Assistimos mudanças galopantes no mundo natural, combinadas com sentimento de culpa pessoal testemunhando indiferença climática e poderes eleitos agirem em ritmo lento , evocando emoções, raiva, frustração, pavor, impotência e desesperança, fenômeno conhecido como ansiedade climática ou eco-ansiedade, definido como medo crônico da desgraça ambiental, preocupação com o que pode acontecer se o mundo não tomar medidas para evitar o desastre a tempo. A eco-ansiedade afeta pessoas de modo indiscriminado, particularmente as que vivenciam impactos climáticos em primeira mão e as que têm mais a perder diante da catástrofe ambiental. Jovens no mundo experimentam vertiginosa eco-ansiedade ao verem o fechamento da janela para consertar a emergência planetária, muitas vezes impotentes na promoção de mudanças significativas.
A Force of Nature, organização juvenil sem fins lucrativos, descobriu que mais de 70% dos jovens se sentem desesperançados diante a crise climática e 56% acreditam que a humanidade está condenada, enquanto 26% sentem que sabem como contribuir à resolução do problema. Ansiedade climática é sentida de modos diversos por todos, com os que vivem na linha de frente de desastres relacionados ao clima enfrentando inundações extremas, incêndios florestais e secas, por exemplo, ampliando a angústia. Estudo publicado na Lancet Planetary Health, da Universidade de Bath, Stanford Medicine Center for Innovation in Global Health, Oxford Health NHS Foundation Trust e outros, com 10 mil pessoas de 16 a 25 anos em 10 países, revela que 92% nas Filipinas sentem futuro assustador comparados a 56% na Finlândia, além de sentimento avassalador de frustração e traição entre a Geração Z diante inação percebida pelos que ocupam cargos de poder, com 60% dos que se sentem afetados diariamente pela ansiedade relacionada ao clima atribuírem tais sentimentos aos governos nacionais.A eco-ansiedade é racional, sendo 'sinais de alarme internos' nos dizendo que algo vai mal, resposta quanto a possibilidade de um sexto evento de extinção em massa mais do que razoável, sendo que a ansiedade climática não é condição diagnosticável, especialistas em saúde mental reconhecem que a mudança climática pode desencadear resposta psicológica. Os efeitos a longo prazo da ansiedade climática não são conhecidos, potencialmente aumentam modos pelas quais afetam a saúde como as consequências das inundações. Pesquisas relatem que 45% dos jovens sentem que ansiedade e angústia relacionadas ao clima afetam suas vidas diárias e capacidade de funcionar normalmente, com especialistas reconhecendo que eco-ansiedade tem impacto crescente nas pessoas e comunidades, de acordo com a maior presença da crise no ciclo de notícias e feeds de mídia social, mas no fato que seus efeitos físicos são sentidos com intensidade crescente em várias partes do mundo.
Moral da Nota: a APA, Associação Americana de Psicologia, avisa que "o medo crônico do cataclismo ambiental que vem da observação do impacto aparentemente irrevogável da mudança climática e preocupação associada com o futuro e das próximas gerações é chamado de eco-ansiedade", ao passo que, o Medical News Today, avisa que pode resultar da consciência de um risco crescente de eventos climáticos extremos, perda de meios de subsistência ou moradia, medos pelas gerações futuras e sentimentos de desamparo. A eco-ansiedade não é listada no DSM-5, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, significando que os médicos não a consideram oficialmente condição diagnosticável, no entanto, especialistas em saúde mental, a consideram racional e usam esse termo no campo da eco psicologia, que trata das relações psicológicas das pessoas com a natureza e como afeta identidade, bem-estar e saúde. Postagens nas mídias sociais sugerem que os jovens nem sempre identificam o que sentem como ansiedade climática. Jovens portugueses foram os mais preocupados dos países pesquisados decorrente o fato de experienciarem aumento dramático de incêndios florestais desde 2017.