sábado, 9 de dezembro de 2023

Emissões da China

As emissões de CO2 da China deverão diminuir em 2024, graças a energia limpa cujos investimentos excederam as metas, segundo análise da Carbon Brief e, conforme o guardian, “as metas de instalação solar e eólica de Pequim para 2023 foram cumpridas em setembro” ao passo que a  “quota de mercado dos veículos elétricos está acima da meta do governo de 20% para 2025.” No entanto, decorrente procura por combustíveis fósseis e, portanto,  emissões de CO2, se recuperaram desde que as restrições da pandemia foram atenuadas e o acréscimo recorde de energias renováveis coloca as emissões em declínio em 2024, mesmo após ter em conta novas centrais a carvão planejadas no país. O co- fundador e analista líder do Centro independente de Pesquisa em Energia e Ar Limpo, avalia que “a capacidade de eletricidade de baixo carbono instalada em 2023 e as perspectivas à geração hidroelétrica, levam a queda nas emissões do setor energético essencialmente garantida, salvo aceleração no crescimento da procura de eletricidade”. A energia solar teve crescimento com instalações em 2023 de 210 gigawatts, o dobro da capacidade instalada nos EUA e 4 vezes o que a China adicionou em 2020, produção, combinada com capacidade adicional de energia eólica, hidrelétrica e nuclear estimando-se que a nova geração de eletricidade seja de 423 terawatts-hora equivalente ao consumo de eletricidade da França. A indústria do carvão na China tende opor-se à mudança à baixas emissões de carbono, dificultando a transição enquanto combustível fóssil ressurge com centrais elétricas alimentadas a carvão e permitidas, apesar dos compromissos de “controlá-las”, com pico projetado do carvão na China superado a menos que  as novas licenças sejam suspensas e a capacidade existente retirada ou projetos permitidos cancelados. “O investimento sem precedentes em cadeias de fornecimento de tecnologia de baixo carbono significa que a China fez, de fato, grande aposta econômica e financeira no sucesso da transição energética global, que poderá afetar seu posicionamento diplomático” sendo que “a partir de 2025, o desenvolvimento das emissões do setor energético dependerá das adições de energia de baixo carbono serem mantidas ou aceleradas.”

Depois de início encorajador no primeiro trimestre 2023, dados de consumo do 2º e 3º trimestres confirmam que a era de crescimento de 2 dígitos no setor varejista da China acabou, no entanto, espera-se que a urbanização continue e o aumento dos níveis de rendimento impulsionem de modo sustentável o crescimento do consumo no médio e longo prazo. As vendas a varejo de bens no 3º trimestre cresceram 3%,  aumento de 2% em relação a 2022 com desaceleração em várias categorias, incluindo cosméticos, 3%, vestuário, 4%, e eletrodomésticos, 0,8%, em comparação com o já moderado 3º trimestre de 2022 e, apesar de sinais de recuperação no sentimento do consumidor, desde então, estagnou, pairando no mínimo histórico. O desemprego de 5% nas zonas urbanas e aumento anual contínuo de 6% nos rendimentos disponíveis, mostram consumidores chineses cautelosos quanto aos gastos, especialmente em propriedades, com sinais limitados que os 53 bilhões de RMB adicionais em poupanças acumuladas desde 2020 sejam canalizados ao consumo equivalente a 38 mil RMB extras nas contas bancárias do consumidor, aguardando despesas.

Moral da Nota:  relatório da Climate Analytics, sediada em Berlim, avalia que há 70% de probabilidade que 2024 seja “ponto de inflexão crucial” quando a poluição climática global começar a diminuir, desde que as tendências de crescimento das tecnologias limpas continuem e os países cumpram compromissos de reduzir emissões de metano o que “tornaria 2023 ano do pico de emissões”. Resultado que cumpriria um prazo crítico para manter dentro do alcance o limite de aquecimento de 1,5°C do acordo climático de Paris e acrescentaria impulso e credibilidade aos planos locais de redução de emissões e de resiliência climática em cidades e comunidades no mundo e, ao “atingir o pico global das emissões de gases efeito de estufa, ponto em que as emissões param de crescer e começam a diminuir,  será um ponto de inflexão crucial ao mundo”, dessa forma pensa a  principal autora e analista Claire Fyron, “em vez de acelerar na direção errada, poderíamos dizer que estamos dando a volta aos objetivos climáticos coletivos.” O IPCC afirma que atingir o pico de emissões antes de 2025 é fundamental para manter vivo o 1,5°C, assim, com o aumento previsto das emissões em 2023, o mundo tem “tempo limitado para agir”. Análise divulgada pela Agência Internacional de Energia reitera conclusões anteriores que a procura global de petróleo e gás atingirá o pico antes de 2030, desde que os países cumpram políticas que anunciaram, representando “momento da verdade” à indústria e, segundo a agência sediada em Paris, “se governos prosseguirem com sucesso a trajetória de 1,5 °C e as emissões do setor energético global atingirem zero líquidos até meados do século, a utilização de petróleo e gás cairá 75% até 2050” decorrente  procura de petróleo e gás 45% abaixo do nível atual até 2050 e o aumento da temperatura limitado a 1,7 °C”. A AIE observa que as empresas de petróleo e gás representam 1% do investimento mundial em energia limpa e 60% dessa soma provém de 4 das milhares de empresas do setor, ocorre em parte, porque os modelos futuros de energia da AIE e de outras agências indicam demanda remanescente por combustíveis fósseis em 2050, levando produtores, incluindo produtores caros com alto teor de carbono do Canadá, tranquilizar acionistas. Cálculos da AIE mostram que não há necessidade futura de novos campos de petróleo e gás, e que há lucros menos fiáveis à medida que a transição à eliminação do carbono se concretiza em que “volatilidade dos preços dos combustíveis fósseis significa que as receitas flutuam ano à ano, embora o resultado final mostre que petróleo e gás se tornam negócio menos rentável e mais arriscado à medida que as transições líquidas-zero se aceleram”, e que “preços e produção são mais baixos e risco de ativos irrecuperáveis maior, especialmente no setor intermediário que inclui refinarias e instalações de gás natural liquefeito,” daí, o valor dos ativos irrecuperáveis atingirá US$ 1,5 bilhão se os países cumprirem seus objetivos climáticos e energéticos, ou, US$ 3,6 bilhões quando se alinharem a trajetória de 1,5°C. A Oxfam International em relatório sobre igualdade climática avalia que o 1% mais rico “produziu tanta poluição de carbono em 2019 como os 5 bilhões de pessoas que constituíam os dois terços mais pobres da humanidade”, com um único ano dessas emissões levando a 1,3 milhões de mortes devido ondas de calor, “entretanto, pessoas no Canadá e no mundo são as mais atingidas pela emergência climática”, segundo a Oxfam Canadá, sendo que “as colheitas estão morrendo e os alimentos incrivelmente caros, com mulheres assumindo mais tarefas de cuidado em casa, com Incêndios e inundações destruindo casas e comunidades, enquanto os céus se enchem de fumaça de incêndios florestais” com impactos caindo mais pesadamente sobre “pessoas que vivem na pobreza que sofrem marginalização em países do Sul Global”.