quarta-feira, 24 de maio de 2023

Caminhões e trens

O California Air Resources Board aprovou a primeira regra dos EUA para reduzir emissões de trens movidos a diesel, combustível cuja queima é prejudicial à saúde, além de gases de efeito estufa. Foi proibida a utilização  de motores de locomotivas com mais de 23 anos até 2030, aumentando o uso de tecnologia de emissão zero para mover cargas de portos e estações ferroviárias, vetando ainda, locomotivas no estado de marcha lenta por mais de 30 minutos se equipadas com sistema de desligamento automático. A regra reduz drasticamente emissões de gases efeito estufa das locomotivas, em quantidade semelhante à remoção de todos os caminhões pesados ​​do estado da Califórnia até 2030. O Air Resources Board argumenta que 135 modelos de caminhões de emissão zero estão sendo fabricados e entregues e bilhões de dólares em incentivos estão disponíveis para novos veículos e infraestrutura. Dos 1,8 milhão de veículos médios e pesados operando diariamente na Califórnia, cerca de 532 mil estarão sujeitos aos novos requisitos de frota incluindo 30 mil  caminhões de carga que funcionam  com diesel e gás natural, visitando portos e pátios ferroviários do estado. 

Basicamente foram adotadas 2 regras que estabeleceram requisitos de emissão zero às frotas de veículos e locomotivas mais pesadas, medida que deve reduzir a poluição perto de portos e pátios ferroviários e alterar o modo como mercadorias circulam pelo oeste americano. O Conselho de Recursos Aéreos da Califórnia, Air Resources Board,  votou por estabelecer limite de idade para aposentar locomotivas antigas, ao mesmo tempo que estabelece estrutura regulatória exigindo que as operadoras reservem dinheiro para atualizar motores mais limpos e, buscar emissão zero. A  regra acelera adoção de veículos médios e pesados de emissão zero nas grandes frotas públicas e privadas, regulamento que exigirá nos próximos 25 anos mais de 1 milhão de novos caminhões elétricos de carga, ônibus escolares e veículos de entrega, exigindo ainda que caminhões de carga que entram nos portos marítimos e pátios ferroviários da Califórnia tenham emissão zero até 2035. Em 2022 o estado da Califórnia proibiu a venda de carros novos a gasolina até 2035 e estabeleceu requisitos para que porcentagem crescente das vendas anuais de caminhões sejam veículos com emissão zero. Até o fins de 2023, todos os caminhões de carga movidos a gasolina e diesel que pretendem operar em portos e pátios ferroviários devem se registrar no estado da Califórnia, se quiserem fazer negócios até o fim de sua vida útil, que o Conselho de Recursos Aéreos define como 18 anos ou com máximo de 800 mil milhas percorridas ou 13 anos de vida útil. À partir de 2036, de acordo com a regra das frotas,  fabricantes podem vender apenas veículos médios e pesados com emissão zero na Califórnia,  se baseando na Regra de Caminhões Limpos Avançados exigindo que metade dos caminhões vendidos sejam de emissão zero até 2035. A regra das locomotivas será a maior redução na poluição dos reguladores estaduais em 2023, eliminando 7.400 toneladas de material particulado fino e 386.300 toneladas de óxido de nitrogênio, formadores de poluição, até 2050. A partir de 2030 apenas locomotivas com menos de 23 anos operarão na Califórnia, dependendo do tipo de trem em 2030 ou 2035,  os novos trens devem ser de emissão zero ou podem aumentar gradualmente a porcentagem de uso de emissão zero e de baixa emissão, sendo que a regra garantiria essencialmente que todos seriam de emissão zero até 2058. Para financiar a transformação, a partir de 2024 operadores de locomotivas estariam obrigados depositar fundos em uma conta fiduciária com base em suas emissões na Califórnia, dinheiro que pode ser usado para investir em locomotivas ou infraestrutura limpa, embora mais de 60% das locomotivas de passageiros sejam de nível 4, motores movidos a diesel mais limpo, menos de 10% das locomotivas de linha que movimentam carga pertencem a esta categoria.

Moral da Nota: quarta maior economia do mundo, o estado da Califórnia  usa seu peso econômico para obrigar indústrias a cumprir seus padrões rigorosos, com autoridades portuárias, líderes empresariais e serviços públicos manifestando preocupação com a viabilidade de comprar as quantidades necessárias de veículos e locomotivas com emissão zero, além de instalar infraestrutura, incluindo estações de carregamento elétrico para caminhões. O Los Angeles Times, avalia que a influência nacional da Califórnia cresceu sob administração que parece dar boas-vindas à agenda ambiental pioneira e vários estados optaram por aderir a esses padrões mais rígidos em vez dos padrões de nível federal. A Califórnia, segundo o Los Angeles Times,  é o único estado do país com direito de definir padrões próprios de emissão para veículos motorizados e, com a aprovação do governo federal, mesmo assim, a regra de locomotiva recém-aprovada destaca intenção do estado de testar os limites de sua autoridade estadual, segundo o jornal, já que padrões de emissão para trens estão amplamente sujeitos à regulamentação federal. Por fim, a Califórnia teria que obter autorização da EPA, Agência de Proteção Ambiental, para seguir com a regra, mais rigorosa que os padrões federais, sendo que outros estados podem adotar o procedimento da Califórnia se receberem aval do governo federal.

Em tempo: o Serviço Postal anunciou que compraria 106 mil novos caminhões de correio, cerca de 62% dos quais serão veículos elétricos,  reversão surpreendente de proposta anterior em encomendar principalmente veículos movidos a gás, alcançando 8,2 milhas por galão

Outra: nos portos de Los Angeles e Long Beach, maior complexo portuário dos EUA, mais de 20 mil caminhões têm acesso ao transporte de cargas e apenas 72 são “elétricos” ou “elétricos a bateria”, sendo que  um deles é caminhão com célula de combustível de hidrogênio.

Saideira: a regra de frotas estabelece regras para frotas de propriedade pública e as chamadas frotas de alta prioridade, pertencentes a entidades com 50 ou mais caminhões ou receita superior a US$ 50 milhões, sendo que as frotas federais e de alta prioridade seriam obrigadas comprar apenas veículos médios e pesados com emissão zero a partir de 2024 e eliminar gradualmente outros veículos até fins da sua vida útil e, se não quiserem comprar todos os veículos com emissão zero até 2024,  terão opção de aumentar a porcentagem de veículos com emissão zero nas próximas duas décadas, culminando em todas as categorias de veículos da frota até 2042.