sábado, 15 de outubro de 2022

Frequentes e Prolongadas

Pesquisa da Lancet mostra que eventos de calor extremo em 2019 levaram a mais de 356 mil mortes no mundo e, à medida que o nível de aquecimento aumenta ultrapassando pontos críticos, a escala de impacto piora com  riscos significativos à setores vulneráveis ​​da sociedade, impactando acesso e oferta de serviços de saúde com vacinas, medicamentos, alimentos perecíveis, serviços agrícolas auxiliares e centros de dados.  Garantir que o resfriamento do ar seja econômico com benefícios distribuídos na cadeia de valor, emerge o District Cooling, alternativa sustentável à sistemas de ar condicionado, conceito de acesso a refrigeração sustentável e amigável ao ambiente, como necessidade básica decorrente ao aumento do calor resultando em estresse adicional à redes elétricas sobrecarregadas. Atualmente, 17% da energia mundial é usada em resfriamento,  porcentagem que deve triplicar à 51% até 2050 à medida que a demanda por sistemas de resfriamento aumenta nos vários setores, grande parte vindo da Índia, pelo  crescimento da população e renda per capita. 

A Índia busca soluções de refrigeração sustentáveis e energeticamente eficiente, com energia verde para alcançar ambições líquidas zero e, com o resfriamento distrital, DC,  utilizado na Europa e  América, fornece água gelada produzida em planta central para edifícios através de rede de tubos isolados. Sistemas DC  podem usar fontes naturais de água como lagos, rios e água do mar para trocar calor, permitindo fornecimento de “free cooling”, ou, diminuir substancialmente o consumo de energia.  A principal vantagem do DC é o aproveitamento das economias de escala agregando demanda, eliminando necessidade de unidades AC á edifícios, reduzindo necessidade de construir capacidade de resfriamento de pico.  Sistemas DC são 20 a 50% mais eficientes em termos de energia que os sistemas AC, garantindo vazamento de refrigerante mínimo a zero, liberando espaço para melhor utilização de imóveis e permitindo redução de pico via armazenamento de energia térmica. O resfriamento distrital acelera o planejamento integrado de energia urbana e permite adoção de tecnologias inovadoras como energia geotérmica e usinas de energia renovável cativas, fornecendo demanda âncora e auxiliando na adoção de modelos de negócios progressivos como resfriamento como um Serviço, CaaS . Pode estimular economia circular para melhor uso de recursos na direção certa, contornando escassez de água nas cidades, usando água reciclada como efluente de esgoto tratado fornecido pelos municípios e utilizar calor residual industrial para produzir energia e fornecer refrigeração.  Exemplos conhecidos de sistemas DC na Índia incluem GIFT City em Gujarat, DLF Cyber ​​City em Gurgaon e o mais recente o  Hyderabad Pharma City, HPC,  com o DLF Cyber ​​City que reduziu a demanda de energia em 100 MW e economiza 36 mil toneladas de emissões de carbono anualmente.

Moral da Nota: pesquisa da Universidade de East Anglia, UEA, no Reino Unido, descobriu que mesmo o aumento de temperatura de 1,5 º C terá sérias consequências na Índia, China, Etiópia, Gana, Brasil e Egito. O aumento das temperaturas globais pode levar a secas mais frequentes e duradouras na Índia, ao mesmo tempo que representa riscos significativos à  pessoas e ecossistemas no mundo. O estudo, publicado na revista Climatic Change, quantificou impactos projetados de níveis de aquecimento global sobre a probabilidade e duração de secas nos seis países, ressaltando que  “promessas atuais à mitigação das mudanças climáticas, que ainda devem resultar em níveis de aquecimento global de 3º C ou mais, impactariam os países neste estudo”. Descobriu que atingir a meta de longo prazo do Acordo de Paris limitando aquecimento a 1,5 º C  acima dos níveis pré-industriais, deve beneficiar todos os países neste estudo. Atingir a meta reduzirá exposição à seca severa à grandes porcentagens da população e nas principais classes de cobertura da terra, com o Egito potencialmente se beneficiando mais que Brasil e China, o dobro na Etiópia e Gana e ligeiramente na Índia. Em cenário de aquecimento de 2 º C a probabilidade de seca é projetada para quadruplicar no Brasil e China, dobrar na Etiópia e Gana, atingir mais de 90% de probabilidade no Egito e quase dobrar na Índia, ou, probabilidade de seca projetada para ocorrer no Brasil e China de 30-40 % ; 20-23 % na Etiópia e Gana; 14 % na Índia e quase 100 % no Egito. Já em cenário de aquecimento de 4 º C a probabilidade de seca projetada no Brasil e China é de  50%,  27-30% na Etiópia e Gana;  20% na Índia; e 100 % no Egito. Observa aumento projetado na probabilidade de seca se eleva linearmente com o aumento da temperatura, exceção ao Egito onde quantidades de aquecimento global potencialmente levam a grandes aumentos na probabilidade de seca. A porcentagem de terra projetada para ser exposta a seca severa de mais de 12 meses em um período de 30 anos aumentará rapidamente pelo cenário de aquecimento de 1,5 º C no Brasil, China e Egito e em áreas de neve e gelo permanentes na Índia.