Obesidade é problema de saúde tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento, com 14% dos homens e 18% das mulheres no mundo sofrendo desse distúrbio, além de fatores que contribuem como genética, sedentarismo e hábitos alimentares pouco saudáveis, no entanto, menos conhecido e que chama atenção nos últimos anos são poluentes orgânicos persistentes. As dibenzo-p-dioxinas e os furanos policlorados são poluentes persistentes tóxicos que, lançados na atmosfera, se depositam no solo e vegetação e por serem insolúveis em água se decompõem lentamente, se acumulando nos organismos e na cadeia alimentar, daí, dioxinas se acumularem no organismo por uma década com 90% da exposição total se originando de fontes alimentares Pesquisadores da URV, Unidade de Nutrição Humana da Universidade Rovira i Virgili, e do ISPV, Instituto de Pesquisa em Saúde Pere Virgili, Espanha, publicaram na Environmental Research artigo sobre efeitos no peso exercido pela exposição a dioxinas e furanos através da dieta.
A pesquisa foi realizada em amostragem de voluntários que participaram do estudo Predimed-Plus com 5.899 adultos entre 55 e 75 anos, respondendo questionário destinado a coletar dados alimentares sendo que os autores avaliaram adiposidade e status de obesidade através do índice de massa corporal e circunferência da cintura. Os resultados mostram que 87% da população estudada ultrapassou níveis toleráveis dos poluentes tóxicos persistentes estabelecidos pela Autoridade Europeia à Segurança dos Alimentos, EFSA, sendo que os alimentos que contribuem à exposição total são carnes vermelhas, peixes e mariscos. Encontraram relação entre exposição a poluentes orgânicos persistentes via alimentação, dioxinas e furanos, aumento da massa corporal e adiposidade, ou seja, o acúmulo de gordura foi considerado que os participantes com maior ingestão de dioxinas e furanos apresentaram índice de massa corporal e circunferência da cintura maior que o resto e maior risco de aumentar a circunferência da cintura após um ano de acompanhamento. Trata-se do primeiro estudo explorar a associação entre ingestão dietética de dibenzo-p-dioxinas ou furanos policlorados e adiposidade e, apesar das restrições da legislação, a equipe de investigação adverte que os compostos químicos continuam constituir grave risco à saúde e, segundo responsáveis pelo estudo, é importante controlar a exposição a estas substâncias químicas e manter a sensibilização e medidas profiláticas para reduzir níveis de exposição aos compostos persistentes. Em outro estudo, pesquisadores analisaram dados de acesso a alimentos e mortalidade por câncer de 3.038 condados nos EUA no Atlas do Ambiente Alimentar, FEA, Departamento de Agricultura dos EUA, de 2012, 2014, 2015, 2017 e 2020, sendo que os dados sobre mortalidade por câncer relacionada à obesidade vieram dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos anos de 2010 a 2020. O resultado aponta a 758 condados com taxas de mortalidade por câncer relacionadas à obesidade em comparação a condados com baixas taxas de mortalidade por câncer relacionada à obesidade, condados com altas taxas de mortalidade por câncer relacionada à obesidade tiveram porcentagem maior de residentes negros não hispânicos, 3,26% vs. 1,77%, porcentagem maior de adultos com mais de 65 anos anos, 15,71% vs. 15,40%, maiores taxas de obesidade em adultos, 33,0% vs. 32,10% e maiores taxas de diabetes em adultos, 12,50% vs. 10,70%. Possíveis explicações incluem a falta de interesse de supermercados em bairros com população socioeconômica mais baixa, criando deserto alimentar, escreveram os pesquisadores em sua discussão, acrescentando o “aumento da taxa de crescimento de restaurantes fast-food nos últimos anos e a propaganda intencional de alimentos não saudáveis em bairros urbanos com pessoas de baixa renda".De acordo com pesquisadores, os resultados foram limitados por fatores incluindo uso de grupos em vez de indivíduos, a possível classificação incorreta de estoques de alimentos e o uso de dados em nível de condado sobre raça, etnia e renda, consideram que os resultados fornecem base para estudos de resultados de câncer relacionados à obesidade que levam em consideração o ambiente da comunidade. Concluem que as causas da obesidade e câncer são complexas e os resultados do estudo sugerem que, ligações entre ambientes alimentares não saudáveis e câncer relacionado à obesidade podem ir além do consumo alimentar e se estender a fatores sociais e psicológicos.
Moral da Nota: Malcolm Seth Bevel, PhD, do Medical College of Georgia, e colegas, escreveram no JAMA Oncology que embora o aumento da alimentação saudável tenha sido associado à redução do risco de obesidade e à redução da incidência e mortalidade por câncer, o acesso a alimentação saudável é desafio em comunidades com menos opções de alimentos saudáveis e/ou fácil acesso a lojas de conveniência e fast food. Além disso a associação entre hábitos alimentares e mortalidade por câncer relacionada à obesidade são limitados, disseram eles, "sentimos que o estudo era importante pelo fato que a obesidade é epidemia nos EUA e vários fatores contribuem a ela, especialmente ambientes alimentares adversos"".