Segundo o 'Our World in Data', dados e pesquisas avançam afrontando questões relacionadas a vida atribuindo à poluição a morte de 7 milhões de pessoas/ano. Estudos recentes tendem encontrar número maior de mortes que os anteriores, não porque a poluição do ar em nível global está piorando, mas por evidências científicas indicando que impactos na saúde da exposição à poluição são maiores do que se pensava anteriormente. A exposição a poluentes aumenta o risco de desenvolver doenças que se enquadram em três categorias, ou, cardiovasculares, respiratórias e cânceres. Pensar nessas estimativas como “mortes evitáveis” indica necessidade de redução da poluição a níveis que não aumentassem o risco de desenvolver tais patologias letais. Estimativas mais citadas e atualizadas regularmente para o número de mortos por poluição do ar vêm da OMS e do estudo Global Burden of Disease do IHME, cujos resultados são próximos uns das outros, 7 milhões e 6,7 milhões de mortes/ano respectivamente, mortes, atribuídas à poluição interna e externa decorrendo de fontes naturais e artificiais de poluição do ar.
Uma série de poluentes têm impactos negativos na saúde, no entanto, todos os estudos se concentram na matéria particulada. O material particulado, abreviado como PM, é tudo no ar que não é gás sendo micro partículas compostas de sulfato, nitratos, amônia, cloreto de sódio, carvão, poeira mineral e água no ar. Partículas com diâmetro de 10 micrômetros, 10 milionésimos de metro ou menos, penetram nos pulmões sendo as menores partículas mais prejudiciais à saúde ou PM 2,5 podendo penetrar no sistema sanguíneo com cerca de um trigésimo do diâmetro de um fio de cabelo humano. Estudos consideram o impacto do ozônio troposférico em que o número de mortos pelo ozônio é menor que o do PM, no entanto, respondendo por centenas de milhares de mortes prematuras todos os anos. No passado, pensava-se que a relação entre exposição e consequências à saúde era menos forte, mas em estudos recentes, acredita-se que determinado nível de exposição leve à número maior de mortes que em pesquisas anteriores com a função exposição-resposta mais acentuada que se pensava antes. As funções de exposição-resposta estimada por Heft-Neal et al. em 2018 para a África é mais íngreme que a maioria dos estudos globais supõe. Para o impacto total da poluição do ar estima-se que a diminuição média da expectativa de vida por pessoa afetada é de 26,5 anos e, como média à população mundial, a perda de expectativa de vida é de 2,9 anos.
Moral da Nota: pesquisadores observam que o efeito da poluição na expectativa de vida é seis vezes maior que o causado por HIV/Aids e 89 vezes mais elevado que as consequências de guerras e terrorismo. Relatório da Universidade de Chicago indica que poluição por partículas finas reduz globalmente a expectativa de vida em 2,2 anos, comparada a um mundo hipotético atendendo diretrizes internacionais de saúde. A exposição mundial às chamadas PM 2,5 , matéria com diâmetro de 2,5 mícrons ou menos, tem impacto semelhante ao tabagismo, três vezes maior que o uso de álcool e água insalubre, conforme o Índice de Qualidade de Vida do Ar. O PM 2,5 representa ameaça tão grande que a Organização Mundial da Saúde diminuiu o que considera nível seguro de exposição de 10 microgramas por metro cúbico para 5 microgramas por metro cúbico e, com o novo parâmetro, 97,3% da população global passou à panorama da insegurança, de acordo com o relatório. Os piores impactos da exposição ao PM 2,5 são visíveis no sul da Ásia, onde se concentra mais da metade da carga total de poluição no mundo prevendo-se que moradores da região percam cinco anos de vida em média, se os países mantiverem os níveis de contaminação atuais levando em consideração estudos revelando que desde 2013, 44% do aumento global na emissão de poluentes vieram da Índia. Moradores de Mandalay em Mianmar, Hanói no Vietnã e regiões de Jacarta na Indonésia, estão sofrendo os maiores impactos e devem perder, em média, três a quatro anos de vida. Se a China começar a cumprir a diretriz da OMS os habitantes podem ganhar 2,6 anos, de acordo com o estudo. A OMS considera que mais de 97% da África Central e Ocidental é insegura pelas recentes diretrizes, nas Américas, o documento só traz dados referentes aos EUA e segundo o índice, ao cumprir orientações revisadas da organização a expectativa de vida norte-americana melhoraria em média, 2,5 meses, enquanto a dos europeus 7,3 meses.
Em tempo: estudo feito nos EUA e publicado no American Journal of Kidney Diseases (AJKD) com pacientes em hemodiálise expostos a níveis mais altos de poluição, têm mais ataques cardíacos e derrames quando comparados àqueles em condições ambientais menos insalubres.