terça-feira, 18 de julho de 2023

El Nino e o café

Vietnã e Brasil podem sofrer perdas de rendimento caso um forte El Nino se desenvolva, segundo analistas em  clima, o fenômeno interrompe padrões de chuva prejudicando colheita caso as temperaturas permanecem muito altas. O padrão climático El Nino, segundo analistas, amplamente esperado por meteorologistas para se desenvolver globalmente na segunda metade do ano, representa maior risco à produção da variedade de café robusta que do café arábica mais suave. Restringe oferta e eleva preços do robusta, com teor de cafeína mais alto que o arábica, amplamente utilizado para fazer café instantâneo acarretando perdas de rendimento aos produtores. O analista de café da corretora StoneX, disse que houve queda de 40% na produção de café robusta no Brasil na última vez que um forte El Nino se desenvolveu causando seca no Espírito Santo entre 2015 e 2016, explicou que hoje a área está melhor preparada com investimentos em reservatórios e sistemas de irrigação, mas o potencial da cultura depende da intensidade da seca esperada pelo El Nino. O Centro Nacional de Previsão Meteorológica do Vietnã prevê chance de 70% a 80% de El Nino se desenvolver em 2023 e se estender até 2024 na espera de temperaturas recordes no país nesse período, enquanto o café arábica, variedade suave preferida pelos cafés sofisticados, os riscos parecem menores já que produtores da América Central e Sul que sofreram com excesso de chuvas nos últimos 3 anos de La Nina estão com clima mais normalizado e, no Brasil, maior produtor mundial de arábica, o El Nino pode reduzir chances de geadas, segundo analista de café da corretora Hedge Point Global Markets, no entanto explicou, que a safra pode ser prejudicada se as temperaturas permanecerem muito altas na fase de floração da safra 2024/25, por volta de setembro, fazendo com que as árvores percam muitas flores.

Neste pensamento emerge a notícia que 16 países asiáticos estão em risco, pois as mudanças climáticas ameaçam o abastecimento de água sendo que 10 grandes rios fluem da região de Hindu Kush-Himalaia e as torres de água abrigam mais de um bilhão de pessoas, com a bacia do rio Yangtze na China, sustentando um terço da população do país. Há necessidade de  ação para proteger fluxos de água regionais que podem criar situação de difícil sustentabilidade na região, inclusive Índia, já que a bacia do Hindu Kush-Himalaia é atingida pelas mudanças climáticas e ios Ganges e Brahmaputra que correm à Índia e Bangladesh,  Yangtze e Amarelo na China, são vias navegáveis transfronteiriças como Mekong e Salween,  fluem da região de Hindu Kush-Himalaia gerando US$ 4,3 trilhões em PIB anual. Pesquisa liderada pelo think tank China Water Risk afirma que impactos climáticos, como degelo glacial e clima extremo, representam "graves ameaças" à região destacando que construção de infraestrutura de energia com uso intensivo de água agrava problemas e que os rios enfrentariam "riscos crescentes caso não  controlem as emissões". Conhecidos por sustentar e auxiliar três quartos da energia hidrelétrica e 44% da energia a carvão nos 16 países que dependem de combustíveis fósseis às necessidades energéticas, com mais de 300 GW suficientes para abastecer o Japão, estão em regiões que enfrentam riscos hídricos "altos" ou "extremamente altos", por outro lado a bacia do Yangtze na China, sustenta 15% da capacidade de energia chinesa que já experimentou seca recorde em 2022 com queda da produção hídrica  interrompendo cadeias de abastecimento globais. Estudo de 2022 apontou que mais de1 bilhão de pessoas serão afetadas caso o derretimento das geleiras do Himalaia continue, com a equipe do IIT-Indore indicando que o derretimento das geleiras e neve são componentes importantes na região e, se continuar ao longo do século, pode deixar de fornecer água por completo.

Moral da Nota: a IA desempenha papel proeminente na agricultura indiana em que consultas dos agricultores não encontram barreiras linguísticas ou burocráticas, já que Chatbots como Kissan AI e Jugalbandi, alimentados por modelos GPT da OpenAI, fornecem respostas a perguntas enriquecendo o conhecimento em sua língua materna. Caso exemplar da revolução é a parceria entre a Digital Green, organização de desenvolvimento global, e a startup IA, Gooey.AI, juntos, lançaram o Farmer.CHAT, ferramenta projetada para auxiliar agricultores na linha de frente das mudanças climáticas e segurança hídrica. O Departamento de Agricultura e Capacitação de Agricultores de Odisha, apresentou o chatbot interativo, Ama KrushAI, que fornece aos agricultores orientação sobre melhores práticas agronômicas, produtos de empréstimos e esquemas governamentais. A tecnologia de IA generativa, em estágio inicial, à medida que amadurece torna-se ferramental à detecção de doenças de plantas, identificação de deficiências nutricionais, análise da saúde do solo e previsão de colheitas futuras. Tal avanço tem o potencial de reinventar o cenário agrícola, permitindo agricultores tomarem decisões informadas e personalizadas para melhorar práticas agrícolas, com o  CEO da BigHaat enfatizando que IA generativa fornece dados sobre saúde do solo e prevê rendimento das safras nas línguas nativas dos agricultores. A simbiose entre tecnologia e agricultura gera mudanças em um dos setores mais antigos e essenciais da sociedade com informações e assistência de qualidade, estabelecendo bases à futuro sustentável e eficiente, sendo que o potencial da tecnologia em transformar a agricultura na Índia e no mundo é enorme estando apenas no início.