Países da OCDE e economias parceiras aumentaram gastos públicos em medidas de recuperação verde à US$ 677 bilhões, insuficiente nos efeitos transformacionais necessários para enfrentar a crise ambiental e reconstruir economia mais inclusiva, correspondendo 21% dos valores alocados à recuperação econômica da COVID-19, significando que 79% desse financiamento não considera dimensões ambientais ou reverte o progresso em algumas delas. O aumento orçamentário à medidas de recuperação ambientalmente positivas à US$ 677 bilhões nos próximos anos é quase o dobro do total alocado à medidas com impactos ambientais negativos ou mistos, conforme o Banco de Dados de Recuperação Verde da OCDE, ofuscado pelo apoio do governo aos produtores e consumidores de combustíveis fósseis. Em 2020 o G20 e economias emergentes gastaram mais de US$ 345 bilhões em subsídios a combustíveis fósseis, conforme estimativas da OCDE-AIE com risco de minar esforços de transição ao crescimento mais sustentável, daí, considerar que 79% dos gastos de recuperação não podem ser considerados ambientalmente neutros pois 10% são marcados como mistos ou negativos ao meio ambiente, e os 69% finais embora não marcados como com impactos ambientais diretos, suspeita-se de sua benignidade ao ambiente, daí, apontar à recuperação voltada ao business-as-usual longe da necessária transição verde.
O Banco de Dados de Recuperação Verde da OCDE se concentra em medidas de esforços na recuperação econômica da COVID-19 com impactos ambientais positivos, negativos ou “mistos” em diversas dimensões ambientais, contendo 1380 medidas de relevância ambiental, espalhadas por 44 países e UE, cobrindo dimensões ambientais para além de energia e clima, incluindo poluição do ar e plásticos, água, biodiversidade e gestão de resíduos. Representam subvenções ou empréstimos representando 39% das 1 380 medidas da base de dados, reduções de impostos ou subsídios, 19% do total, e alterações regulamentares, cerca de 14%, com 60% das medidas ecológicas específicas do setor com energia e transportes de superfície, de longe os mais direcionados, em termos de número de medidas como financiamento, uma vez que esses setores respondem pela alta proporção das emissões de GEE e muitas vezes bons candidatos à implementações rápidas como projetos de eletricidade renovável e infraestrutura de veículos elétricos. A mitigação de mudanças climáticas e poluição do ar envolvem dimensões ambientais mais afetadas pelas medidas de recuperação monitoradas, com 90% e 64% do financiamento afetando-as positivamente ou negativamente, sendo que outras dimensões ambientais apresentam menor intensidade. A biodiversidade responde por 11% do financiamento alocado, com água mal representada, respondendo por 5% das medidas positivas de financiamento além de lixo e reciclagem quase não representados.
Moral da Nota: recuperação verde é pequeno componente dos gastos totais de COVID-19, 21% dos gastos de recuperação, ou 4% dos gastos de resgate e recuperação de US$ 17 trilhões combinados, com Fundos significativos alocados à medidas com prováveis impactos ambientais negativos e mistos. A distribuição desigual de medidas nos setores aponta à oportunidades perdidas no impulsionar sustentabilidade e transformação em setores-chave como agricultura, gestão de resíduos e silvicultura, necessitando investimentos em habilidades e inovação. Poucas medidas de recuperação se concentram em treinamento de habilidades e inovação em tecnologias verdes, representando oportunidade perdida para compensar a perda de empregos em indústrias, buscando garantir “transição justa”.