quinta-feira, 10 de agosto de 2023

Clorpirifós

Inseticidas clorpirifós foram introduzidos pela Dow Chemical em 1965 e são  utilizados em ambientes agrícolas, conhecido como ingrediente ativo nas marcas Dursban e Lorsban, é inseticida organofosforado, acaricida usado para controlar a folhagem e pragas de insetos do solo em variedade de alimentos e rações, vindo na forma líquida, bem como grânulos, pós e pacotes solúveis em água aplicados por equipamentos terrestres ou aéreos. Usado em ampla variedade de culturas, incluindo maçãs, laranjas, morangos, milho, trigo, frutas cítricas e outros alimentos com o  Programa de Dados de Pesticidas do USDA encontrando resíduos em cítricos e melões, mesmo depois de lavados e descascados, em volume, o clorpirifós é mais usado em milho e soja com mais de um milhão de libras aplicadas anualmente a cada safra,  não sendo permitido em culturas orgânicas. Estimativa de custo da exposição a produtos químicos desreguladores endócrinos na UE descobriu que “exposições a organofosforados foram associadas a 13,0 milhões pontos de QI perdidos e 59.300  casos de deficiência intelectual, com custos de 146 bilhões de euros  por ”déficit neuro comportamental, doenças e custos associados à exposição e publicado no Jornal de Endocrinologia Clínica e Metabolismo, 2015. Pesquisas científicas mostram que clorpirifós está ligado a danos cerebrais em crianças, sendo essas preocupações com a saúde levaram vários países e alguns estados dos EUA proibir o pesticida anos atrás, mas o uso do produto ainda era permitido por agricultores nos EUA após lobby bem-sucedido do fabricante.

A Academia Americana de Pediatria alertou que o uso contínuo de clorpirifós coloca em grande risco o desenvolvimento de fetos, bebês, crianças e mulheres grávidas, descobriu que exposições pré-natais ao clorpirifós estão associadas a baixo peso ao nascer, QI reduzido, perda de memória de trabalho, distúrbios de atenção e atraso no desenvolvimento motor. O clorpirifós está ligado ao envenenamento agudo por pesticidas e pode causar convulsões, paralisia respiratória e, às vezes, morte,  usado em  ampla variedade de culturas, incluindo maçãs, laranjas, morangos, milho, soja, trigo, frutas cítricas e outros alimentos. A Autoridade Europeia para Segurança dos Alimentos proibiu vendas do produto químico em janeiro de 2020, constatando que não há nível seguro de exposição e, em alguns estados americanos proibiram seu uso na agricultura, incluindo Califórnia e Havaí. A EPA dos EUA chegou a um acordo com a Dow Chemical em 2000 para eliminar gradualmente uso residencial de clorpirifós devido pesquisas científicas que mostram que o produto quimico é perigoso ao cérebro em desenvolvimento de bebês e crianças, tendo sua utilização proibida nas escolas em 2012. Em outubro de 2015, a EPA disse que planejava revogar as tolerâncias de resíduos alimentares para clorpirifós, significando que seria  ilegal usá-lo na agricultura, com a agência dizendo que “resíduos esperados de clorpirifós em plantações de alimentos excedem o padrão de segurança da Lei Federal de Alimentos, Medicamentos e Cosméticos”, medida, em resposta a petição de proibição do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais e da Rede de Ação contra Pesticidas. Em novembro de 2016, a EPA divulgou avaliação revisada do risco à saúde do clorpirifós, confirmando que não era seguro permitir que o produto continuasse em uso na agricultura e,  entre outras coisas, disse que as exposições a alimentos e água potável não são seguras, especialmente à crianças de 1 a 2 anos de idade, dizendo que a proibição ocorreria em 2017.

Moral da Nota: grande estudo nacional publicado na revista NeuroToxicology  em 2021 relata que “várias exposições a pesticidas neurotóxicos estimadas usando a localização residencial foram associadas a risco de ELA, esclerose lateral amiotrófica, incluindo  herbicidas 2, 4-D, glifosato e os inseticidas carbaril e clorpirifós”,  sendo doença progressiva do sistema nervoso afetando células do cérebro e medula espinhal causando perda de controle muscular.  O Lancet Neurology, 2014, publicou Efeitos comportamentais da toxicidade no desenvolvimento, explicando que “desde 2006,  documentaram 6 neurotóxicos adicionais ao desenvolvimento, diclorodifeniltricloroetano, tetracloroetileno, os éteres difenílicos polibromados, manganês, clorpirifós e flúor". Estudo de nascimentos de famílias de trabalhadores rurais latinos na Califórnia associou metabólito de pesticidas organofosforados encontrado na urina de mulheres grávidas com pontuações mais baixas em seus filhos para memória, velocidade de processamento, compreensão verbal,  QI e raciocínio perceptivo com evidências de efeitos começando aos 12 meses e continuando até a primeira infância” publicado em Perspectivas de Saúde Ambiental, 2011. O Jornal da Academia Americana de Pediatria, 2006, publicou estudo de população do centro da cidade descobrindo que crianças com altos níveis de exposição a clorpirifós “obtiveram, em média, 6,5 pontos a menos no Índice de Desenvolvimento Psicomotor de Bayley e 3,3 pontos a menos no Índice de Desenvolvimento Mental de Bayley aos 3 anos de idade em comparação com aqueles com níveis mais baixos de exposição.  O estudo de caso-controle na população descobriu que “a exposição pré-natal ou infantil a pesticidas selecionados a priori incluindo glifosato, clorpirifós, diazinon e permetrina foi associada a maiores chances de desenvolvimento de transtorno do espectro autista”, publicado no  BMJ, 2019. Nos Anais da Academia Nacional de Ciências, 2012, foi publicado o estudo Anomalias cerebrais em crianças expostas no período pré-natal a organofosforado comum, esclarecendo que “as descobertas indicam que a exposição pré-natal a clorpirifós, em níveis observados com o uso rotineiro e abaixo do limite para quaisquer sinais de exposição aguda, tem efeito mensurável na estrutura cerebral em uma amostra de 40 crianças de 5,9 a 11,2 anos de idade,, sendo encontradas anormalidades nas medidas morfológicas da superfície cerebral associadas com maior exposição pré-natal ao clorpirifós além de alargamentos regionais da superfície cerebral e  localizados nos giros temporal superior, temporal médio posterior e pós-central inferior bilateralmente e, no giro frontal superior, giro reto, cúneo e pré-cúneo ao longo da parede mesial do hemisfério direito”.  Em avaliação de mais de 54 mil  aplicadores de pesticidas no Estudo de Saúde Agrícola, cientistas do Instituto Nacional do Câncer relataram que a incidência de câncer de pulmão estava associada à exposição ao clorpirifós e estudo de caso-controle de pessoas do Vale Central da Califórnia relatou que a exposição ambiental a 36 pesticidas organofosforados usados separadamente aumentou o risco de desenvolver doença de Parkinson, publicado em Medicina Ocupacional e Ambiental, 2014. Em 29 de abril de 2021, o juiz Jed S. Rakoff do 9º Circuito, emitiu decisão concluindo que a EPA se envolveu em “atraso flagrante” que expôs uma geração de crianças americanas a níveis inseguros de clorpirifós e ordenou que a Agência emitisse regulamento final em 60 dias modificando  ou revogando o registro do clorpirifós e, em consequência, em agosto de 2021, o governo Biden reconheceu o perigo às crianças e anunciou que proibiria o uso agrícola do clorpirifós, decisão após ordem de abril do Tribunal de Apelações do 9º Circuito, instruindo a Agência de Proteção Ambiental, EPA,  proibir o uso em fazendas, a menos que a segurança do produto químico pudesse ser comprovada, agora, o clorpirifós está proibido para uso em alimentos nos EUA além de frutas e vegetais cultivados com ele  proibidos de importar.