sábado, 24 de abril de 2021

A próxima ruptura

A próxima ruptura se insere na megatendência global da energia alternativa com investimento em renovável crescendo cinco vezes desde 2004, mostrando mudanças no fluxo de capital ao seu desenvolvimento com amplas implicações no futuro. O novo presidente dos EUA leva o país ao mundo pós-carbono via “equidade e inclusão econômica”. A expectativa é Índia, China e em menor medida, Rússia e Brasil fazerem o mesmo tornando o clima sua causa mais popular. O cancelamento da construção da nova fase do oleoduto Keystone XL de Alberta ao centro-oeste e a proibição temporária de perfurações de petróleo e gás em terras federais, não interrompe a mudança climática nos EUA ou em qualquer outro lugar.

No livro “O Prólogo: megatendência de energia alternativa na era da grande competição de energia” Alexander Mirtchev, vice presidente do Atlantic Council, define energia alternativa como megatendência no que se refere à segurança nacional, alavancando  países no contexto da luta de poder entre Ocidente e China. Chamado de “inovador” por Richard Evans, ex-CEO da empreiteira de defesa BAE Systems, considera obra-prima do setor de energia do futuro. Avalia a política de energia como tecno-econômica, sócio-política e ideologicamente orientada e quem crer, segundo o autor, em planeta condenado será favorável ao cancelamento em Keystone, fim da perfuração de petróleo e da produção de energia a carvão, aos moinhos de vento, painéis solares e veículos elétricos, concluindo que quem não estiver preocupado com a inabitabilidade do planeta em uma geração obterá tais fatos de qualquer maneira. A capacidade incerta da megatendência em desempenhar papel estratégico na segurança econômica global, leva Mirtchev avaliar que as tecnologias de energia alternativa prometem soluções para livrar o mundo dos temores das mudanças climáticas. Sob a perspectiva econômica, o autor fala que novas tecnologias “ajudam estabilizar o sistema econômico global, sustentando e criando fontes de crescimento e otimizando o desenvolvimento”. Quanto a energia como questão de segurança, o autor fala em transição à economia pós-carbono com estabilidade, pelo nível de certeza quanto à disponibilidade de recursos “o que é benéfico, já que quanto maior a incerteza menos racional é o comportamento dos participantes do mercado”. Mirtchev não esclarece nada aos questionamentos sobre empregos e locais de ciclo virtuoso da economia, lembra que muitas das cadeias de abastecimento de combustíveis alternativos estão na Ásia especialmente China. Avisa que a Vestas, fabricante holandesa de turbinas eólicas, será majoritariamente abastecida em suprimentos pela China ou sob seu controle. A Tesla tem sua segunda maior fábrica de baterias em Xangai, daí entender que a empresa deve aproveitar a proximidade da cadeia de abastecimento de lítio e produzir baterias por lá. A Alemanha terceirizou suas fontes tradicionais de energia com o carvão à Polônia e nuclear à França, desligando usinas nucleares e conectando-se em plantas eólicas e solares com o detalhe que 50% da eletricidade a partir de fontes não fósseis receberam em 2015 alguma forma de subsídio. 

Moral da Nota: em “Under the Dome” de Al Gore, a repórter da CCTV revela problemas respiratórios da filha pela poluição em Pequim, informando que no banheiro do hotel há máscaras contra poeira caso o céu fique cinza pela fuligem das partículas de carvão. Há duas décadas se disputa energia a renovável como o caso da BP, British Petroleum, informando que BP passou a significar Beyond Petroleum e da Royal Dutch Shell que está investindo em plantas eólicas após sair da energia solar. A Tesla, presente em pequenas cidades dos EUA está em franca expansão e em 15 anos, carros a gasolina serão vistos por lá em feiras de carros clássicos. EUA, Europa e China são foco de negócios e mercados buscando a transformação energética, sendo que os mercados de capitais se formaram em torno de energias renováveis com índices de ações atrelados ao desempenho do setor, como o S&P Global Clean Energy Index ou o Nasdaq Clean Edge Green Energy Index além de Schroders e BNP Paribas, bancos de investimento, proclamarem status verde. Vale lembrar que nos EUA a fila andou parecendo que seguirão passos europeus com vistas a preocupações do governo Biden com mudanças no clima. Mapear e reconstruir o mercado global de energia envolve governos como o caso da China e de acordo com a Agência Internacional de Energia Renovável, a participação direta do investimento público variou entre 12% e 16% do total do setor em média US$ 40 bilhões entre 2013/2015, antes de cair para 8% em 2016 ou US$ 21 bilhões.