domingo, 30 de abril de 2023

Microplásticos

Estudos mostram que micro-fragmentos plásticos são constantemente lançados na atmosfera podendo viajar milhares de quilômetros e afetar  formação de nuvens,  significando potencial de modificação da temperatura, precipitação e mudanças climáticas. O plástico sufoca tartarugas e aves marinhas, entope aterros sanitários e cursos de água e, nos últimos anos, pesquisadores começam se preocupar com pequenos fragmentos plásticos no ar, lançados por bolhas de espuma do mar ou pneus girando na estrada,  potencialmente poderiam mudar o clima futuro. Quando nuvens se formam, a água ou o gelo se condensam em pequenas partículas de poeira, sal, areia, fuligem ou material da queima de combustíveis fósseis, incêndios florestais, cozimento ou vulcões sob forma de  partículas finas ou aerossóis,  afetando desde a qualidade do ar a cor do pôr do sol, o número e o tipo de nuvens. A química analítica ambiental Denise Mitrano, da ETH Zürich University, que co-escreveu artigo sobre como os plásticos podem mudar as nuvens, potencialmente alterando temperatura e padrões de chuva, explica que “é algo que as pessoas não pensaram ou outro aspecto da poluição plástica".Laura Revell, cientista atmosférica da Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, avalia que “estamos aprendendo quais os impactos nos seres humanos, ecossistemas e clima. Certamente, pelo que sabemos até agora, não parecem bons.”

A produção anual global de plásticos passou de 2 milhões de toneladas em 1950 à mais de 450 milhões de toneladas hoje, apesar das preocupações com o acúmulo no meio ambiente, está aumentando em vez de desacelerar, com empresas de petróleo incrementando a capacidade de produção de plástico à medida que a demanda por combustíveis fósseis diminui. Mais de 9 bilhões de toneladas de plástico foram produzidas e metade foi à aterros sanitários ou descartada de outra forma, projetando que até 2025, 11 bilhões de toneladas de plástico terão se acumulado no ambiente. O plástico foi encontrado em solos, água, plantações e fundo do oceano e, nos últimos anos, estudos sugerem que microplásticos ou fragmentos menores de 5 milímetros de comprimento e nanoplásticos, menores que 1 mil  nanômetro, são transportados pelo ar, com pesquisadores em 2019 encontrando microplásticos nos Pirineus que chegaram via chuva ou neve e, em 2020, Janice Brahney, da Universidade Estadual de Utah, e coautores, publicaram artigo revelando quantidades de plástico em áreas protegidas pelo governo dos EUA.  Brahney catalogou e mapeou em estradas, poeira agrícola e em  oceanos acabando no pó da agricultura ou porque as pessoas jogam roupas de lã em máquinas de lavar e as águas residuais fluem à estações de tratamento que separam sólidos de líquidos e metade dos bio-sólidos são enviados às fazendas como fertilizante.  Quanto ao oceano, grandes bolhas de plástico como no Giro do Pacífico degradam em micro-fragmentos que flutuam na superfície e são lançados no ar por águas cortantes e bolhas de ar estouradas. No oeste dos EUA, 84% dos microplásticos vem de estradas, 5% de poeira agrícola e 11% dos oceanos e, parte desse plástico encontrado a milhares de quilômetros da origem presumida. Micro-fragmentos de fibras sintéticas, garrafas e sacolas se desintegram no ambiente influenciando o clima à medida que circulam pela atmosfera e, como outras partículas de aerossol, naturais e sintéticas, os micro-plásticos tem efeito de resfriamento, embora pequeno, conforme estudo dos possíveis efeitos climáticos dos microplásticos transportados pelo ar publicado na Nature mostrando necessidade de controle sobre a quantidade de detritos plásticos no ar, onde estão e do que são feitos para definir sua influência climática. Ao examinar fatores que afetam o clima da Terra, Deonie Allen, cientista da Universidade de Strathclyde, na Escócia, explica que “este é o artigo que abre essa porta”. Resíduos plásticos se desintegram quando expostos à luz solar, vento, chuva e outras condições ambientais e a densidade baixa do plástico significa que esses fragmentos podem ser espalhados influenciando temperaturas na superfície da Terra, por exemplo, sulfatos dispersam radiação exercendo efeito de resfriamento e o carbono negro absorve radiação infravermelha aquecendo a atmosfera.

Moral da Nota: de acordo com a organização britânica Fauna & Flora, 11,5 trilhões de microesferas acabam no oceano anualmente e uma vez na natureza, viajam com correntes oceânicas chegando as praias e costas e, por conta do  "tamanho e forma, pássaros e criaturas marinhas confundem com ovas de peixe e comem." Embora fragmentos individuais de plástico permanecem no ar por horas, dias ou semanas, fragmentos plásticos são encontrados nos pulmões humanos. Estudos mostraram concentrações de micro-plásticos no ar variando de 0,01 partícula por metro cúbico sobre o Oceano Pacífico ocidental, além de milhares de partículas por metro cúbico em Londres e Pequim, com as cidades apresentando níveis mais altos por conta da poluição.