sábado, 4 de setembro de 2021

Colapso da colônia

Pesquisa de Cingapura e China publicada na revista Current Biology mapeou a distribuição das 20 mil espécies de abelhas no planeta, auxiliando na conservação já que somos dependentes para polinização de plantações. A pressão sobre elas tem levado a queda da população consequente à perda de habitat e uso de pesticidas, com o detalhe que as abelhas fornecem serviços essenciais ao ecossistema principais polinizadoras dos alimentos básicos. Pouco se sabe sobre a variedade de espécies nos continentes, exceto Antártica, onde desde minúsculas abelhas sem ferrão até abelhas do tamanho de um polegar são conhecidas. Existem 16 mil espécies conhecidas em sete famílias, algumas vivendo em colônias, enquanto outras são insetos solitários e muitas culturas em países em desenvolvimento dependem de espécies nativas e não de produtoras de mel.

O estudo compara dados sobre o aparecimento das espécies de abelhas, com lista de verificação de mais de 20 mil compilada por cientistas da National University of Singapore. Confirma que, ao contrário de outras criaturas como pássaros e mamíferos, as abelhas são encontradas em áreas secas e temperadas longes dos pólos em ambientes tropicais próximos ao equador, exisitindo mais no hemisfério norte que no sul em pontos quentes dos EUA, África e Oriente Médio. Em florestas e selvas são encontradas mais que em ambientes desérticos, porque as árvores fornecem menos fontes de alimento às abelhas do que plantas e flores.

Moral da Nota: populações de abelhas sofrem na Europa e América do Norte com o fenômeno conhecido como "problema do colapso da colônia", em que um número considerável de operárias desaparece abruptamente da colmeia sendo a causa exata do fenômeno desconhecida, acreditando-se que seja combinação de fatores incluindo vírus e pesticidas. Devido ao declínio alarmante de populações, especialmente EUA e Europa, graças a estudos que afirmam seus serviços ecossistêmicos incluindo capacidade de aumentar em 25% a produção agrícola representando 90% da polinização por um vetor animal. A maior ameaça é a perda do habitat natural, mudanças climáticas e aumento da temperatura, inundações e secas, práticas agrícolas inadequadas, além do avanço das cidades e redução dos espaços florestais significando menos flores. Através da polinização se dá a transfência de pólen da parte masculina da planta à feminina, ou de uma planta à outra da mesma espécie, resultando em sementes que formam frutas e vegetais que consumimos. O café de altitude cresce acima de 900 metros, autofecundado como  alimentos básicos como trigo, arroz ou milho polinizados pelo vento, enquanto os demais ricos em micronutrientes dependem das abelhas. Das 20 mil espécies cerca de 20 são usadas para polinização em plantas, utilizadas como biocombustíveis canola e óleo de palma, fibras de algodão, plantas para uso medicinal e ecossistemas como florestas essenciais à preservação dos recursos hídricos. Sem polinização a segurança alimentar não está em risco, mas a segurança nutricional sim, cuja polinização não é apenas crucial aos alimentos é vital à reprodução de plantas, utilizadas na alimentação de gado e animais da cadeia alimentar além da manutenção da diversidade genética de plantas com flores.