Relatório da Agência Internacional de Energia avalia que o investimento global em energia programado para atingir US$ 2,8 trilhões em 2023, mais de US$ 1,7 trilhão desse valor destina-se a tecnologias de energia limpa, como EVs, renováveis e armazenamento. Sinal que a transição energética progride com o relatório World Energy Investment da IEA explicando que investimentos em energia solar atrairão mais de US$ 1 bilhão/dia em 2023, com o diretor executivo da IEA, avisando que investimento em energia solar "ultrapassará a quantidade de investimento na produção de petróleo". Em entrevista a Arabile Gumede da CNBC disse que havia "lacuna crescente entre investimento em energia fóssil e investimento em energia limpa" avaliando 3 razões, em primeiro lugar, o custo da energia limpa, como solar e eólica, "cada vez mais baratas", em segundo lugar, que muitos governos veem "fontes de energia limpa, renováveis, carros elétricos, energia nuclear, como solução ao problema de segurança energética e mudança climática" e o terceiro fator remete a estratégia industrial citando a Lei de Redução da Inflação dos EUA e programas e políticas na Europa, Japão, Índia e China. Defensores da transição à futuro sustentável ficarão desanimados com a projeção da IEA que carvão, gás e petróleo atrairão "mais" de US$ 1 trilhão em investimentos em 2023", "atualmente, gastos com investimentos em combustíveis fósseis são mais que o dobro dos níveis necessários no Cenário de Emissões Líquidas Zero até 2050".
Um número importante na ciência do clima é a meta recomendada em graus Celsius, 1,5º, para a qual o aquecimento global deve ser limitado em relação aos níveis pré-industriais, conforme o IPCC, Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, maior autoridade em ciência do clima, além disso, o Acordo de Paris juridicamente vinculativo incumbe signatários globais de limitar o aquecimento "abaixo de 2°C e acima dos níveis pré-industriais" "prosseguindo esforços à limitar o aumento da temperatura em 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Acima de 1,5°C, observa o IPCC, o aquecimento global exacerba impactos climáticos, como aumento da intensidade ou frequência de eventos climáticos extremos, diminui produtividade agrícola e disponibilidade de alimentos aumentando mortalidade e morbidade em relação ao calor. Estudo de 2022 avalia que o aquecimento de 1,5°C pode desencadear "pontos de inflexão" climáticos, ou, limiares além dos quais mudanças em partes do sistema se autoperpetuam, como exemplos de pontos de inflexão sensíveis incluem o colapso das camadas de gelo da Groenlândia e Antártica Ocidental além da extinção de recifes de corais de baixa latitude. A OMM, Organização Meteorológica Mundial anunciou em maio de 2023 que há 66% de chance que o mundo experimente temperatura média de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais em pelo menos um dos próximos 5 anos, descoberta divulgada em artigos no The Guardian, CNN e BBC, relatando que esse aumento de temperatura representaria violação do limite fundamental do IPCC, no entanto, falta contexto importante, necessita considerar que o sistema climático evolui em ciclos naturais que afetam a temperatura global, circulação oceânica e processos atmosféricos, que são referidos como modos de variabilidade climática interna, daí, a Oscilação Sul do El Niño, ENOS, impulsionada por mudança na circulação do Oceano Pacífico e reorganização da troca de calor entre águas superficiais e profundas, é exemplo de variabilidade climática interna. Consiste em 2 fases, ou, El Niño e La Niña, com El Niño aquecimento das águas superficiais no leste do Oceano Pacífico pelo aprisionamento de água quente da América do Sul aumentando temporariamente a temperatura da superfície global, enquanto La Niña é aumento da transferência de calor para águas profundas e, resfriamento em águas superficiais, manifestando-se como resfriamento global temporário.
Moral da Nota: Zeke Hausfather, cientista climático da Berkeley Earth, em um tweet disse que a razão é que o clima é medido ao longo de décadas, em vez de anos, nuance melhor capturada por artigos publicados na Reuters e Axios, que corretamente não informaram que as projeções de temperatura, se realizadas, constituiriam violação do limite, daí, afirmar que "um único ano acima de 1,5°C não significa que o mundo ultrapassou esse nível de aquecimento específico". A temperatura global pode variar de ano para ano devido oscilações inerentes ao sistema climático, variabilidade causada por processos naturais como El Niño, que pode aumentar a temperatura global por vários anos independente da atividade humana, de fato, a OMM observa que parte do aquecimento esperado nos próximos 5 anos se deve ao El Niño. Ao lado do La Nina esses eventos alteram a temperatura da superfície global em 0,2°C em ambas direções, complicando esforços em determinar quando o limite climático é ultrapassado, com a extensão do futuro aquecimento global , em última análise, determinada pelas decisões de emissões atuais e futuras por seres humanos, no entanto, o IPCC espera que o limite de 1,5°C seja ultrapassado por volta da metade do século, referido como SSP 1-1.9, Caminho Socioeconômico Compartilhado, para retornar o clima global a um estado de aquecimento abaixo de 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais até 2100. Embora não tenhamos atingido 1,5°C de aquecimento, o IPCC observa que níveis contemporâneos de mudança climática já tiveram consequências negativas generalizadas nos sistemas humanos e naturais, pois o estudo de 2022 sobre pontos críticos do clima descobriu que alguns pontos são desencadeados em 1°C de aquecimento, limite já ultrapassado, nos instruindo não confundir sistema climático com sistema binário em que impactos das mudanças climáticas não surgem repentinamente após 1,5°C de aquecimento, mas tornam-se mais severos a cada incremento de aquecimento adicional além dos níveis pré-industriais.