responsável por 78% desse aumento, segundo a Administração Oceânica e Atmosférica dos EUA. O CO2 é o gás efeito estufa mais importante na atmosfera e representa 64% do efeito de aquecimento, produzido devido à queima de combustíveis fósseis e à produção de cimento, sendo que o aumento da média anual de 2021 para 2022 foi ligeiramente menor que o de 2020 para 2021 e da última década, sendo a razão mais provável o aumento da absorção de CO2 atmosférico pelos ecossistemas terrestres e oceânicos após vários anos de evento La Nina. Quanto ao metano, o relatório da OMM observa que é um gás com efeito de estufa que permanece na atmosfera aproximadamente uma década e representa 16% do efeito de aquecimento dos gases com efeito de estufa de longa duração sendo que fontes naturais emitem 40% do metano à atmosfera e 60% provém de atividades humanas, como criação de ruminantes, cultivo de arroz, exploração de combustíveis fósseis, aterros sanitários e queima de biomassa, enquanto o aumento do metano de 2021 a 2022 foi ligeiramente inferior à taxa recorde observada de 2020 a 2021, mas consideravelmente superior à taxa média de crescimento anual da última década. Por fim, o óxido nitroso é gás efeito estufa e produto químico que destrói a camada de ozônio representando 7% do forçamento radiativo de gases efeito estufa de longa duração emitido à atmosfera tanto por fontes naturais, 60%, quanto 40% por fontes antropogênicas e seu aumento de 2021 para 2022 foi maior que o observado em qualquer momento anterior nos registos modernos.