A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Embrapa, utiliza blockchain em sistema da rastreamento do açúcar mascavo, solução, desenvolvida na Ethereum, cujo projeto foi iniciado na planta agroindustrial da Usina Granelli em Charqueada, SP. Lançado na sede da Usina quando foi introduzido no processo de produção, o açúcar rastreado na blockchain reverte à Embrapa porcentagem de vendas na forma de royalties, sendo que o desenvolvimento do projeto contou com apoio da Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo, Coplacana, acessível aos consumidores através de QR Code nas embalagens, sendo que a blockchain do Sibraar fornece sequência temporal e imutável dos registros como meio de garantir integridade das informações ao longo do processo de produção. Os consumidores, segundo a Embrapa, podem acessar informações sobre análise microbiológica do produto e parâmetros físicos e químicos como teor de sacarose, umidade e cor, embora concebido ao setor sucro energético, o sistema é customizado à agroindústria vinculada a outras cadeias agrícolas, como grãos. Pesquisador da Embrapa e líder do projeto, avalia que a "adoção de ferramentas tipo blockchain embarcada é alternativa para atender o mercado uma vez que possibilita que cada lote fabricado receba assinatura digital única para criar trilha segura de auditabilidade de dados”. A Embrapa planeja rastrear frutas, legumes e verduras com a Ferpall Tecnologia, segundo o supervisor de negócios da empresa, explicando que “está no cenário a Ferpall usar nas cadeias de frutas, verduras e legumes, além do pescado, existindo conversas ao café e, nos grãos, interlocução com produtores de soja não-transgênica”. A blockchain foi adotada pela Uisa, uma das principais refinarias do Brasil, nos processos de produção e controle de bioprodutos, começando pelo Açúcar Demerara Itamarati, marca do portfólio de alimentos da Companhia e, de acordo com a empresa, blockchain proporciona transparência, além de eficiência e segurança à cadeia produtiva da Uisa e parceiros acrescentando que permite controle automatizado de atividades realizadas na produção, sendo que o consumidor pode acessar informações sobre plantio, colheita da cana e demais etapas da produção através de QR Code nas embalagens.
Neste ambiente disruptivo, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, ANA, busca desenvolver projeto com objetivo de impulsionar criação de soluções digitais para enfrentar o crescente problema da poluição por resíduos plásticos em rios do Brasil, focada em blockchain. Intitulado "Desafio Saneamento do Futuro, rios sem plásticos", procura identificar e reconhecer soluções inovadoras em protótipo utilizando tecnologias digitais para diminuir a quantidade de plástico nos rios com soluções envolvendo ação social, gestão pública e indústria. A ANA trabalha em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, ABDI, parte da estratégia para lidar com a crise ambiental do século 21, considerando relatório da Organização à Cooperação e Desenvolvimento Econômico, OCDE, que informa ser a poluição plástica um dos maiores desafios à saúde humana e ecossistemas. O Brasil contribui com 2 milhões de toneladas de resíduos sólidos para o mar anualmente, agravado pela falta de infraestrutura e práticas de gestão eficientes, sendo que a iniciativa da ANA se insere no conceito de economia circular e procura aumentar a vida útil dos produtos plásticos e melhorar reciclabilidade, diminuindo a quantidade de resíduos. A prevenção do vazamento de plástico se insere no aumento da reciclagem e triagem na fonte, restrição da demanda e design baseado na circularidade e, de acordo com a ANA, dos 5.570 municípios brasileiros, 2007 contam simultaneamente com Estações de Tratamento de Água, ETA, plantas que tratam a água antes de seu consumo e Estações de Tratamento de Esgoto, ETE, dedicadas ao tratamento de efluentes industriais e domésticos. Estudo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, UERJ, de 2022, indica que a região Sudeste conta com 16 ETARs em operação, um déficit de Estações de Tratamento de Água de Reúso, ETARs, voltadas ao reaproveitamento, em aplicações industriais de água produzida por ETEs. Vale lembrar que foi aprovado pelo Senado brasileiro em junho de 2020, o novo Marco Legal do Saneamento Básico que impõe até 2033 que mais de 90% da população brasileira terá de contar com fornecimento de água potável e serviços de esgoto, sendo que em 2020, a média nacional de atendimento da população com sistemas de tratamento de água e esgoto era de 46,5%, 82,1 milhões de pessoas, segundo Agência Nacional de Águas e Saneamento.
Moral da Nota: o projeto-piloto da Embrapa, Sibraar, Sistema Brasileiro de Agrorrastreabilidade, construído sobre a rede Ethereum, permite registro de data de produção, variedade da cana, identificação e geolocalização da propriedade rural que forneceu a matéria-prima, análise microbiológica do produto, teor de sacarose, umidade e cor do açúcar, na verificação de responsabilidade ESG sigla em inglês para boas práticas de governança ambiental, social e corporativa. A responsável pela usina Granelli destaca que falta de padrões de qualidade ao açúcar mascavo, por exemplo, gera problema ao consumidor que busca o produto no supermercado, sendo que “alguns mascavos possuem gosto de queimado, sem padrão de qualidade do produto final”, avaliando que, para evitar esse tipo de defeito, a Granelli comprou secadora universal, equipamento que assegura grau de umidade necessário para que o mascavo da fábrica não seja contaminado por agentes microbiológicos.