sábado, 16 de dezembro de 2023

Novo olhar

Quanto mais poluição, mais resistência a antibióticos "uma das maiores ameaças à saúde global", segundo a OMS, podendo estar ligado ao aumento da poluição do ar, indica estudo publicado na revista The Lancet. A resistência das bactérias aos antibióticos é um dos maiores desafios à saúde global e, segundo a OMS, o fenômeno estaria causando 700 mil mortes/ano e, não revertido, a tendência é se tornar principal causa de mortalidade global até 2050.  Utilização incorreta e abusiva de antibióticos acelerou a resistência bacteriana a esses medicamentos nos últimos anos tornando cada vez mais difícil tratar infecções como pneumonia ou tuberculose, com aumentando de mortalidade e custos médicos. O estudo publicado pelo The Lancet Planetary Health, indica que o aumento da resistência bacteriana aos antibióticos estaria ligado a um segundo fator, ou, poluição do ar. Cientistas concentraram análises em um dos principais poluentes da atmosfera, as partículas finas PM 2,5, graças à informações coletadas em 116 países de 2000 a 2018 concluindo que resistência ao antibiótico aumenta com  maior quantidade de partículas PM 2,5. Pesquisadores avaliam que as partículas contêm e transportam bactérias resistentes e genes de resistência a antibióticos, passando do ambiente à população, no entanto, faltam evidências para entender mecanismos envolvidos na relação entre contaminação e resistência ao antibiótico, com os autores insistindo que não é possível estabelecer causalidade entre ambos fenômenos, embora possam estar ligados. Afirma que resistência a antibiótico decorrente poluição está ligada a 480 mil mortes prematuras em 2018 esclarecendo que se não forem tomadas medidas para reduzir a poluição até 2050, os níveis de resistência a antibióticos no mundo poderão aumentar 17% e as áreas mais afetadas seriam África e Ásia.

O estudo abre caminho à futuros ensaios clínicos incentivando exploração da terapia fágica, significando que em situações-limite uma terapia que utiliza vírus, conhecidos como fagos, podem ser  alternativa aos antibióticos, inseridos na estimativa que em 2050 morram 10 milhões de pessoas por infecção causada por bactérias resistentes a antibióticos, além, da urgência no desenvolvimento de novos antibióticos e outras alternativas, como combater bactérias através dos vírus. Estudo internacional liderado pela University Medical Center e Faculdade de Medicina Dentária da Universidade Hebraica de Jerusalém, mostra eficácia potencial da terapia com bacteriófagos PASA16 no tratamento de infecções perigosas por Pseudomonas aeruginosa abrindo caminho à futuros ensaios clínicos e maior exploração da terapia fágica como abordagem alternativa e auxiliar contra infecções resistentes a antibióticos. Ran Nir-Paz, professor de microbiologia clínica e doenças infecciosas que trabalha na Universidade Hebraica e no Centro de Terapia Fágica Israelita e o Dr. Ronen Hazan, do instituto de bio pesquisa da faculdade de odontologia da universidade, chefiaram a equipe que publicou o estudo na revista Clinical Advances intitulado “Infecções refratárias por Pseudomonas aeruginosa tratadas com fago PASA16: uma série de casos de uso compassivo”. A utilização de vírus antibacterianos específicos contra infecções  desperta atenção como adição crítica aos antibióticos, embora haja poucos ensaios clínicos para testar fagos em pacientes, sendo este, o maior estudo desse tipo e, até agora, produziu uma taxa de 86,6% de sucesso. Pseudomonas aeruginosa é bactéria encontrada no ambiente, no solo, água e plantas e, como parte de bactérias em humanos, é  patogênica e oportunista, causando infecções em pacientes com sistema imunológico enfraquecido ou doenças crônicas e, antes do início do tratamento, amostras de Pseudomonas aeruginosa dos pacientes foram testadas como tratamento personalizado naqueles que foram considerados sensíveis ao fago PASA16. No tratamento com fago PASA16 foram observados efeitos colaterais menores e gerenciáveis em 13 dos 15 pacientes com dados disponíveis apresentando resultado favorável e a duração do tratamento variou de 8 dias a 6 semanas, com regimes de 2 vezes ao dia, destacando potencial de combinar o fago PASA16 com antibióticos como abordagem promissora à pacientes com tratamentos anteriores mal sucedidos. Bacteriófago, também chamado de fago ou vírus bacteriano, pertence ao grupo de vírus que infectam bactérias e foram descobertos independentemente por Frederick Twort na Grã-Bretanha em 1915 e Félix d'Hérelle na França em 1917, sendo que  D'Hérelle cunhou o termo bacteriófago significando "comedor de bactérias", para descrever a capacidade do agente destruir bactérias. Há, variedades de fagos, cada um dos quais infecta apenas um tipo ou alguns tipos de bactérias e, como os vírus, são organismos simples que consistem em núcleo de material genético cercado por proteína, sendo que o ácido nucleico pode ser DNA ou RNA. O fago da pesquisa foi fornecido pela empresa americana de fagos Adaptive Phage Therapeutics e administrado através de métodos diversificados, incluindo intravenoso, aplicação local no local da infecção e uso tópico. Têm sido usados desde o final do século 20 como alternativa aos antibióticos na antiga União Soviética e Europa Central, bem como França, e considerados possível terapia contra multi resistência de bactérias, sendo que o trabalho destaca o potencial de combinar o fago PASA16 com antibióticos como abordagem promissora em pacientes com tratamentos anteriores sem sucesso.

Moral da Nota: análise do Canadian Climate Institute avisa que futuras mortes e hospitalizações podem custar mais de US$ 12 bilhões/ano, ao descobrir que o período de calor extremo no Canadá custou quase US$ 6 bilhões em vidas humanas perdidas. O relatório avisa que o calor extremo pode matar 1.370 pessoas e mandar 6 mil ao hospital a cada ano na Colúmbia Britânica até 2030, caso a província canadense não adapte sua infraestrutura essencial, conforme relatório encomendado e financiado pelo governo e que ondas intensas de calor podem custar US$ 100 milhões em assistência médica à província canadense e mais de US$ 12 bilhões em vidas perdidas anualmente até o fim da década, O relatório intitulado The Case for Adapting to Extreme Heat: Costs of the 2021 B.C. Heat Wave é a primeira análise de custo de calor no fim de junho de 2021, em que temperaturas quebraram mais de 100 recordes de todos os tempos no oeste do Canadá, inclusive em  comunidades e temperaturas de 40 ºC de calor extremo matando 619 pessoas entre 25 de junho e 1º de julho. Onda de calor de junho foi o evento climático mais mortal da história do Canadá, segundo especialistas, e a análise do instituto de pesquisa diz que o desastre custou quase US$ 6 bilhões em vidas humanas perdidas e US$ 12 milhões em cuidados hospitalares.