quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Punta del Este

O  WWF considerou "promissora" a primeira reunião de negociações para estabelecer tratado internacional contra a poluição plástica, colocando  esperança na segunda reunião em maio de 2023 em Paris.  Cientistas e ambientalistas indicam que para eliminar 8 milhões de toneladas de plástico que lançamos no oceano anualmente será essencial prescindir das sacolas e embalagens descartáveis, pois,  a cada minuto,  equivale a um caminhão cheio de lixo plástico é despejado no oceano. Previsões da ONU  mostram que a  quantidade de plástico pode triplicar até 2040 se nada for feito,  causa de agravando da poluição dos oceanos, morte de animais que ingerem sacos e garrafas colocando a saúde em risco. Uma primeira rodada de negociações em fins de novembro de 2022 envolveu 145 países visando tratado internacional contra a poluição plástica, estando na pauta, proibir, reciclar, regular os componentes, foco inicial em discussão na cidade de Punta del Este, Uruguai, onde reuniram delegados de governo, especialistas e representantes da sociedade civil. A discussão, segundo o WWF, aponta à forte alinhamento por regras globais específicas e comuns, incluindo desde a proibição dos materiais e produtos plásticos mais problemáticos, bem como aditivos nocivos e requisitos globais à produtos à garantir reutilização. Estão em discussão a  “redução dos subsídios aos combustíveis fósseis que barateiam o plástico”, passando por “moratória na expansão das indústrias vocacionadas à petroquímica”, ou,  “teto de produção”.

A História iniciada em Punta Del Este foi precedida por Nairobi , Quênia, quando em reunião da ONU concordou-se lançar negociação "histórica" ​ao primeiro acordo global contra a poluição plástica, buscando deter toneladas de lixo que ameaçam o ambiente. A UNEA, Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente, reunida em Nairobi,  adotou moção criando "Comitê de Negociação Intergovernamental" à produzir até 2024 texto juridicamente vinculativo. O presidente da ANUE, Espen Barthe Eide, ministro norueguês do Clima e Meio Ambiente, disse aos delegados, "estamos fazendo história. Todos deveriam estar orgulhosos",  com o responsável norueguês destacando ligação entre crises do clima e da natureza, “ambas tão importantes e não devemos resolver uma em detrimento da outra”. O mandato das negociações estabelece agenda ampla e negociadores focados, por exemplo, no “ciclo de vida” completo do plástico, ou, nos impactos de sua produção, uso, descarte e reciclagem. Negociar objetivos globais em cifras com medidas obrigatórias ou voluntárias, mecanismos de controle, desenvolvimento de planos de ação nacionais considerando especificidades dos  países e sistema de ajuda aos países pobres. incluindo microplásticos criados pela degradação dos resíduos a partir de hidrocarbonetos fósseis responsáveis, ​​segundo a OCDE,  por 3,5% das emissões de gases com efeito de estufa. Este é o maior avanço ambiental desde o acordo de Paris, considerando 460 milhões de toneladas de plásticos produzidos globalmente em 2019, menos de 10% é atualmente reciclado e 22% abandonado em aterros sanitários improvisados, queimados a céu aberto ou despejados na natureza, últimas estimativas da OCDE.

Moral da Nota: relatório de 2021 das Nações Unidas recomenda uso circular do plástico, ou seja, reutilizar, consertar ou reciclar, apontando que a reciclagem de plástico não é solução adequada, sendo prioridade  “garantir que estes produtos não contenham substâncias nocivas ao ambiente e à saúde e possam continuar circular por diferentes processos de reciclagem mecânica, excluindo a reciclagem química”.  Vários países não esperaram por um tratado sobre o assunto e proibiram a venda de produtos plásticos descartáveis, por exemplo,  “na Colômbia, quando foi cobrado imposto sobre sacolas plásticas, o consumo foi reduzido em 71% das famílias, em 5 anos”. Estudo realizado na França pela associação Agir pour l'environnement, ação pelo meio ambiente,  mostra que das  9 garrafas testadas, sete continham microplásticos, embora pouco, com o detalhe que  o frasco rotulado como “para crianças” tinha  concentração 20 vezes maior que os outros. As moléculas encontradas são tereftalatos de polietileno, usado em garrafas,  e polietileno, usado em rolhas,  não havendo certeza sobre a origem dos microplásticos, cuja hipótese mais provável é que as partículas de menos de 5 mm venham do recipiente plástico da garrafa ou da tampa. As federações das águas minerais naturais e águas de nascente responderam aos resultados em comunicado, referindo que a análise foi feita com apenas 9 garrafas  "tornando impossível assegurar a não variabilidade dos resultados”, reafirmaram a “qualidade e segurança” e que “a análise da origem dos microplásticos é eminentemente complexa pela sua ampla presença no ar, no solo, na fauna e  cadeia alimentar”. Estudo do WWF calcula que o ser humano poderia ingerir até o equivalente a um cartão bancário de plástico,  5 gramas, por semana e, segundo a European Bottled Water Union, em 2019, os franceses consumiram 133 litros de água engarrafada/per capita,  representando consumo de 8,9 bilhões de litros à população como um todo.