sexta-feira, 17 de maio de 2019

Rachadinha

Relatório da ONG OpenNet Initiative 'Liberdade na Rede' indica que dos 194 países da ONU, 50 censuram conteúdo na Internet em meio a crescente adesão à lista de inimigos da liberdade de expressão. O Repórteres Sem Fronteira, ONG defensora da liberdade de imprensa, identifica os que mais restringem e reprimem usuários da internet: Reino Unido, Rússia, China, Índia, Coréia do Norte, Arábia Saudita, Cuba, Irã, Paquistão, Síria, Bahrein, Bielorrússia, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Sudão, Turcomenistão, Uzbequistão e Vietnã.
A China através do Golden Shield, Great Firewall, encorajou seus empresários a criar aplicativos locais dando origem ao Baidu o Google chinês, Weibo o Twitter chinês, WeChat semelhante ao Facebook, Instagram e WhatsApp, além de Alipay o Paypal chinês e o Youku similar ao YouTube, tudo devidamente censurado em relação ao que o governo considera inapropriado. A censura e o consequente isolamento buscam minimizar influências do exterior sem a evidente contrapartida, isto é, todas as aplicações chinesas são visíveis na Internet global. A justificativa é embasada aos casos de ameaça externa em que o país teria elementos de infra-estrutura para manter seu próprio segmento, independendo da Internet externa como raízes do DNS global, mensagens ou outros serviços. Por sua vez, os russos propuseram a Lei de Segurança de RuNet para implantar Grande firewall e DNS típico, com isto, segundo eles, conseguir independência do segmento russo da Internet, a RuNet. A restrições não são totais, tendem a segmentos independentes com censura e vigilância da net com foco político, social, religioso e não comercial. A tendência pelo controle do conteúdo e a capacidade de rastrear o usuário é evidente podendo levar a consequente fragmentação. 
Moral da Nota: o Parlamento europeu discutiu a questão em meio ao forte Lobby das empresas de mídia, quem sabe reservando mercado ou de modo velado e profissional privatizando, segundo eles, para combater a disseminação de notícias falsas. Talvez daria a mídia corporativa via agências de notícias, propriedade e imparcialidade sobre a verdade como se nas redes sociais só disseminassem falsidades. Lembrar que a disseminação de notícias falsas é estratégia de desconstrução da verdade, passível de correção. Uma coisa é apologia da violência ou desrespeito à leis promovendo desordem, outra, é a liberdade de expressão. Não há evidências de bloqueio nos mercados de criptografia já que em países com censura de conteúdo, o declínio da moeda local estimula comércio internacional com criptoativos servindo de abrigo à desvalorização de patrimônio. A Binance, Bitfinex e outras Fintechs chinesas estão livres para voar, na Rússia o termo criptomoedas foi substituído por 'direitos digitais'. Nos países com travas à criptomoedas pelo monopólio da moeda fiduciária nacional e consequente negociação com bancos tradicionais, deixam o usuário livre à negociação com Fintechs. Bolsas locais podem operar nos mercados LocalBitcoins, descentralizados ou com países sem restrições legais desde que cumprindo leis e estruturas regulatórias.  
Em tempo: o noticiário noturno de maior audiência nos EUA mostrava nítida vantagem militar americana no Vietnã, sempre enfatizando "o sacrifício dos nossos rapazes em prol da liberdade". Teve dificuldades por conta de certo descrédito ao noticiar a ofensiva vitnamita do TET, divisor de águas ao lançamento de helicópteros americanos no mar. Não muito depois, o Gen Geisel denunciou o acordo militar Brasil/EUA.