O Urban Heat Snapshot da consultoria global de desenvolvimento sustentável Arup utilizando IA e imagens de satélite, mapeou pontos quentes mais extremos em amostra de 150 km2 de centros urbanos de várias cidades, tendo sido projetado para auxiliar as cidades entender como o calor as afeta de um bairro à outro e, para reduzir as temperaturas, o que pode ser feito. A ferramenta de análise UHeat baseia-se em modelo climático avançado da Universidade de Reading, no Reino Unido, e demonstra como ferramentas digitais podem trazer modelos acadêmicos à cenários reais para encontrar causas do efeito UHI, ilhas de calor urbano e, de acordo com a Arup, pode modelar soluções para mostrar como a implantação estratégica da natureza e outras intervenções ajudam cidades reduzir o impacto dos pontos quentes. Para combater os pontos quentes, a Arup reconhece desafio aos designers pensar de modo criativo para implantar a natureza de modo estratégico e equitativo nas cidades. A Arup usou a ferramenta de análise digital UHeat para entender a diferença nas temperaturas experimentadas de bairro à bairro, no dia mais quente de cada cidade em 2022.
A pesquisa mostrou que o centro da cidade, precisamente a Plaza Juan Pujol, em Madri, foi identificada como o “ponto quente” mais extremo da ilha de calor urbano, UHI, de 6 grandes cidades ao redor do mundo, com temperaturas 8°C mais alta que arredores rurais, seguida por Mumbai com o 2º ponto mais quente com 7°C em Ghatkopar East, Cairo e Los Angeles em 3º lugar com 5°C em Bulaq Ad Daqrur e West Lake, respectivamente, Londres e Nova York em 4º lugar com temperaturas de 4,5°C em Kilburn e South Hampstead e Washington Heights, respectivamente. Os autores do relatório destacam como o design da cidade eleva as temperaturas urbanas decorrente ao fato da natureza muitas vezes ser empurrada para fora, ruas asfaltadas e prédios altos feitos de aço e vidro e pedem aos líderes municipais, designers urbanos e planejadores que entendam como os projetos podem mitigar pontos críticos urbanos, especialmente comunidades mais vulneráveis. Os pontos mais quentes tinham menos de 6% de cobertura vegetal, enquanto os mais frios na maioria das cidades tinham mais de 70% e eram encontrados quase inteiramente em parques, longe de áreas residenciais e comerciais, contribuindo para grandes oscilações de temperatura dentro das cidades, com Madri experimentando calor quase 8°C mais quente que o Parque El Retiro, a curta distância, Londres, a área de Kilburn e South Hampstead, com 38% de cobertura vegetal, experimentou calor 7°C mais quente que Regent's Park com 89% de cobertura vegetal, a curta distância. Preocupante que 3 das cidades estudadas, incluindo Londres, experimentaram os piores “pontos quentes” de UHI à tarde ou à noite, ao passo que calor urbano é problema particular à noite, porque materiais como cimento absorvem calor durante o dia e o liberam lentamente quando o sol se põe causando estresse e problemas de saúde, além de afetar de forma aguda cidadãos vulneráveis incluindo crianças e idosos.
Moral da Nota: o relatório recomenda que cidades concentrem na Implementação de soluções inseridas na natureza ou intervenções escaláveis e acessíveis à resiliência climática, com a reintrodução estratégica da natureza podendo baixar temperaturas, melhorando qualidade do ar e aumentando biodiversidade. Estudo realizado em cidades europeias e publicado no Lancet, avalia que o aumento da cobertura das copas das árvores nas cidades reduz a mortalidade relacionada ao calor e aumentando cobertura de árvores urbanas para 30% evitaria 2.644 mortes em excesso. Aconselha superfícies mais permeáveis como solo a descoberto ou plantado, tendendo absorver menos calor comparado com superfícies impermeáveis como concreto ou asfalto, aumentando as superfícies permeáveis e permitindo que a água se infiltre resfriando o ambiente ao redor. Aproveitar o espaço possível em que mais da metade nas cidades, incluindo telhados e ruas, é espaço aberto, buscando construir resiliência incluindo fachadas de edifícios verdes, telhados verdes ou uso de tinta branca para alterar refletividade das superfícies para reduzir quantidade de calor absorvida. Estabelecer ilhas frias, sendo necessária rede de espaços de resfriamento urbano às pessoas se refugiarem, por exemplo, em Londres, a Arup contribuiu ao mapa de espaços legais da GLA, onde moradores locais poderiam encontrar oportunidades de abrigo nos dias quentes, em tentativa de reduzir o risco à saúde devido ao clima quente, além do estímulo à mudança de comportamento como países quentes que ajustam suas vidas há séculos, incorporando sestas, horário de expediente, fechamento de lojas e restaurantes no pico de calor.